Tentativas · 13

124 14 0
                                    

No dia seguinte acordei com o rosto inchado de tanto chorar. Compartilhar a dor do Lorenzo me deu mais garra para descobrir a verdade. Assim que me preparei para o dia que se segue, encontrei o meu pai lendo as notícias. Fazia tempo que não o encontrava em casa, era a oportunidade de descobrir sobre o passado.
- Bom dia pai, me acompanha no café? - sorrir
- Bom dia filha, eu amaria mas já me alimentei nesta manhã.
- Por Favor pai, faz um tempo que não tomamos café juntos.
- Tudo bem, talvez seja uma boa ideia reforçar o café. - ele sentou ao meu lado na mesa
- Obrigado. ⠀⠀
- E quanto aos preparativos para o casamento?
- Ainda não conversei sobre isso, mas não há o que me preocupar sei bem que a mamãe já deve tá adiantando isso.
- É provável.
- E o funeral? Como terminou?
- Com muitas lágrimas e flores. ⠀
- Pai! - fiquei surpresa com a reação fria dele, já que eles haviam alegado ser amigos
- Percebi que você saiu mais cedo, algum problema?
- Não foi nada grave, apenas me desentendir com o Conrado.
- Vai se preparando, em um casamento o desentendimento faz parte da rotina.
- É que é complicado, tenho pouco tempo para desenvolver sentimentos por ele. ⠀⠀
- Mas parece que para ele isso não foi um problema.
- Justamente, eu sei que já fui muito apaixonada por ele na adolescência mas as coisas mudaram. Não sei se serei capaz de sentir o que tive com ele um dia.
- Talvez esse seja o problema, você não precisa recuperar sentimentos pedirmos e sim desenvolver novos. Encare o Conrado com um amigo por qual você acaba de descobrir que está apaixonado por você.
- Eu vou parar de tentar gostar dele, vou deixar as coisas acontecerem. ⠀
- É o mais sábio a fazer. Quando você disse que havia se desentendido com ele, porque havia se irritado a ponto de ir para casa se você nem gosta dele?
- É uma bola de neve, eu deveria não ter me importado mas fiquei tão irritada. Eu não acredito nisso, eu fiquei com ciúmes. - espantada com a conclusão derrubei o copo de suco
- Calma querida. - meu pai rir ao se divertir com a situação
- Vejo que é bem entendido nesses assuntos do coração, isso tudo se deu a experiência com a mamãe? Você foi o primeiro amor dela? - minha pergunta havia desmanchando o sorriso dele ⠀
- Não sou experiente nesse assunto, quanto a sua mãe não podemos negar o quanto ela era e é linda. Isso dá uma noção do quão acirrada foi a disputa pelo coração dela. - meu pai mostrou uma foto que ele carregava no bolso da sua roupa.
- A mamãe era linda e o tempo só fez bem a ela. Mas o bom é que você ganhou o coração dela nessa disputa, então valeu apena.
- Não filha, o tempo não só a deixou mais bonita como me fez perceber que o coração da sua mãe sempre pertenceu a ela mesma. Agora eu tenho que ir, conversamos depois está bem?
- Claro pai.

