Capítulo 8 - Como organizar uma revolução adolescente

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"Eu não vou nem tentar argumentar contra. Pra ser sincera, se meus pais se importassem o bastante, eles mesmos tentariam boicotar uma ação dessas."

"Não sei o que eu faço" - Marceline estava sentada em uma pedra, a mão começava a tremer em volta do cigarro. "Se eu não fizer nada, vou ter falhado com todos eles. Comigo mesma. Pra que merda é que eu sou presidente do grupo se eu não posso fazer nada? Porra, eu preciso fazer alguma coisa."

"Hey," - Bonnibel se aproximou, uma mão gentil no ombro da outra garota, que parecia prestes a cair no choro "fica calma. É uma situação de merda, mas se você perder a cabeça, não vai resolver nada. A gente precisa parar e pensar em um próximo passo."

"E que passo é que eu posso dar?"

"Bem, é isso que a gente precisa avaliar" - Bonnibel se sentou de frente para Marceline, tentando pensar em algo que fosse útil para a situação. Se concentrou na fumaça.

A fumaça do cigarro de Marceline subia pelo ar e se entranhava nos ramos das árvores. O som era somente da brisa nas folhas, um ou outro pássaro passando casualmente, os seus sapatos amassando folhas secas no chão.

Uma ideia.

"Lembra quando eu disse que você precisaria da simpatia dos alunos caso a diretora lançasse seus projetos para votação? E te liberei um show na abertura do jogo?"

"É, eu não tenho Alzheimer. Isso foi a pouco tempo."

"Cala a boca", seu pensamento foi brevemente interrompido pela risada fraca de Marceline. "Bem, acho que as coisas não mudaram muito. Ela talvez ainda esteja disposta a ouvir a opinião dos alunos em relação a essas coisas. O que você precisa agora, mais que nunca, é apoio popular. Por que se você tiver gente o suficiente do seu lado, você pode começar um movimento dentro da escola em prol de políticas anti-LGBTQfobia. A gente pode até se junta ao clube da Priscilla e incluir medidas anti-racismo nesse movimento."

"Bonnibel Zanne" - disse Marceline, logo após dar a última baforada no cigarro. Ela fez uma pausa, apagou a bituca com a sola do sapato, e prosseguiu, olhando nos olhos da outra: "você está sugerindo que eu ganhe confiança e inicie uma revolução dentro da escola? Tipo, um ato político?"

"Ahn... sim?"

"Hm", a garota permaneceu olhando fixo para Bonnibel. Depois, sorriu. "Garota, as vezes você me dá motivos pra gostar de você. Pra sala de música, vamos" - ela se levantou e ofereceu a mão, ajudando Bonnibel a se levantar, "acho que sei o que eu posso fazer pra essas pessoas gostarem de mim."

"Vai cantar pra elas?"

"Também." O rosto de Marceline aderiu aquele olhar voraz, perigoso. Bonnibel se arrepiou de leve. "Mas dessa vez com uns extras. E com extras eu quero dizer álcool e quartos vagos. É hora da festa, princesa."

Bonnibel sorriu pra ela. "Ótima, ÓTIMA idéia!"

Mas por dentro seu estômago afundou. Aquela sensação de taquicardia. Ela sabia que era por um bem maior.

Mas preferiria morrer.

[...]

"A PRIMEIRA FESTA DO ANO LETIVO VAI SER REGADA PELA VIADAGEM, MEUS AMORES" disse Pricilla, desfilando pela sala de música. Seus cabelos volumosos foram jogados para o ombro, enquanto ela fazia uma pose, exibindo seu vestido lilás.

"Na verdade, patrocinada pela viadagem. É uma festa pra atrair gente hétero cis e conquistar... os votos deles? Ou algo assim. Tem que ser apelativa pra eles. Nada muito... gay?" - disse Marceline, enquanto afinava seu baixo.

Agridoce - Bubbline AUWhere stories live. Discover now