Cor de cereja

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Portugal acordou encostada a uma árvore no meio de uma floresta .

Folhas a baterem-se umas às outras parecia uma guerra incessante contra o vento mas possuía um som reconfortante .

Fátima sentia-se de novo em casa .

Nos seus braços estava Antonio que dormia sossegado . A mãe acabara de morrer e não poderiam voltar a casa .
Tudo estava sendo invadido pelos mouros , Roma sucumbiu . Eles agora teriam que se refugiar para não serem pegos pelos invasores .

Os cabelos uns em cima dos outros , Fátima começou a dar um certo animo neles  .

Mãos a serem passadas pelos rios castanho escuros como se fossem um belo instrumento musical que criava melodias incríveis transmitidas por pensamentos .

Ideias leais que ordenaram cuidar do irmão que ainda não sabia se proteger.

- Antonio ?

- Sí , Hermana ? - acordou bocejando .

- Temos que encontrar água e alimento . Não podemos morrer assim tão facilmente .

- Depois disso vais treinar-me a lutar ?
- perguntou com entusiasmo .

- Sim ! Claro que sim irmãozinho !

-Sí ! Estou tão feliz ! Vai ser divertido !
Antonio começou a correr de um lado  para o outro sem parar até que bateu com força contra uma árvore e cair com as pernas para o ar . Fátima só se ria de tal acontecimento .

- Hermana ! Fui incrível , certo ?
- Sim ! Espero que me dês ajuda , pequeno soldado ! - disse ela acariciando de novo os cabelos pequenos .

" Pequeno Soldado " agora estava na mente espanhola que reagiu com um pequeno beicinho de desaprovação . A mais velha voltou a olhar para o seu irmão e desatou às gargalhadas .

- No ! Eu vou proteger a Hermana ! É o meu dever !

- Sim ! É uma promessa !

Tudo ficou um silêncio , Fátima estava à procura de sons de animais ou água .

- Hermana ! Hermana ! Água ! - apontou para uns sons vindos das árvores silenciosas .

- Muito bem ! Vamos lá !

Encontraram água que podiam beber , um caudal grande que separava duas margens .

Do nada ouviram vozes . Fátima olhou donde vinhas elas e ficou horrorizada .

- Antonio ... esconde-te agora - disse ela puxando o irmão pelo braço para baixo de um arbusto .

- O que foi ?

- Eles estão lá ... eles não podem nos ver se não irão nos raptar . Não queres que sejamos separados , certo ?

Antonio abraçou a irmã com medo , Fátima olhava cada vez mais atentamente o movimento dos mouros .

Pelo que parecia era um grupo de homens com os seus trinta e poucos anos   .

Portugal aparentava ter dez anos e Espanha oito  porém eles eram muito mais velhos do que se pensava . Era uma diferença de dois anos que os unia desde o início .

As mãos frias da irmã muito reconfortantes ajudavam-o a relaxar .

A visão dos dois foi tapada muito rapidamente sem estes notarem .

Os olhos vendados pela completa escuridão .

" Eles conseguiram nos apanhar irmãozinho , não te quero deixar " foi o que Fátima pensou naquele momento .

Estou aqui e sempre estarei Where stories live. Discover now