Superações - Série SENTIMENTOS (Livro 1)

Capítulo 3

Após o pequeno ocorrido do final do expediente, tranco tudo e vou para casa. Chegando no apartamento, vejo Lívia sentada no sofá, mexendo em seu notebook.

-Oi irmã, estudando?- E ela balança a cabeça, recebendo meu beijo na sua têmpora. O sonho da sua vida é se tornar médica.

-Mais ou menos, lendo uns artigos sobre medicina mesmo. Como foi seu dia?- Quando ela pergunta, abro um sorriso animado e me jogo no sofá, ao lado do seu.

-Normal, mas, quando eu já estava fechando a loja, apareceu um adolescente com o irmão mais velho, e meu Deus, que irmão mais velho!- Ela para de olhar o computador e me olha, retirando seus óculos, prestando total atenção em mim.- E quando eles já estavam saindo, ele deu em cima de mim! Quase desmaiei ali no balcão.- Ela dá um sorriso.

-Pegou número, alguma coisa?- Ela pergunta e eu dou uma murchada na animação.

-Não, a única coisa que eu sei é que o nome dele é Pietro e o nome do irmão caçula é Pedro Henrique, que adora ler, por sinal, fez o irmão comprar treze livros pra ele.- Dou uma pequena risada, e Lívia volta a atenção ao seu computador, sorrindo. Escuto meu celular tocando dentro da bolsa e o fisgo de lá de dentro, vendo o nome "Marcela Sant'Anna" brilhando na tela.

-Oi, amiga.- Atendo o celular, com empolgação.

-Oi! Tô ligando pra saber se a senhorita e vossa irmã gostariam de sair comigo, com o Victor e com um amigo dela pra balada nessa noite de sexta-feira.- Quando Marcela diz isso, pergunto a Lívia se ela gostaria de ir, e ela responde que sim, que passou o dia de folga do seu trabalho de garçonete estudando e que gostaria de uma noite festeira.

-Sim Ma, que horas vocês vêm nos buscar?- Digo e Marcela diz, empolgada, que às 21h estaria aqui, na frente do prédio. Despedimo-nos e desligamos o telefone.

Faço a comida e jantamos. Após a refeição, Lívia vai para a cozinha lavar a louça e eu começo a me arrumar. Sempre demorei mais que ela.

Perto do horário combinado, eu e minha irmã terminamos de nos arrumar e mando mensagem para Marcela dizendo que já estávamos prontas, e ela disse que daqui a pouco ela estaria ali.

Conhecemos Marcela a dois anos, na mesma balada na qual vamos hoje.

*FlashBack*

Eu e meus irmãos gêmeos, Lívia e Levi, estávamos na balada comemorando a maioridade dos dois, após uma breve festinha em casa, apenas com nossa família. No meio da dança e da alegria, Levi desaparece com alguma garota e eu e Lívia sentimos a necessidade de ir ao banheiro. Chegando lá, por alguma razão, ele estava bem vazio. Após usarmos os sanitários, ficamos em frente a pia, nos olhando no espelho. No meio da conversa, entra uma menina aos prantos, que lava o rosto na pia, borrando ainda mais a sua maquiagem, que já estava borrada por conta das lágrimas.

-Oi moça, com licença, mas está tudo bem?- Pergunto, já sabendo que não estava tudo bem.

-Está sim, não precisa se preocupar.- Ela diz, indo em direção a porta de saída do banheiro, quando minha irmã a puxa pelo braço.

-Ei, fique aqui. Sua maquiagem está toda borrada, a gente te ajuda.- E, em meio das lágrimas, ela nos deu um sorriso, confiando em nós.

Descobrimos que seu nome era Marcela, e que chorava pois havia visto seu recém-ex-namorado, a quem ela ainda amava, com outra menina, o que, depois de alguns meses, descobrimos que era uma pequena confusão que seus ciúmes tinha causado. Depois de um ano, os dois se reconciliaram, já anunciando o noivado, e, depois daquela noite, após a apresentarmos a Levi, tivemos uma noite divertida, onde, por algumas horas, Marcela esqueceu-se da cena banal que tinha visto ali uns minutos antes, nos conectando e criando uma bela amizade.

Depois de relembrar aquela noite, Marcela nos manda uma mensagem, avisando que já havia chegado. Descemos e, quando saímos para rua, a janela traseira de um carro de luxo abaixa e Marcela acena. Seguimos em sua direção, com Lívia entrando no meio e eu, por último. Cumprimento Marcela e Victor, seu noivo, que está no banco do passageiro. Quando vou cumprimentar o volante, vejo pelo retrovisor um par de olhos claros me olhando, e reconheço na hora.

-Olá.- Ele diz, sem tirar os olhos de mim, e eu respondo sem jeito.

-Senhor Pietro, Oi!- Na hora em que digo isso, minha irmã põem a mão na minha coxa, a apertando, e sei que a mesma está arregalando os olhos.- Não sabia que era amigo da Marcela.- Termino, envergonhada.

-Da onde vocês se conhecem?- Marcela pergunta, desconfiada. Abro a boca pra falar, mas Pietro fala primeiro.

-Ela quem vendeu os treze livros para o Pedrinho hoje.- Ele diz, tirando os olhos de mim e ligando o carro.- E eu sou melhor amigo do Victor, desde que nos entendemos por gente.

O caminho segue praticamente todo em silêncio, e quando chegamos a balada, eu, Marcela e Lívia descemos do carro para que Pietro e Victor pudessem procurar um lugar para estacionar.

-Meu Deus Cecília, que sorte da porra que você tem!- Lívia exclama.- E ele é muito um deus grego mesmo!

Marcela, que estava ao nosso lado na fila para entrar na balada, faz uma cara de quem não está entendendo, e eu explico a situação a ela. A única coisa que ela diz, depois do seu sorriso animado, é:

-Girls, bem-vindas a noite de suas vidas!