Belfast, seu idiota!

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Quando acordou havia uma figura em sua frente, mas seus olhos estavam tão inchados que ela já não via mais nada.

- Minha nossa, você está horrível. - Salander disse amarrada com correntes à parede em um canto.

- Obrigada. É meu novo estilo charmoso. - Rubi disse ao reconhecer a voz da amiga, tentando não sufocar com o próprio sangue. - Você tem que sair daqui. É... armadilha.

- Meio tarde pro aviso, mas valeu. Ao que tudo indica, eles me doparam com algum gás na floresta. Eles pegaram o pobre Belfast.

- Você está bem? Por que estava com o idiota daquele cavalo chifrudo?

- Estou. Só presa. Belfast te adora. Não sei por que já que você é irritante, mas enfim. - Salander respondeu. - Não consigo usar meus poderes aqui. Você também não, ne?

- Não. Acho que eles têm alguma máquina ... que bloqueia ... Pelo menos.... o barulho acabou. - Rubi não conseguiu mais ficar acordada.

Saia! Você precisa sair.... Acorde! Não posso ajudar muito... Mas posso guiar voc... Rubi ouviu em seus sonhos alguém dizer, mas acordado não conseguia se lembrar quem havia falado com ela. Mas uma coisa era certa: ela tinha que sair dali. Foi quando percebeu que Salander não estava mais ali. Eles tinham tirado ela de lá e levado.... Levado pra onde?

***

- Aqui está seu presente querida. Siga com o plano. - Kobalos disse para Rebeca enquanto abria uma porta de pedra que lacrava um cômodo iluminado por uma única luz branca muito forte bem em cima de uma jovem presa por correntes à parede.

- Finalmente! - Rebeca disse mal contendo um gritinho de alegria.

- Rebeca sua piranha! Espera até eu sair daqui! Vou amassar essa sua carinha de carne moída! - Salander quase não consegui enxergar com aquela luz toda, mas aquela voz ela conhecia muito bem.

Kobalos diminuiu a luz até um nível natural com a ajuda de um botão estranho na parede. Rebeca se aproximou saltitante de Salander. - Oooooh! E a princesinha de merda vai fazer o que? Me bater?

- Depois que eu expulsar vocês do MEU reino por traição, com certeza vou quebrar sua cara e usar seu crânio como uma caneca!

- Ah, alteza, não se preocupe que você vai dar uns tapinhas na Rêzinha aqui sim. E depois, quando a rainha Alyssa tiver cumprido sua palavra por sua agressão e tiver banido você para cuidar da sua raivinha, teremos o caminho livre para cortar a garganta da sua mamâezinha e colocar alguém melhor no comando. - Kobalos disse se transformando numa cópia fiel de Salander.

- Mas que p#$%@ é isso! Kobalos, o metamorfo que as antigas rainhas baniram? Como diabos isso é possível?? Você devia estar morto!

- Tadinha da princesa chifruda burrinha. Está confusa, não é querida? Quando eu voltar vou me divertir muito arrancando cada membro do seu corpo devagarzinho. - Rebeca disse.

- Fiquem longe de mim e da minha mãe! Nunca vou deixar você tomar o meu lugar, sua lesma! - Salander quase babava de ódio. Ah se ela pudesse usar seus poderes ou pelo menos se mover....

- Seu lugar? Aquele é o meu lugar! EU deveria ser a princesa! EU deveria ter o direito de chamar Alyssa de mãe! Eu sou linda, amada por todos, no reino, estou sempre ao lado da rainha... Você nem mesmo se veste como uma princesa! A rainha devia ter me adotado oficialmente como filha quando me encontrou! Ela devia ter me nomeado sua sucessora, e não você que nunca mereceu isso tudo! Agora eu vou ter o que mereço e você e sua mãe burra que não viu meu potencial vão pagar com suas vidas inúteis!

- Vamos, Rebequinha. Você terá tempo para se divertir com sua amiguinha mais tarde. - Kobalos disse e puxou Rebeca para fora, aumentando a luz de novo antes de sair.

- Caramba! Eu achava o ego da Rubi enorme, mas a Rebeca conseguiu ter um ego maior ainda. - Salander falou consigo mesma.

