Capítulo XIII - A órbita de um Midoriya

861 96 69
                                    

Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha de volta para você.

Friedrich Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal.

As ruas de Hosu estavam se tornando território proibido para muitos vilões. Com Nora e Stain andando por esses becos, e em consequência trazendo mais heróis com eles tentando os capturar, Hosu no momento não era o lugar ideal para se tentar praticar um crime.

Por isso era compreensível que Xin estivesse nervoso ao andar por lá no meio da madrugada. Mais ainda pelo motivo de estar lá especificamente. Mesmo com um grupo de seis ele se sentia intimidado. Ele nunca havia visto Nora pessoalmente, mas ouvira todos os boatos. Inclusive sobre como a quirk dele poderia ser uma contrapartida da sua. Era quase um consenso a esse ponto, já que ele sempre jogava o que se podia fazer contra você mesmo.

Uma quirk interessante, quando não era usada contra você.

Podia ser pior, podia ser Stain. Pelo menos Nora não tinha o costume de deixar corpos pelo caminho. Pelo o que sabia.

-Tem certeza que ele está aqui?

Mao murmurou irritado a sua frente.

-Se está com tanto medo, volte para casa.

Os dois sabiam que isso não era possível. Ele sentia que havia assinado um contrato com o diabo. O retorno era bom, e ele não era contra criar um pouco de caos para os heróis, mas todos sabiam que era algo sem volta.

Ele só não estava confortável em pegar a missão que todos tinham falhado até então. Ainda mais quando tal missão era procurar alguém de quem seu primeiro instinto era fugir. Olhos laranja demoníacos, era o que diziam. Rápido e correndo pelas paredes como um homem possuído. Com certeza alguma mutação.

-Por Cristo, pare de balbuciar seu maldito, ou eu mesmo te mato. É só achar esse desgraçado do gato e dar um recado.

-Que ninguém conseguiu até agora.

-Eu não sou ninguém. O lunático quer ele? Vou levar arrastado pelo rabo.

-E por isso eu não uso um rabo.

A voz repentina os fez paralisar. Xin olhou para trás apenas para notar que os outros homens estavam caídos no chão ou amarrados na escada de incêndio. Mao gritou irritado, seus braços se esticando prontos para atacar, mas antes que ele pudesse ouviu um zumbido e o brilho de uma corrente elétrica, o corpo dele caindo no chão pesadamente.

Na penumbra ele via apenas os olhos laranja e a silhueta escura, mas as orelhas não deixavam dúvidas de quem era. Xin estendeu a palma das mãos e liberou o impulso, em pânico. A sombra se moveu e por um momento ele achou que havia acertado. Por minutos ele continuou atacando a esmo, sua respiração era a única coisa que se ouvia junto aos zunidos dos espinhos, os olhos procurando ao redor.

Ele respirou em alivio, apenas para algo cair em suas costas o levando ao chão. Suas mãos foram torcidas, suas palmas em direção ao seu peito. Sem chance de atacar sem se machucar.

-30 segundos a cada liberação, o dobro quando fica exausto. – A voz mecânica murmurou em seu ouvido e seu terror aumentou.

-Só um recado! Só viemos dar um recado. – A pressão aumentou em seu pulso. Se entrasse em pânico ia criar um buraco na própria barriga naquele ponto. – Eu juro!

-De quem seria esse recado?

-Da liga dos vilões!

-Que nome criativo. O que eles querem de mim?

Xin se sentiu relaxar minimamente, ao menos ainda estava vivo.

-Fazer um convite. Eles estão recrutando pessoas. – O silêncio o fez entrar em pânico novamente. – O dinheiro é bom. – Nada. – E eles vão liberar as ruas dos heróis, vão matar All Might. Caos social. Não vão perseguir mais você, vê?

A teoria do caosWhere stories live. Discover now