Sinto minhas bochechas esquentarem com a raiva que crescia dentro de mim.

— E como eu sei que não vai fazer? Como eu sei que quando voltarmos para São Paulo você não vai se arrepender e querer sua vida de solteiro de volta? — pergunto. — Eu juro por Deus e por tudo o que é mais sagrado André, que eu não vou nunca mais ser a mesma!

— Tudo bem, eu sei que mereço, eu prometo que...

— Você não pode prometer isso. Você não pode ter certeza do que vai fazer amanhã ou até a sua vontade de liberdade te mostrar que não é estar preso a um relacionamento com uma garota sem graça que conhece a vida toda que você quer, você vai querer mais André, eu sei que quer...

— Eu tenho certeza! Eu sei do fundo do meu coração que eu nunca senti por ninguém o que eu sinto por você. Tudo o que eu quero é você.

Mas que droga, por que eu tenho que sentir como se a errada fosse eu? Sacudo a cabeça e me afasto dele entrando no banheiro e me trancando ouvindo-o bater na porta.

— Me deixa em paz! — grito com as mãos tapando meus ouvidos.

Em seguida abro o chuveiro para não ouvir sua voz. Ele desistiu e o som de sua voz cessou. Entretanto minhas lágrimas não desistem de cair descontroladas.

Saio do banheiro e constato que André não está mais no quarto. Começo a me arrumar decidida que mesmo se eu não conseguisse, eu pelo menos tentaria buscar outro caminho que não me levasse direto para ele.

Coloco um biquíni branco e um vestido floral, arrumo uma bolsa com roupas e toalhas, produtos que poderia precisar para higiene e fico esperando o Matheus na sacada do quarto que dava uma boa visão de quando ele chegasse.

Não demora muito e vejo a lancha se aproximando, pego minha bolsa e saio rapidamente para receber o Matheus. Eu estava ansiosa por um dia longe de todo mundo, principalmente do André que me tirava o juízo. Antes que o Matheus saísse do barco eu já estava entrando nele, joguei a bolsa no sofá e dei um abraço e um beijo em seu rosto.

— Gostei da recepção — seus olhos claros emoldurados por cílios escuros, sua boca perfeita exibia um sorriso que deixaria qualquer garota de quatro, eu estava encantada com seu sorriso.

— Vamos logo sair daqui antes que apareça alguém para atrapalhar o nosso dia — falo olhando nos seus olhos.

— Você quem manda.

Matheus manobra a lancha e saímos para o mar, eu estava disposta a fazer o dia ser perfeito, iria afastar os pensamentos deprimentes que me seguiam por esses dias. O Matheus é uma ótima companhia e eu faria valer a pena estar ao seu lado. Já estávamos bem distantes da casa, de longe víamos várias ilhas, a beleza daquele lugar era impressionante, o azul da água se misturava com o azul do céu deixando o lugar mais lindo ainda.

— Lindo!

— Obrigado, você também é linda — fala com tom de brincadeira. Eu rolo os olhos e balanço a cabeça de um lado para o outro.

— Nossa, que convencido! Estou falando da paisagem, do lugar, da cor do mar, e não de você.

— E eu fiquei triste por não ter se rendido ao meu encanto e nem aos meus lindos olhos azuis. — Seu tom é de falsa tristeza me deixando perceber que ele não falava sério.

— Então, você me chamou para almoçar, o que vai fazer a respeito senhor encantador? — Ele aponta para a entrada da lancha.

— Por favor, senhorita — vou na direção indicada. Quando passo por ele, faz uma reverência engraçada. Dentro do barco tem uma pequena cozinha, uma sala e um corredor que deveria ser os quartos, sigo para a cozinha estilo americana. Na mesa tem alguns petiscos, salada, um vinho no gelo e no centro da mesa um réchaud, o cheiro estava ótimo.

Mais uma chance - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora