Capítulo XVIII - Aquelas reuniões familiares com parentes que tentam te matar

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"O destino conduz o que consente e arrasta o que resiste."

Séneca

Cinco anos, dois meses e 4 dias atrás.

Yokumiru Mera tinha orgulho de seu trabalho na Comissão de Segurança Pública. Ele podia dizer que em seus seis anos de trabalho ali dentro havia participado de algo grande e que fazia realmente uma diferença na sociedade.

Ainda assim, em casos como aquele, ele sempre tinha vontade de arrancar os cabelos e sair correndo daquela específica divisão. Já há algum tempo ele queria ser transferido para a organização dos exames de licença provisória. Era uma grande responsabilidade, mas era bem melhor do que a dor de cabeça que era lidar com as quebras do estatuto.

Um caso como aquele, por exemplo, sempre o deixava exasperado. Ele não entendia o que levava as pessoas a acharem que podiam quebrar a lei e se fantasiarem de heróis sem uma licença, tentando fazer justiça com as próprias mãos. Era absurdo em si, mas vindo de alguém com apenas meses antes de se formar em uma escola de heróis? Descobrir que uma criança que mal havia saído das fraldas vinha brincando pelas costas da comissão assim era humilhante. Há dois anos com a licença provisória, mas ainda havia um ano de vigilantismo nas costas do moleque, que encarava o júri da comissão como se não pudesse estar mais entediado.

O motivo não podia ser mais ultrajante também: ― Estava demorando demais.

Parecia claro que o garoto não entendia o que era ser um herói. A opção havia sido jogada a ele, e aceita como se ele não tivesse algo melhor a fazer. Um desperdício de uma mente brilhante e uma quirk poderosa.

Por Yokimiru, ele já havia sido expulso da escola e jogado na prisão, mas o tremendo potencial que seria perdido havia impedido esse destino. E assim, teria que ver o malcriado sair com alguns meses de serviço e um beliscão no pulso. Ao menos ele achou que seria o caso até ler o contrato.

Ele teria que se formar e cumprir seu serviço como herói e se colocar a serviço da comissão para qualquer missão, mesmo depois disso.

― Os termos estão expostos. Caso seja acordado, o réu em questão entrará pelo estágio da comissão, como pena pela transgressão nos próximos meses. Caso não exista acordo, ele será julgado de acordo com as normas previstas no estatuto.

A presidente deixou claro que não havia escolha, todos na pequena sala fitaram o adolescente e seu represente esperando alguma discordância, mas não houve nenhuma.

― Vou deixar claro que esse acordo só existe em vigência do grande potencial que o réu carrega, e eu espero, de verdade, não termos mais problemas com isso, ou as consequências não serão tão abrandadas. Você tem uma família que não tem obrigação nenhuma o ajudando e segurando suas costas, não desperdice isso.

Yokimiru não ficou surpreso quando o acordo foi assinado, não havia muito que pudesse ser feito. Para ser justo, o garoto não parecia se importar também. Daria tudo para saber o que se passava na cabeça de alguém assim.

Acordo assinado e a papelada passada, ele guiou o infrator até seu escritório, porque claro que deixariam a responsabilidade em cima dele. Ele o seguiu com a mesma cara de tédio pelo corredor e sentiu sua sobrancelha tremer com isso. Ele já sabia exatamente quem colocar como babá desse problema.

Por sorte esse agente em especial estava no Japão pela semana, e a comissão, como detentora do estágio do garoto poderia o mover para onde quisesse nos próximos meses.

A teoria do caosWhere stories live. Discover now