CAPÍTULO VINTE E OITO

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Estávamos todos mortos. 
Thuam sabia que a Legião chegaria a qualquer momento. Mesmo invocando minha Legião de Succubus, elas não chegariam até a Corte do Rei a tempo. 
Azrael nos trouxe para a morte. 
Tentar unir nossos poderes para destruir Thuam foi impensável. 
Eu deveria saber, sou filha desse demônio. Como não pensei nas consequências das nossas escolhas? 
Agora estamos perdidos. 
Mayo e Emmaline. 
Minha querida irmã Eleonor. Seguimos em direção da Morte no próprio Mundo dos Mortos, que cômico. 
Um demônio dissipou no ar quando Azrael atacou não pensando em se render. 
Não podemos nos render. Eu não posso demonstrar minhas fraquezas, segurei com força no cabo da minha adaga, pronta para o próximo ataque do Rei. No entanto, algo estranho aconteceu.
Uma luz resplandecente começou emergir do corpo do meu Escolhido. A sua armadura negra muda de cor, sendo substituída por uma armadura medieval e prateada. 
O som da Lança ouço quando Dian a ergueu no ar, girando rapidamente entre seus dedos. Meu parceiro mantinha os olhos fechados, concentrado e aquela luz maravilhosa ganhava força. 
Recordo-me do meu encontro com Dian no  meu sonho, quando ele adentrou minha escuridão com a sua luz própria, afugentando qualquer energia opressora. Despertando-me da minha dor, trazendo-me de volta à vida.

— Dian. — Murmurei, chamando-o.

Sinto o nosso laço ficando instável por causa da magia estranha que ele está libertando. Neste instante meu Escolhido abre os olhos. Com suas íris mais verdes que normal, um verde-cítrico e assustadoramente belo. 
Uma luz dourada rompeu qualquer escuridão que existia, afugentando os espíritos e a legião que voava na sua duração. Ondas de calor e bondades percorriam o Castelo do Rei Thuam, dominando qualquer ser que vivia no local. 
Meu pânico foi substituído por uma sensação de êxtase. Dian lembra-me um Deus com seu brilho dourado, uma forte rajada de vento bateu contra meu rosto. 
O Mundo ficou imóvel.
Na verdade, foi meu corpo que ficou completamente inerte. Purificadores surgiam, Espíritos Guias e os mesmos Guardião permaneciam ao lado do Príncipe.

— Inacreditável.

Thuam recuou. E pela primeira vez em milênios de vida, presenciei o Rei dos Mortos totalmente aterrorizado.

"Proteja minha Escolhida de Sangue".

A voz do meu companheiro cantarolou na minha mente, fazendo-me sobressaltar. 
Olhei na direção da fêmea, Mayo mantinha um semblante amedrontado, lágrimas inundavam seus olhos. 
Inferno, corri até ela.

— Mayo, preciso que encontre Eleonor e Emmaline. Você não pode ficar no Salão.

— Como? O Castelo é enorme. Não vou conseguir encontrá-las.

Invoco um espírito, que deslizou ao redor do corpo da Curandeira. Mayo estremeceu de medo.

— Ele não vai machucá-la. Vai protegê-la e guiá-la até minha irmã. Diga a Eleonor para atravessá-las até meu apartamento na Capital de Chamber. Agora vá, não demore.

Mayo hesitou, com os olhos arregalados na direção do Príncipe.

— Ele-ele… Está irradiando Luz… Luz de cura. Como é possível?

Mordo meu lábio inferior para controlar o tremor excessivo.

Eu neguei com a cabeça. Não faço ideia como ele está invocando esse poder ou quem está guiando o Príncipe, mas Mayo não pode ficar no meio deste inferno.

— Mayo, por favor. Siga o espírito e salve Emmaline.

A fêmea despertou dos devaneios, seguindo o meu espírito imediatamente. 
Viro-me em direção a luta que está acontecendo. Thuam ainda lutava sem sentir nenhum esforço contra Azrael. Dian permanecia concentrado na força que irradiava, invocando mais poder. 
Vamos Príncipe. Lute. O quê você está esperando? 
Thuam atacou o adversário, golpeando a máscara do Anjo da Morte. Azrael caiu esparramado no chão, levando uma mão até o rosto para certificar se a máscara não foi danificada. 
Minha cabeça latejava. 
O Mundo dos Mortos sussurrava sobre uma luta no Castelo do Rei. Eu sentia o silêncio do nosso povo, o medo de cada ser que vivia na Ilha Cruachan.

— DIAN. — Rosnou Thuam. — Você entrou no Mundo, interferindo nos meus planos…

Uma ventania poderosa adentrou o Castelo. 
Thuam calou-se.
Ficamos em silêncio, trocamos olhares assustados. Azrael levantou-se lentamente do chão, observando Dian que agora encarava fixamente Thuam.

— O que você fez? — Resfolegou o Rei dos Mortos. Com a sua afeição cheia de fúria, avançando para atacar. Mas um brilho diferente disparou no céu escuro do meu Mundo, oscilando intensamente. 
Dançando na nossa direção. 
O céu noturno do Mundo dos Mortos torna-se um mar dourado. Uma cortina gigantesca de espíritos de luz voavam em direção do Castelo. 
Pela Deusa mãe.

— Dian…

— Morgana, abaixo-se!

Azrael sumiu com o vento e Thuam… Ele ficou encarando aquela legião sem fim. 
Meu Escolhido criou um escudo poderoso ao nosso redor. Protegendo-nos quando aquele mar dourado, mergulhou no Castelo. 
Ouço o grito do Rei, amaldiçoando o Deus que lutou contra ele. 
Ouço os gritos do meu povo e depois… Um silêncio assustador. 


Dian - O Príncipe Dos MortosWhere stories live. Discover now