DESPEDIDAS DOEM

124 22 1
                                    

  Logo após ter subido e pegado algumas coisas incluindo livros, fomos direto pro colégio, falamos com a diretora e minha mãe ficou com ela resolvendo umas coisa, enquanto eu fui dar uma passeada no corredor que provavelmente nunca mais iria pisar.

  Estava andando distraidamente quando vi no final do corredor um tipo de memorial com um monte de velas, cheguei mais perto e percebi que se tratavam das pessoas que haviam sido mortas no incêndio, passei a mão na grande mesa que se estendia pela metade do corredor, então perto do final vi a foto do Yan.

 Percebi meus olhos começarem a marejar ao perceber a foto, era a foto do anuário desse mês, estava de braços cruzados e com um sorrisinho de lado na quela farda preta com branca que sempre afirmei que combinava com ele, parecia que tinham feito pensando nele. Solto um sorriso fraco ao lembrar disso.

 Pego o buque de pulso que levava na bolça e o anel, que ele havia me dado, o colocando na frente da foto, depois pego uma vela num vaso próximo e acendo pra ele.

- Ele vai pagar pelo que fez, vai se arrepender amargamente.- um ódio sego corria por minhas veias- e não irei descansar até faze- lo provar da minha vingança - quando olho pra vidraça na minha frente vejo que meus olhos antes castanhos, estavam totalmente negros o que me fez recuar um pouco, fechei os olhos rapidamente e quando os abro estavam normais. mas ao longe consigo ver a sombra de um garoto alto com um tom avermelhado em seus cabelos, viro - me para encara-lo, mas o mesmo não estava ali. fico olhando pro lugar onde ele estava, até que sou interrompido pela voz da minha mãe me chamando.

- Filho - diz ela preocupada- você está bem?

- Estou, só um pouco confuso, mas estou bem. estava me despedindo dele - digo olhando novamente pra foto - vamos.

 Quando cheguei perto do carro, disse a ela que iria a pé, pois, precisava pensar.

- Tudo bem, eu sei que é difícil assimilar tudo isso em tão pouco tempo, fique o tempo que precisar, estarei preparando suas coisas.

- Certo

  Depois dela ter ido, fui sentar em baixo da nossa árvore, sentirei saudade de cada momento que passamos juntos aqui, foi quando me lembrei do pedido de namoro que ele me fez em baixo dela.

- Oi -digo meio acanhado - o que você queria falar comigo?

- Olha Sam, eu sei que  pedi segredo, mas não dá, eu estou completamente apaixonado por você, e não quero perder mais um minuto sequer, quero uma vida ao seu lado, então Samael Colton - diz ele se ajoelhado, coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha de tanta vergonha - você me daria a honra de ser seu namorado?

- Olhar Yan, se isso for alguma brincadeira é de muito mau gosto - digo sem acreditar no que estava acontecendo.

- Eu juro por tudo o que é mais sagrado - seus olhos brilhavam.

- Eu... eu aceito - ele me abraça forte tirando - me do chão, e foi quando eu percebi que a partir daquele dia eu nunca mais iria querer sair de seus braços.

  Levantei e fui andando pelas ruas charmosas desta Cidade, parei no parque e vendo alguns casais fazendo piquenique lembrei de quando ele chegou na minha casa me tirando da cama a força pra irmos fazer o mesmo, lembro de ter ficado bravo, mas só durou três segundos, pois os selinhos que ele me dava a cada estante era suficiente para me fazer esquecer do porque de ter ficado bravo.

- O que acha de brincarmos de pega - pega? - diz ele após ver algumas crianças brincando, ri achando tudo uma palhaçada, depois de  me olhar com um olhar assassino ele pegou um pouco de torta e melou meu nariz, fiquei estático não acreditando que ele tinha feito isso, peguei uma fatia da mesma e percebendo o que eu estava prestes a fazer começou a correr e eu fui atrás dele.

Ri com essa lembrança, continuei andando e peguei meu celular, já eram 2 horas da tarde então decidi voltar pra casa.

- Vou sentir saudade de cada momento que passei aqui - falo pensando alto, então vou em direção a minha casa voltando a realidade que mesmo sendo fantasiosa era triste.

 Chegando em casa subo direto pro meu quarto e me deparo com minha mãe colocando minhas roupas dentro das malas, pego uma das várias que aviam no chão e vou pegar minhas coisas pessoais e objetos de maior importância na minha vida, dentre muitos objetos que colocava na mala, havia um que me chamou atenção, era o urso de pelúcia que Yan havia me dado no oitavo ano, fomos para o parque e depois de quase morrer do coração indo naqueles brinquedos "divertidos" segundo Yan, ele decidiu jogar tiro ao alvo, foi preciso umas cinco tentativas antes do mesmo acertar.

- Não precisa Yan, essa já é a quarta tentativa.

- Eu só vou sair daqui quando eu conseguir seu urso - cruzo os braços já desistindo de dialogar. -Me deseje sorte. - então acerta.

- Uuuuhhrruuuuuu- grita ele comemorando a vitória- quem é o bambambam agora em?

- Meus parabéns senhor, o que vai escolher?- diz a moça que trabalhava no lugar.

- Eu quero aquele urso, esse é seu premio - diz ele me dando o urso - e esse é o meu - fala já me beijando.

- Obrigado - falo meio pasmo, mas feliz, pois aquele era o urso que eu não parava de olhar, acho que ele percebeu.

- Qual vai ser o nome dele?

- Deixa eu ver, que tal Tody?

- Meio brega, mas bom nome. - dou dedo pra ele.

  Depois disso ele me trouxe pra casa com sua mão o tempo todo em volta de minha cintura.

 Depois de ter guardado tudo e termos tomado banho fomos para o aeroporto, falamos com a atendente e logo após deixar tudo pronto fomos nos sentar.

- Como conseguiram uma vaga ainda hoje? - Digo meio confuso. pois só avia percebido no momento.

 - Seu pai tem muitos amigos, e um deles mexeu uns pauzinhos.

   Após termos esperado o que pareceu ser uma vida inteira, finalmente meu voo foi chamado, fiquei nervoso, e minha mãe percebeu isso.

- Calma filho, nós vamos nos ver de novo, eu não queria que isso acontecesse, mas infelizmente as coisas pra pessoas como nós são assim. -Meu pai ficou calado o tempo todo, eu sabia que ele queria chorar, mas não faria isso, pelo menos não na minha frente, sempre foi assim, depois de ter abraçado minha mãe, o abracei, e foi a primeira vez que vi uma lágrima inconveniente cair de seus olhos, que rapidamente o limpou.

- Nós amamos você filho!

- Eu também amo vocês.- Fui em direção ao meu voo. entrei no avião sentando logo após ter guardado as coisas, e fechei os olhos tentando dormir, pois as 12 torturantes horas de viagem me esperavam, e foi assim, a última coisa que vi daquela cidade foi meus pais nas grandes janelas de vidro chorando, e eu sabia que precisava vencer as batalhas que estavam por vir se quisesse velos novamente...


Votem e comentem, só assim saberei se estão gostando!

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Aug 31, 2023 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Simplesmente Bruxo (O Despertar)Where stories live. Discover now