Capítulo único

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A chuva tomou conta do meu camimho, por cima dos prédios telhas musgosas precipitavam-se suas águas em excesso na direção do chão, formando perfeitos círculos. 

Nesse tristonho dia não se vê ninguém na rua, além de mim e minha tentativa quase falha de me esconder debaixo de uma passarela. Já estava de noite e eu só queria estar de volta em meu aconchegante apartamento, eu nem devia ter saído de lá.

Olho em volta, minha única opção seria sair correndo para o bar do outro lado da rua. A chuva estava cada vez mais forte e aquela passarela furada não iria aguentar ser meu abrigo por tanto tempo. Tentei pela última vez ligar meu celular, nem um sinal na tela preta, então corro em direção ao bar.

A porta dava em uma rampa para o piso de baixo. Estava silencioso de mais para um bar, mas minha curiosidade era maior que o medo e a vergonha de estar entrando totalmente encharcado. Quando chego no final da rampa diminuo meu passo e me estico para dar um olhada antes de continuar, havia clientes sentados em frente ao balcão bebendo, e um cara que usava social atrás do balcão de costas para mim com um pano na mão.

Me adentro no local, o cara de social vira para mim largando o pano em cima do balcão. Seu sorriso é estranhamente convidativo mas minhas pernas não conseguem se mover do lugar. Acho que eu sorrio de volta, eu nem sei por que vi o sorriso dele se desfazer e suas sobrancelhas levantarem. Ele diz alguma coisa mais não entendo o que é pois estava mais entretido reparando a falha que ele tem na sobrancelha direita.

___Posso ajuda-ló?

Acordo do meu transe. Olho para o meus pés encharcados e solto uma risada abafada, me sinto tão envergonhado que não sei o que fazer ali.

___Quer uma bebida? --- Tentou ele.

Ri por que aquela era a coisa mais óbvia a se fazer em um bar, não que eu estar lá fosse por nada mais que me proteger da chuva.

___É. Isso que eu vim... fazer. --- me aproximo sentando em um banco afastado dos demais.

Antes de eu pedir alguma coisa um dos clientes se levanta deixando o dinheiro no balcão.

___Então vai querer o que? --- perguntou o barman enquanto recolhia o dinheiro e pegava o copo para lavar.

Percorri meu olhar por todas aquelas garrafas de vodka, uísque, cachaça, rum, talvez uma tequila, não é muito forte. Eu não tenho o costume de beber, e mesmo a voz sensual do barman me dar uma certa vontade de perder a cabeça hoje, opto por algo mais fraco, afinal eu ainda tenho que voltar pra casa.

___Uma cerveja.

Vi ele me lançar um sorriso de canto. Meu tristonho dia de chuva acaba de se tornar ensolarado, pelo menos metaforicamente por que a chuva continuava cair forte lá fora.

A cerveja é posta em minha frente. Sussurro um obrigado que tenho quase certeza que não pode ser ouvido.

___Então, o que lhe traz aqui?

Levanto meu rosto para ele, que parecia distraído limpando a bancada. Perguntei me se a pergunta havia sido para mim, só havia mais um cliente além de mim então 50% de chance. Dou um gole na cerveja antes de responder.

___Talvez o destino chamado chuva.

Ele balança a cabeça rindo.

___Você parece meio perdido. --- ele agora estava escorado na bancada e olhava atentamente para mim, o que me deixou um tanto nervoso.

___Nunca vim para cá. Para essa região. Me mudei a pouco tempo. Nem conhecidos aqui. --- tomei outro gole da cerveja.

O último cliente se levanta interrompendo nossa conversa.

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