Capítulo 1

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Olá!!! Estava com saudade de escrever aqui, no watts!!! Vocês estão comigo? Que bom!!!

Vamos fazer uma combinação, eu e você? Eu posto aqui, toda semana, um capítulo novo, bem legal dessa história para você ler de graça, e em troca você me dá uma estrelinha linda e deixa aquele comentário sobre o que achou do capítulo. As duas coisas são muito importantes, tá?

No mais, espero que gostem de mais essa história. Beijão!!!


OLÍVIA

Parada em frente à porta de casa, Olívia esperava que seus sentimentos se reorganizassem. A raiva, a frustração e a dor precisavam dar lugar à coragem para assumir que sua luta havia acabado, que a hipocrisia, a indiferença e a ambição haviam vencido e seus nove anos de dedicação absoluta à pesquisa, foram em vão.

Ela respirou fundo, bloqueando mais uma vez as lágrimas. A imagem daquelas pessoas da comissão ─ todas desconhecidas, alheias aos seus anos de estudo e de renúncia ─ ainda pairava viva, mesmo depois de quase cinco horas. Horas em que ficou rodando por aí, à esmo, sem saber o que mais poderia fazer da sua vida.

Olívia dedicou cada minuto da sua graduação, mestrado e agora doutorado em biotecnologia, à pesquisa sobre mutações da soja, e nos últimos estudos, havia descoberto que muitos produtores nacionais estavam alterando a fórmula do defensivo agrícola Bt e, consequentemente, o DNA da soja, com intuito de aniquilar o maior número de pragas. Contudo, eles também estavam aniquilando a vida humana, provocando câncer em centenas de pessoas sem que órgão algum os detivesse.

"Sua pesquisa não é conclusiva, Olívia. O Bt é liberado pelo Ministério, é legal. Ninguém investirá nisso se não houver algo mais concreto", dizia o professor Tenório, seu orientador, vez após vez. Como conseguir algo mais concreto, se as fundações, associações e órgãos lhe negavam o dinheiro para aprofundar a pesquisa?

Olívia suspirou e ergueu o rosto, encarando o número 202 do apartamento que dividia com sua irmã, Poliana.

Não conseguiu evitar que a lágrima rolasse, porque sabia que estavam sendo injustos e injustiça deixava a Olívia fora de si. Não era uma menina, e aos 27 anos ela sabia discernir a impossibilidade, da má vontade. Não interessava ao governo, nem à Associação de produtores de soja, que um negócio absurdamente lucrativo fosse abalado por causa de algumas centenas de mortes. Quem era ela, uma mera pesquisadora, para ir contra?

A dor cresceu e ela apertou os olhos, deixando, mais uma vez, as lágrimas de decepção rolarem.

Acabou. Não havia mais a quem recorrer. Os custos eram altos, o risco maior ainda.

Com um suspiro, Olívia conseguiu controlar os nervos e, enfim, enfiou a chave na fechadura.

─ Liv? ─ Poliana estancou na saída do quarto e seu coração apertou ao ver a irmã naquele estado. Olívia nem precisava contar, Poliana acompanhou toda a sua luta, sua paixão pela pesquisa, e vê-la naquele estado dispensava explicações. ─ Meu Deus...

Quando os braços da Poly envolveram Olívia, a represa rompeu. A dor deixava seu corpo com violência, rasgando tudo na necessidade de extrapolar.

─ Deixa sair, bebê... ─ Ainda abraçada à irmã, Poliana foi até o chão com ela. ─ Eu sei que doi, Liv. Aqueles filhos da puta te negaram financiamento novamente, não foi?

Era a sua última oportunidade de conseguir apoio financeiro. A última.

Olívia sequer lhe deu resposta. Falar só iria dilacerar ainda mais a ferida. Poly havia visto Olívia abdicar de passeios, festas, oportunidades e relacionamentos para poder estudar, pesquisar, mergulhar profundamente naquilo que tanto acreditava e entendeu que era impossível julgar o que a irmã sentia. Só quem se entrega como ela se entregou, sabe o tamanho dessa frustração. Poliana só poderia comparar à vez em que largou o emprego, namorado e família para entrar em uma seleção para o emprego dos seus sonhos. Passou duas semanas em Curitiba, em treinamento. Estudou, bajulou, engoliu a saudade e o orgulho, ficou dentre as três melhores e já havia planejado toda a sua vida com o novo emprego, mas voltou para casa com uma mão na frente e outra atrás, humilhada, desempregada e puta da vida.

O Onipotente_ DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now