A Declaração

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5 anos antes

Peter era um garoto legal. Todos os outros garotos da classe de Michelle gostavam de implicar com ela, seja pelos seus gostos, maneira de falar, agir, ou até por ser inteligente. Mas ele era diferente, ele ria de suas piadas, se interessava pelo que ela tinha a falar, e sempre a incentivou a ser ela mesma.

Garotas na idade de Michelle cometem erros e tudo bem. Elas muitas vezes quebram a cara gostando de outras crianças que não dão a mínima, mas Michelle estava certa de que gostar de Peter Parker não era um erro. Ele era um ótimo amigo para ela. Sempre foi.

Eles se conheciam desde sempre, eram vizinhos, e sempre foram melhores amigos, inseparáveis. Eles sempre se entenderam muito bem, e quando a fase de gostar chegou, Michelle não demorou muito a perceber que Peter era aquele que fazia seu coração bater forte quando sorria.

Ela percebeu em um dia de aula como qualquer outro, eles almoçaram juntos, e ele a contou a história de quando caiu de bicicleta tentando salvar uma borboleta, era uma história boba, e Michelle ouvia ele contar quase toda semana, com um sorriso no rosto, e quando eles estavam indo para suas aulas, que eram separadas, ele acenou para ela, dizendo tchau, e foi quando Michelle se deu conta do que era gostar de alguém, porque aquilo fez ela sentir uma vibração no peito, e um frio na barriga desconhecido, e as sensações estranhas mexeram com sua cabeça, pelo menos é o que ela usa pra justificar o que disse em seguida.

"Só vaza logo." Foi o que ela disse antes de lançar um olhar de desaprovação e se virar.

E aquele foi o dia em que sua amizade com Peter jamais seria a mesma. Não que ele tivesse percebido, Michelle sempre o achou muito lerdo para perceber as coisas ao seu redor, e o crush que ela tinha nele estava com certeza incluído.

Os dias se tornaram mais longos sem a presença dele, e ir pra casa era um castigo, mesmo sendo vizinhos, ela não poderia ficar com ele o tempo inteiro, por mais que quisesse. Ela pensava nele durante suas aulas, o procurava em todas as multidões, e sonhava acordada com o seu rosto mesmo sabendo que o veria nos intervalos de troca de sala, ou no almoço.

Peter era excluído pela maioria dos garotos da escola pela maneira que se portava, ele sempre foi gentil, bondoso e delicado, e bem, enquanto isso era visto como desvantagem por muitos, as garotas da escola viam como uma enorme qualidade, não que elas fossem falar isso para ele.

Michelle observava tudo, e claro, isso incluía as garotas gostando de Peter. Ela não sentia exatamente ciúmes, mesmo com 13 anos, sabia que não podia ter ciúmes de algo que não é dela. Mas ela admitia que se sentia insegura quando percebia que alguma menina queria chamar a atenção de Peter, ela se perguntava se ele era simplesmente tonto em não perceber, ou se ele já gostava de alguém e preferia não mostrar interesse em mais ninguém. A última opção assustava ela.

Com tudo isso, e as borboletas no estômago que ela sentia o tempo inteiro, Michelle estava no seu limite. Uma parte dela queria desesperadamente dizer a ele como se sentia, gritar com todo seu fôlego "Eu gosto de você, Peter Parker! Eu gosto muito, muito, muito de você". Enquanto outra parte a dizia para jamais falar uma palavra. Ela precisava escolher, precisava fazer algo. Mas e se ele já gostasse de alguém? Ele iria rejeita-la. Mas... E se ele gostasse dela?

Era tudo tão torturante, e Michelle realmente não conseguiu ver outra saída.

Então, para se acalmar, ela escreveu uma carta dizendo tudo que sentia, ela sempre ficou mais relaxada escrevendo seus sentimentos, era como se eles se transferissem para o papel. Sua mãe havia a ensinado a fazer isso, desde pequena, ela ganhava diários e materiais, o que a incentivava a escrever e desenhar sempre.

Never Be The SameOnde histórias criam vida. Descubra agora