***

Neuf tinha sido chamada do lado de fora. Parecia algo urgente porque ela ordenou que um dos soldados desamarrasse Rubi e saiu sem verificar se o serviço estava sendo bem feito. Era a brecha que Rubi esperava. Enxergando muito mal por causa do inchaço, ela esperou que o soldado a soltasse e quase na mesma hora que bateu no chão segurou o tornozelo do soldado. Quando ele tentou chutá-la e não conseguiu, ele se abaixou para tirar a mão dela de seu tornozelo. Era o que ela queria. Rubi enfiou dois dedos no nariz do homem formando dois ganchos e o puxando para baixo, então ela o derrubou de costas no chão, sentou sobre ela, agarrou sua cabeça com as duas mãos e quebrou seu pescoço rapidamente. Se aproveitando da porta aberta, ela saiu. Do lado de fora ela sentiu que o bloqueio de sua magia estava mais fraco. Ela testou e conseguiu sentir bem de leve a presença de Salander em um sala distante, com uma fúria quase selvagem; Belfast parecia estar dopado com algum tipo de droga numa sala acima junto com... BENNU! Mas ela parecia fraca, quase sem vida, fria.... FRIA! Tinham congelado sua amiga!

Rubi correu tropeçando em pequenas pedras e nos degraus que não conseguia ver com aqueles olhos feridos e chegou até a sala onde Belfast estava. A droga da porta estava trancada, mas ela tinha um plano. Belfast podia estar dormindo, mas a magia nele ainda era forte. Quanto mais Rubi andava por ali até chegar naquela sala ela percebeu que o tal bloqueio mágico enfraquecia. Belfast não estava preso, só dopado. O fato dele ser desengonçado e idiota muitas vezes faziam com que o subestimassem. Rubi contava com isso e deu certo. Ela usou a fraca telepatia que tinha naquele momento e invadiu a mente do unicórnio. Quando ele reconheceu ela em seu sono, foi o equivalente a um murro no rosto. Ele despertou instantâneamente e fez o que ela sempre odiava: pulou feito um louco na porta, quebrando-a e correu pra cima de Rubi quase a derrubando também.

- Nunca pensei que diria isso, mas também estou feliz em te ver, pocotó estranho. - Rubi disse e correu para a sala, tirou Bennu de uma caixa de ferro que congelava as coisas. A pobrezinha era apenas uma ave em posição fetal dentro de um cubo de gelo. Eles vão implorar pela morte quando eu terminar com eles, Bennu. Eu prometo. Rubi montou no unicórnio e o guiou em disparada para baixo onde estava Salander. Sem aviso, ela guiou Belfast para derrubar a porta. Havia pouco tempo. Com tanto barulho logo os soldados estariam ali,

- Oi, Salie! Que tal uma carona pra fora deste inferno?

- Estou tão feliz em te ver, fósforo, que nem vou te xingar por me chamar desse nome ridículo. - Salander disse enquanto Belfast quebrava as correntes com seu chifre extremamente forte.

Salander subiu no unicórnio, atrás de Rubi, mas quando se ele virou em direção à porta, haviam cerca de dez soldados ali impedindo a saída. Rubi inclinou a cabeça um pouco para frente e falou baixo no ouvido do unicórnio: - Atropele sem dó!

Ele parecia ter entendido porque no segundo seguinte Belfast correu em disparada daquele jeito desengonçado em direção aos soldados. Alguns se jogaram para os lados, outros foram pisoteados, mas Belfast não parou. Eles correram em direção à uma parede e Salander e Rubi ficaram congeladas de susto. O animal com alma de cachorro ia mesmo se chocar contra a parede! Belfast parecia não estar nem um pouco preocupado. Pelo contrário. Ele corria com meio palmo de língua pra fora, meio esvoação pela lateral da bocona, com olhos que mostravam alegria. Rubi o conhecia bem o bastante para confiar no instinto do animal. Ele era tonto, desastrado, desengonçado, estranho, mas amava muito ela e ela sabia que se ele estava tão feliz com ela ali, ele jamais faria algo para ferí-la. Com um olhar, Salander entendeu. Ambas se inclinaram mais para frente, abaixaram a cabeça e seguraram firme esperando pelo impacto. Quando as pedras caíram, eles fluturam por alguns segundos e caíram na água.

- Boa garoto! - Rubi comemorou ao perceber que flutuavam no Oceano Obscuro.

- Muito bem, Belfast! - Salander acariciou a lateral do animal que emitiu um som que mais parecia um latido. No mesmo instante, talvez pela emoção, o unicórnio brilhou em um tom de verde água, as patas traseiras deram lugar a um rabo de peixe e ele se transformou num hipocampo, fazendo Salander e Rubi escorregarem na superfície lisa do animal e caírem na água.

- BELFAST, SEU IDIOTA! - Rubi gritou e Belfast deu uma lambida no rosto dela com aquela alegria simples e pura de quando ele estava perto da princesa de Sunna. Salander nem tentou disfarçar a crise de riso que teve com aquela cena.

A Guerra de Corona - IWhere stories live. Discover now