Naome e Yukine

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Música do capítulo: Heart Like Yours, Willamette Stone

 Naome era uma garota comum que vinha de uma cidade não tão popular do Japão. Porém decidiu morar no exterior por algum tempo e já que era de uma família rica, não tinha problema algum em ficar por lá.

Sinceramente, eu odiava ser o fio de Naome porque sua timidez conseguia deixá-la chata ao extremo. E como eu era um simples fio invisível, não podia cortar meu laço com ela para dar uma volta por aí e observar outra pobre alma mais interessante que iria se apaixonar cedo ou tarde. Acredite, mesmo sendo um símbolo de amor, não quer dizer que eu seja totalmente fã dele. Pelo menos em alguns casos…

Estranhamente, do outro lado do fio, uma menina não tão parecida com ela se encontrava chorando, tinha seus 15 anos e descobriu que seus pais até então desaparecidos, haviam sido mortos há muito tempo. Yukine sempre se mostrou uma pessoa comunicativa, amigável, mas sua alma inocente e um pouco melancólica era idêntica a de Naome. E talvez por isso, elas tenham sido destinadas. 

Naome e Yukine quando pequenas, eram da mesma cidade no Japão porém, das vezes que se viam, nunca conversaram a fundo. A única coisa que sempre ligava as duas indiretamente, além de mim, era a paixão que Naome tinha por Yuki, o irmão gêmeo de Yukine. Nem assim elas conseguiram criar pelo menos um laço de amizade. Era até difícil de acreditar que algum dia elas teriam algum tipo de laço realmente forte.

Estava na época de Outono quando Naome resolveu voltar ao Japão. O clima era melancólico, sem cor e Naome sentia constantemente falta de algo, porém não sabia o que era. Eu sabia. O destino já estava chamando o coração das duas.

A chegada de Naome demorou um pouco, já que ela era indecisa e não sabia se ficava em Londres ou voltava para sua terra natal. Quando voltou de vez ao Japão, Naome sentiu algumas coisas por Yuki e minhas expectativas estavam nulas, como esse reencontro aconteceria? Poderia um fio que ligava duas almas se arrebentar por falta de contato das envolvidas?

Numa tarde um pouco cinzenta, Naome resolveu sair de sua casa e comer um ramen em um restaurante de rua mesmo. Inclusive, um dos melhores da região. 

Ao se sentar no balcão, Naome se distraiu com o menu e foi aí que eu senti uma descarga elétrica percorrer por toda a minha extensão. Eu sabia, Yukine estava por perto. 

Naome, tapada do jeito que era, continuou a divagar sobre coisas aleatórias e sequer deu uma olhada para Yukine: outra tapada que estava cheia de tigelas para lavar. Quando Yukine entrou para a cozinha, Naome fez o pedido ao chefe. Se eu tivesse uma face, minha boca com certeza estaria bufando e minhas sobrancelhas estariam franzidas. Quanto tempo aquilo ia demorar?

Quando a situação era crítica demais, tudo o que eu desejava era me tornar uma pessoa para dar aquele "empurrão" como mortais dizem. Mas eu era só um fio e meu dever era ligar sentimentos e almas. 

Senti toda a extensão de meu fio se eletrificar de novo indicando que elas estavam próximas e esperava que finalmente elas se encontrassem. Aquela seria a hora, Naome estava esperando e Yukine tinha apenas uma tigela pra entregar. Essa tigela era a de Naome!

Porém, assim que elas se olharam, Naome fraquejou ao segurar a tigela e o ramen caiu todo em sua roupa. Levaram alguns segundos antes que as duas se tocassem de toda a situação. Podia ser trágico para as duas, mas para mim foi hilário, não tinha modo melhor de fazer duas tapadas se encontrarem!

Pois bem, Naome saiu com a roupa cheia de molho de ramen acompanhada de Yukine, que saiu com uma bela cara de choro por ter sido despedida. 

Elas se sentaram em alguns bancos vazios que tinham em uma lanchonete ali perto e pela milésima vez, Yukine pediu desculpas pelo ocorrido. Naome gostaria de rir, mas não podia pois a situação era complicada. 

Algumas semanas depois, elas já estavam amigas o suficiente para se envolverem romanticamente. Sabiam que não era bem visto, mas eu não me importava então sempre causava alguma ocasião que as deixasse próximas. 

Naome arranjou um novo emprego para Yukine na empresa de seu pai e Yukine fazia Naome rir como ninguém. As duas se completavam no que precisavam e eu gostava de ser o fio delas naquela vida. Era bonito, era diferente, era puro. 

Então, em uma noite chuvosa, debaixo de um pequeno guarda chuva, um céu tempestuoso e uma rua vazia, Yukine beijou Naome. Naome chorou. Yukine sorriu. E elas souberam naquele momento que era pra ser.

Eu sempre soube que era pra ser. 

Relatos de um Akai ItoWhere stories live. Discover now