27° capítulo

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Reviro os olhos quando entendo o que ela está querendo dizer.

— Não Mag, Igor e eu mal conseguimos nos falamos.

— Então o que foi? Você saiu do Flop's tão decidida de só sair do quarto dele quando sua língua desse cãibra. — Mag se ajeita na cama, puxando sua mini-saia jeans pra baixo.

Faço uma careta de dor quando lembro de toda minha empolgação e de nosso plano. Eu estava com o estômago gelado e com as pernas tremendo, quando o vi então parado no corredor me esperando, elas viraram gelatinas.

Estava tão perto de sair do zero a zero. Era nítido as minhas chances de marcar um gol. Eu queria, ele queria e estava tudo dando certo até àquela bruxa surgir das trevas no meio do corredor.

— Igor não estava por isso você ficou triste?

— É claro que não, Magda.

— Ele não quis te beijar? — ela supõe na defensiva.

— Não tem nada a ver com Igor — sibilo.

— Então o que é, droga? — Joga as mãos pra cima demonstrando impaciência.

Suspiro fundo, com as palavras presas em minha garganta.

— Você matou o Rafael? — pergunta, séria.

— Não, Magda! — Me sento na cama num pulo. — Você ficou maluca?

— O que é? Você pode alegar legítima defesa! Ele foi um babaca com você e te traumatizou e...

— A minha vó disse que meu pai pode não ser meu pai — digo alto e em bom som para a fazer calar. Só espero que minha mãe não esteja ouvindo atrás da porta.

A minha garganta dói, indicando mais uma crise de choro.

Ouvir isso sair da minha própria boca só me faz perceber o quanto não faz sentido algum.

— Quê? — ela franze as sobrancelhas e sua voz sai esganiçada. — Aquela velha ficou gagá de vez?

Sinto vontade de rir do modo que seu rosto adquire uma expressão raivosa toda vez que ela fala de minha avó, mas não consigo porque as lágrimas já inundam meus olhos.

Mag faz parte do clubinho com minha mãe de pessoas que detestam minha avó, pois, toda vez que ela vem aqui tenta me afastar de Mag, dizendo que ela não é uma boa influência para mim. Depois das coisas que ela me disse ontem, eu me tornei parte desse grupo.

— Ontem quando eu tinha acabado de encontrar Igor, ela chegou no corredor e decidi ir falar com ela, já que ela estava chateada comigo e com meu pai por causa de um mal-entendido que aconteceu aqui em casa — começo a explicar, sentindo raiva de mim por ter entrado naquele quarto. — Daí ela começou a falar mal da minha mãe, contou uma história descabida e insinuou que meu pai pode não ser meu pai, pois ela ficou com vários homens. — Limpo rapidamente a primeira lágrima que cai em minha bochecha.

— Luisa, isso... isso não faz sentido algum! — Mag solta uma risada num sopro. — Basta olhar para a sua cara e da do seu pai pra saber a resposta. Vocês são iguais!

O meu coração se aquece um bocadinho ao ouvir isto.

Todo mundo diz a mesma coisa em todo lugar que vou com meu pai. E eles têm razão. Meu cabelo loiro, minha cor de pele, meus olhos, tudo são iguaizinhos aos dele.

Mas tem tantos homens loiros por aí...

E se?

E se minha mãe ficou com algum desses?

Como não se apaixonar Onde histórias criam vida. Descubra agora