Eu tenho um irmãozinho

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Ilaria pov.

- Você quer que eu leia ou prefere ler sozinha? – eu olhei para o envelope branco a minha frente, e depois ao redor, as paredes de vidro da sala de reunião denunciavam que eu não estaria "sozinha".

- Acho que é melhor fazer isso sozinha. – eu falei para o senhor Cavill que me lançou um sorriso amável e compreensivo.

- Eu estarei tomando um café Ilaria, tome o tempo que precisar.

- Obrigada. – eu abri um sorriso e coloquei a mão esquerda em cima do envelope.

Fazia três semanas que eu havia voltado para Londres, havia deixado uma vida em Boston para a qual eu não sabia quando voltaria para passar os últimos dias ao lado do meu pai.

- Por que você está fazendo isso comigo? – eu sussurrei para a carta como se estivesse sussurrando para o meu próprio pai. – Acabe logo com isso. – eu disse a mim mesma como meu pai costumava me chamar, tomei fôlego e abri o envelope retirando um papel dobrado de dentro e reconhecendo a caligrafia do meu pai.

"Querida Ilaria,

Acho que eu nunca fui tão formal com você quanto com esse 'querida Ilaria', mas eu não sabia como começar uma carta de despedida. Você sabe que eu não queria que você viesse, porque não queria que me visse como estou, queria que tivesse a melhor versão de mim, mas eu confesso que fiquei feliz que você tenha vindo, me confortou passar os últimos dias com você.

Não preciso te falar nessa carta sobre o que te deixei de material, isso nunca foi o importante entre nós, o que eu quero te dizer é apenas que eu amo muito você, que nunca poderia ter ficado mais orgulhoso da mulher que você se tornou e só me arrependo das coisas maravilhosas que você vai fazer e as quais eu não terei a oportunidade de ver, fisicamente, mas em compensação eu estarei ao lado da sua mãe acompanhando tudo o que você estará fazendo, então se comporte e, por favor, me dê algum sinal se for 'sexo'.

Talvez o que eu vou te dizer agora a faça me odiar, ou pelo menos ficar irritada, mas eu preciso compartilhar um segredo com você. Talvez você queira deixar para lá, eu não vou te culpar, mas eu queria muito que você colocasse todo o amor que eu te dei nisso: você tem um irmão. Jurei que iria te contar quando fosse a Boston, inclusive iria com ele, mas eu fiquei doente e não consegui.

Ele é um garotinho maravilhoso e me lembra muito você, por favor Ilaria, não o afaste! Eu não tive tempo de ser um pai para ele e nem de dar todo o amor do mundo a ele, por isso te peço que faça isso por mim. Espero que me perdoe pela forma como estou contando e que não o afaste.

Te amo demais e mal posso esperar pelas coisas que você vai fazer!

Com amor, papai!"

Abaixei a carta anestesiada com tudo aquilo e uma falta de ar repentina me abateu, fazendo com que eu saísse correndo da sala e batesse com tudo no corrimão que levava a escada, a falta de ar ficou piro e eu fui obrigada a sentar no degrau da escada ofegante tentando tomar a maior quantidade de ar que eu conseguia, mas nada surtia efeito, meu peito parecia vazia e eu parecia me afogar na falta de ar, eu sabia o que aquilo significava e do que eu precisava, mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa meus olhos se fecharam e eu apaguei.

Fui acordar horas depois deitada na cama de um quarto gelado e a meia luz, enquanto duas vozes tagarelavam sem parar, minha cabeça explodia e quando eu puxei o braço senti uma leve dor, olhei para o lado e percebi que estava no hospital.

- O que eu....

- Senhorita Holland. – uma enfermeira com talvez a minha idade praticamente brotou ao meu lado, ela estava envergonhada, mas eu não sabia o porquê.

Tudo Que Eu Nunca Pedi || Henry CavillWhere stories live. Discover now