Capítulo 9

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A Forja de Sangue, como foi nomeada a forja onde Hefesto, Sindri e Aquariel trabalhavam os recebeu ofegantes, suados e com cortes e machucados por todo o corpo. Durante as três quadras que percorreram com as crianças, Hefesto e seus amigos tiveram que enfrentar trolls e outras criaturas corrompidas pelas trevas, como goblins e um duende.

Os olhos de Hefesto encaravam os dedos trêmulos de Sindri enquanto ela tentava abrir o cadeado. Assim que ouviu o click e pensou que enfim estariam em segurança, um imenso barulho fez todos se virarem para o lado esquerdo da rua. Subindo em disparada estavam os dez alunos de Hefesto e Sindri. Eles gritavam, tropeçavam e olhavam desesperadamente para trás. Logo ficou claro para o príncipe do Olimpo o motivo do desespero dos aprendizes.

A voz do ferreiro não saia ao contemplar o monstro gigante e berruguento que perseguia os anões. O chifre que saia da testa da besta se destacava em um brilho vermelho que causava arrepios ao garoto.

- Pelas forjas ancestrais, que abominação é aquela? – perguntou Aquariel com os olhos de elfo arregalados enquanto segurava a espada trêmula na frente do corpo.

Sindri olhou para as crianças que entravam na forja antes de encarar a besta que se aproximava.

- É um ogro bestial, praticamente um monstro irracional. Só sabe de destruir, matar e comer.

As chamas que rodeavam o martelo de Hefesto estavam vermelhas. Sindri e Aquariel se espantaram ao ver que dos olhos de Hefesto saiam chamas da mesma cor. O príncipe olimpiano segurou com tanta força o cabo de sua arma que os nós de seus dedos estavam brancos.

- Se não fizermos algo ele vai destruir nossos alunos. Precisamos distrair aquela coisa.

- Que chance temos contra algo assim? – apontou Aquariel para a fera que se aproximava.

Hefesto respirou profundamente uma única vez.

- Que professor eu seria se deixasse meus alunos morrerem?

E sem dizer mais nada disparou em direção à perseguição. Seus olhos se fixaram no ogro, que ao perceber a aproximação de um inimigo, perdeu o interesse nas presas e rugiu em desafio, batendo os punhos no peito. Hefesto trazia o martelo cruzado lateralmente em frente ao corpo e mal reparou nos alunos quando passaram por ele. A aura de agora guerreiro de Nidavellir se expandiu. Seu corpo foi envolto por chamas vermelhas e ele rugiu em resposta ao desafio do bestial.

"Trinta metros. Vinte metros. Dez, nove, oito, sete, seis, cinco..."

Tomando impulso ele deu um salto que deixou um rastro de energia flamejante enquanto riscava o ar. Levou para cima da cabeça e bradou o que apenas os que assistiram ao único torneio de luta que participou no Olimpo tiveram a chance de ouvir.

- Martelo flamejante, urro do urso feroz!

As chamas se moldaram em um urso gigante que rugiu e desferiu uma patada vertical. O ogro bestial atacou no mesmo momento com seu poderoso punho. Um impasse se formou quando o poder de Hefesto empatou com a força bruta do monstro. O azar do monstro era que ele lutava sozinho. O olimpiano não.

- Dança das águas! Corte do dragão marinho!

Um dragão serpente formado por água se lançou sobre o ogro. O monstro tentou socá-lo com a outra mão, mas a fera elementar apenas se enrolou no braço e no corpo da besta a apertando, que começava a ceder para a força de Hefesto.

O Ogro começou a perder força cada vez mais, sendo esmagado pelo golpe de Aquariel, que estava ao lado de Hefesto segurando sua espada, totalmente concentrado no monstro.

- Prisão de lama!

Hefesto olhou de dentro de seu construto e viu Sindri com as mãos no chão, entre ele e Aquariel. Pequenas ondas de terra se formaram ao redor dos pés do ogro. A estrutura molecular da terra se alterou e os pés da fera começaram a afundar. Ela se debatia com o que lhe restava de forças, e nessa hora Hefesto forçou todo o seu poder no golpe. O braço do ogro foi destruído, que urrou de dor. Hefesto viu incredulidade nos olhos da criatura. E também medo.

A Forja de SangueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora