Capítulo 8

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- Você não ouviu o que os reis disseram? Você não vai e pronto!

Hefesto suspirou. Aquela discussão estava se estendendo demais.

- Princesa Valquíria, você não está entendendo...

A asgardiana apertou sua lança prateada e ergueu a cabeça. Se não tivesse crescido com Ares e Athena a cena deixaria o ferreiro com medo. Mas só serviu para lhe fazer suspirar novamente e balançar a cabeça.

- Eu entendi muito bem, príncipe Hefesto, não sou burra. Foi dada uma ordem para que as famílias reais permanecessem no salão. A princesa Athena e eu fomos encarregadas da segurança.

Hefesto não se importava mais em ser o centro das atenções, e isso era bom. Todos do salão acompanhavam a discussão dele com a filha de Odin. Arriscou olhar para sua irmã, que chegou com seu filho minutos antes dos reis e príncipes saírem para a batalha. Ela permanecia a mesma estátua de sempre, mas havia um brilho de divertimento em seus olhos.

Aquariel estava ao seu lado, porque ele não sabia. Desde o clamor de guerra de Ovaldir o elfo se juntou a ele e onde quer que Hefesto fosse ele ia junto.

Quando ia argumentar novamente alguém puxou sua camisa. Olhando para baixo não pôde deixar de sorrir.

- Papai, ocê é lutado?

Ele se ajoelhou em frente a Eric e bagunçou seus cabelos ruivos.

- Não, garotão. O papai não é um lutador.

Uma expressão de confusão tomou conta do rosto infantil. Hefesto viu o reflexo de olhos vermelhos no rosto do garoto e se perguntou como uma coisinha tão pequena podia ser tão amável.

- Mas a mama e a vovó disseru que só lutado vão luta. Se ocê não é lutado, puque vai lá fora?

Hefesto olhou o filho. Ali estava a única âncora real que o prendia ao Olimpo. Mas ao mesmo tempo era Eric o motivava a sair de lá. Ao ver os anões, como viviam felizes e como amavam a família real ele soube. Nunca seria assim no Monte Olimpo. Os olimpianos respeitavam Zeus e Hera, mas porque os temiam, não porque os amavam.

E se queria ser o pai que Eric merecia, precisava antes se tornar o homem que decidia o que era melhor para ele e para o garoto. Respirando fundo ele sorriu convicto para o pequeno de três anos.

- O papai vai lá fora porque ele é o Mestre Artesão de Nidavellir, filho, essa cidade onde estamos. Os amigos e o lar dele estão em perigo, então preciso protegê-los.

- Papai mora cos anão?

- Sim filho, papai mora com os anões. E você também virá morar aqui, com o papai e a tia Sindri. Se lembra dela?

- Sim, tia legal que deu suvete de mulango!

- Espero mesmo que tenha sido sorvete de morango e não de calango, mas nunca sei com Sindri – balançou a cabeça sorrindo. – Mas é isso mesmo, filho. Papai vai casar com a tia Sindri e você vai morar com a gente durante metade do ano. Não é Athena?

Ele olhou para a irmã que o observava visivelmente surpresa. Depois de alguns momentos um sorriso triste brotou nos lábios da guerreira.

- Isso mesmo, filho.

Eric deve ter se cansado da conversa, pois largou Hefesto e saiu gritando:

- Oba! Vou molá com papai e tia do suvete!

O príncipe olimpiano se levantou e encarou os olhos azuis da princesa Valquíria, quase ocultos pelos cabelos loiros e cacheados enquanto segurava firmemente uma lança prateada.

A Forja de SangueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora