Pokemon Isekai - Vol. 1

Seja bem vindo ao Novo Mundo!

— Jailson da Silva Bezerril...

Eu escutei o chamado, assustei, e então lembrei que existia. Quando dei por mim, notei que estava em um lugar completamente escuro, a exceção de um cônico facho de luz que vinha de cima, terminando onde parecia ser o chão.

— S-sim, sou eu... Acho... - Eu ainda estava meio grogue e sem entender como fui parar ali. Bêbado eu sei que não estava, desde que casei nunca mais tomei nem mesmo uma cerveja.

— Sente-se, por favor...

De repente havia uma cadeira sob o facho de luz e eu estava sentado.

— Ô, não é por nada não, mas eu acho que você podia me explicar por que...

— Senhor Jailson, o senhor acabou de falecer...

— Aham, e a Terra é plana... – Ironizei – Vamos parar com isso, que tá feio? Isso é pegadinha, né? Cadê a câmera escondida?

— Lamento informar que não se trata de uma peça, engodo ou mentira. O senhor infelizmente acabou de falecer e por isso está aqui em minha presença.

— Home, deixe de rodeio que minha paciência é pouca, ainda mais quando eu sei que tem alguém tentando me fazer de besta... – Levantei – Ou você para com essa palhaçada, ou eu vou ter que partir pra ignorância!

— Então responda-me, senhor Jailson... – Disse a Voz – O que fazia antes de vir para cá?

— Ora, eu...

Refiz mentalmente meus passos enquanto relatava: Era um domingo, aniversário do meu filho. Eu deveria ter comprado o presente dele no sábado a noite, mas esqueci devido ao stress na saida do trabalho. Resolvi sair cedo, pra tentar comprar e voltar antes do meu moleque acordar. Queria ver a alegria no olhar dele quando visse o presente, o novo jogo de Pokemon.

Desde pequeno Pokemon é meu jogo favorito, eu sabia de cor os nomes de todos até a segunda geração. Depois de grande eu perdi um pouco o interesse, mas nunca deixei de gostar. Foi por minha causa que meu moleque passou a amar Pokemon e hoje em dia ele sabe mais do que eu.

Imaginando a felicidade dele ao abrir o pacote, eu me distraí pela nostalgia e esqueci que estava dirigindo. Esse foi meu erro. Eu me lembrei...

— Não...

Eu não vi o farol vermelho no cruzamento perto do rio, e só notei o caminhão vindo pela tangente quando era tarde demais. Eu desviei pra não bater o veículo, mas acabei jogando meu carro pra dentro do rio.

— Não!...

Eu lembro que tentei sair, mas o cinto não desprendia. Quando senti a consciência ficando turva, ouvi o chamado e me vi neste lugar.

— Acredita agora?

— Home, deixe de guerra! – Meu típico sotaque natalense voltou com a força do desespero que bateu na hora – Faz isso não!

— Lamento, mas é verdade... – Disse a voz

Eu já estava ficando sem esperanças quando ele continuou:

— No entanto, se o senhor está aqui, é porque ainda há uma esperança...

— Então desembucha ai, home, que eu quero voltar pra casa!

— Eu tenho poder para enviá-lo de volta, para um tempo antes de toda a cadeia de erros que se sucederam, levando ao presente infortúnio. Mas haverá um preço para tal.

— Se for dinheiro, esquece... Eu esperava que o Giro Comes fosse eleito pra tirar meu nome do SPC, mas nem deu, por isso...

— Não se trata de dinheiro, Senhor Jailson... Trata-se de pagar uma vida com outra.

— Oi?

Apesar do meu espanto, a Voz ainda soava serena de um jeito que me incomodava:

— O preço para retornar à sua vida anterior é viver uma vida inteira em outro lugar...

— O que eu quero saber é: Eu vou poder ver meu filho depois disso?

— Sem a menor sombra de dúvidas... O senhor não se lembrará de nosso encontro e, quando tudo tiver acabado, não será mais do que um sonho...

— Então fechado, eu aceito! – Empolguei – Então, onde vai ser?

— Quando criança o senhor desejava uma aventura... O lugar para onde irei enviá-lo será um onde o senhor terá a aventura que sempre desejou...

— Espera... – Comecei a ligar os pontos – Você vai me mandar pra o mundo de Pokemon?!

— Posso enviá-lo a outro lugar, se preferir...

— Não, não! Está ótimo!

Por dentro eu estava eufórico! Minha vida inteira finalmente passou a fazer sentido! Eu finalmente poderei sair em uma jornada Pokemon, viajar pelo mundo e me tornar um mestre pokemon! E mesmo que eu estivesse um pouco triste com a possibilidade de demorar a rever o rosto do meu filho, eu não poderia deixar de me sentir alegre pelo sonho da minha vida se realizar assim. Meu filho vai continuar sendo a parte mais importante da minha vida, mas essa vida nova eu pretendo aproveitar ao máximo!

Eu estava tão animado com a possibilidade de me tornar o melhor de todos que nem escutei mais o resto do que mais essa Voz do além me disse:

— Temos um acordo, senhor Jailson?

— Só temos! – Eu respondi – Agora vamos logo com isso que eu tenho pressa!

— Então assim será feito...

— Arroche! Alias... Quem é você mesmo?

— Não se preocupe em saber meu nome, pois quando tentar se lembrar, sentirá que há algo... Faltando...

Eu não entendi bulhufas do que ele quis dizer com isso, só sei que em dois tempos eu era içado por uma força invisível e crescente, como se fosse ejetado para cima.

— Um mundo de aventuras me aguarda! – Eu falei para mim mesmo

Minha consciência ficou bagunçada e um intervalo considerável de tempo transcorreu, sem que eu pudesse entender o que se passava. Abri os olhos, uma forte claridade agrediu minha visão, eu tentei me mover e, com algum custo consegui.

Olhei para cima, vi que estava cercado por um pequeno bando de Pikachus, tão mais altos que eu, que me deixou confuso. Eu tentei xingar em meu espanto, mas só ouvi um:

— Piiiiiii!!

Eu caí para trás sem equilíbrio e notei que um dos Pikachus me lambia. Foi então que eu percebi minha situação: Meus bracinhos, meus pezinhos, minhas orelhas e minha cauda eram diferentes de antes. Eu acabei de nascer.

Eu não sou mais um ser humano. Eu sou um Pichu!!