Era costume após nos despedir ganhar um beijo na testa do meu pai, mas dessa vez ele quase não olhou nos meus olhos e saiu. Minhas perguntas devem ter sido mais profundas do que eu imaginava. Assim que concluir o café procurei pela ama para saber sobre a minha mãe, mas como a encontrei cochilando não a acordei. Sei o quanto ela trabalha nessa casa, a ama merece descanso. ⠀
⠀⠀ Sentei me no jardim para ler um livro enquanto a esperava acordar. Um som de violão invadiu suavemente o meu espaço, eu reconhecia aquela música mesmo que só tivesse escutando o toque. Lembranças dá época em que passeava com o Conrado surgiram em minha mente de acordo o som ia se aproximando.
- Eu sei que é você. - me recusei a virar para olha-lo atras de mim
- Sei que está chateada, e tem razão para isso. - Conrado se aproximou
- Ela disse que não te deixaria em paz, na conversa que vocês tiveram não parecia que era apenas sentimentos não correspondidos. Vocês tiveram algo um dia e talvez ainda goste dela.
- Aconteceu após minha viagem ao exterior, a Elisa estava fazendo uma viagem de intercâmbio.
- Aprendendo uma nova língua.
- Eu sei bem o que você quer dizer com isso. - ele rir - Mas o que houve entre eu e ela nem se compara ao tivemos, e ao que sinto por você. Ninguém me faz sentir tão vivo como você faz, as vezes eu penso que as responsabilidades vai me fazer pirar como aconteceu com o meu pai, aí você aparece e me faz viver um dia de cada vez.
- Eu lembro que esse foi um dos motivos que levou você a ir estudar no exterior. O que aconteceu com o seu pai, ele não "pirou". ⠀⠀
- Não se engane, minha mãe fez questão de espalhar a mentira de que ele havia se contaminado com um vírus incurável porque estava lidando com muita coisa e obteve fraqueza.⠀
- Mentira?
- Meu pai se suicidou Cata, ele era fisicamente saudável. - por um momento esperei que o Conrado começasse a chorar assim como o Lorenzo, mas nada indicava que isso aconteceria. Eram duas pessoas com feridas, e lidavam com elas de uma maneiras totalmente diferente.⠀
- Eu sinto muito. - seguirei sua mão que estava com o anel, automaticamente sentir meu coração acelerar. Era como se eu não soubesse o que fazer. - Se você tivesse me contado a verdade eu jamais teria o deixado partir.
- O que seria da sua mãe cuidando de duas crianças? Minha mãe jamais deixaria eu ficar e correr o risco de contar a verdade a todos.
- Então enquanto você lidava com isso você conheceu a Elisa, ela meio que te ajudou a lidar com essa dor.
- Poderia ser verdade, mas não foi bem assim. Agora só três pessoas sabem que foi um suicídio e não uma doença.
- Você confia mesmo em mim.
- De olhos fechados, não tenha dúvidas. - ainda segurando a sua mão permitir que o Conrado se aproximasse, seus lábios quentes tocaram os meus suavemente era como se não houvesse nada além daquele momento. Foi a primeira vez que deixei de pensar em tudo que tenho para resolver, naquele instante pouco me importava os problemas. - Me desculpa por não ter te contado, eu não devia ter escondido isso de você. ⠀
- Está tudo bem agora. - encostei minha cabeça ombro dele, senti seus dedos suaves acariciar os meus
- É muito bom ver isso no lugar novamente. - Conrado se referiu ao anel

Sei que era a oportunidade perfeita para contar o que tenho feito com a ajuda do Lorenzo, assim como também esclarecer o porquê de não ter estado com ela quando o encontrei. Mas as palavras simplesmente não saíram, era como se eu fosse uma farsa. Conrado confiava em mim plenamente e eu não conseguia fazer o mesmo.
- Olha eu sei que você não gosta dessas coisas, mas...
- Onde eu preciso ir? - era o óbvio que era um assunto do reino
- Minha coroação ocorrerá amanhã.
- Isso é ótimo! Você deve estar muito feliz com isto.
- Não sei ao certo, a coroa não traz apenas felicidades. Ela vem acompanhada de responsabilidades e preocupações.
- Mas eu estou aqui, esqueceu? Sou sua rota de fuga.
- Minha rota de fuga. - ele me beijou novamente duplicando as sensações que eu havia sentido.

Antes de pegar no sono passei a noite pensando nos detalhes do dia seguinte, eu estava nervosa e isso era perfeitamente normal. Seria um dia importante para o Conrado, e sei o quanto ele merece estar nesse lugar. ⠀⠀
Quando a luz do sol invadiu o meu quarto esperei que a minha mãe surgisse com várias opções de vestimentas, mas não foi assim. Logo a ama veio me preparar. Pela primeira vez tive a liberdade de escolher o que vestir, e por mais que isso seja muito bom eu estava preocupada. Quase não via a minha mãe e o sumiço dela me atormentava, ela escondia algo e eu precisava saber o que era.
- Ama, tem algo que eu preciso saber em relação ao passado.
- O que seria?
- Sobre a mamãe, houve outro homem além do meu pai na vida dela?
- Perguntas como essa eu não posso responder.
- Não precisa se preocupar em manter a boa aparência de boa mãe que ela finge ter. ⠀⠀
- Ela é uma boa mãe.⠀
- Eu preciso saber a verdade ama, e você é a única pessoa que ousaria me dizer. Por favor, me ajude.
- É natural que uma mulher linda atraia a muitos admiradores.
- Então não foi só um homem.
- Converse com ela, além do mais isso faz parte de um passado bobo. Deveria se preocupar com o presente, como está ao saber que hoje você irá conhecer a sua sogra?
- Minha sogra?
- Ouvir boatos de que a mãe do Conrado vai fazer uma presença surpresa para ele.
- Meu Deus! Eu não parei para pensar nisso, é claro que a mãe dele estará presente na coroação. ⠀
- Não precisa se preocupar em ter a aprovação dela, além do mais você vai casar com o filho e não com a mãe.
- Não dá pra acreditar que mesmo compartilhando a mesma infância do Conrado eu não cheguei a conhecer os pais dele.
- É natural, vocês só se conheceram porque a ama dele passeava com ele no mesmo lugar que eu levava você. Os mais não costumavam levar os filhos para eventos.
- Lembro bem disso, senão fosse por você passaria minha infância em casa. Muito obrigado ama. - a abraço me sentindo grata

Quem matou o Rei?Where stories live. Discover now