Sobrenatural.

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Encaro meu tio, sem conseguir falar. Me faltam palavras diante da situação que eu me encontro: tia Karen, que morreu há anos, está na cozinha fazendo tortas sem parar. Minha tia é uma zumbi. E aparentemente todas as histórias que meu tio me contou são verdadeiras. Existem monstros, eles são reais, maus... e meu tio caça eles. Os mata. Protege pessoas de seres sobrenaturais. E foi por causa disso que ele ficou paralítico. E agora ele está escondendo tia Karen do mundo. Porque ele sabe que está errado, mas a ama demais para mata-la.

E também tem o Apocalipse. Pragas estão se espalhando pelo planeta. Especialmente os Estados Unidos, como se a vida fosse um seriado de TV estadunidense. Por que todos os eventos importantes sempre acontecem aqui? Olá, por que a China não pode sediar o Apocalipse? Rússia? Brasil? México? Austrália? Bahamas?

— Querida? — tio Bobby balança meu ombros gentilmente — consegue me ouvir? Pode me responder?

— Bom — respiro fundo, tentando manter o foco — então acho que tudo bem eu estar namorando um lobisomem.

Agora é a vez dele de ficar em choque.

— Agente Willis falando — observo meu tio fazer seu teatro. Ele parecia seguro até sua expressão congelar — olha... eu não sei quem é esse... eu sou o agente...

Percebo que ele está metido em encrenca, então decido deixá-lo cuidar disso. Levanto-me, abraçando meu livro e indo para entrada do ferro velho, onde uma poltrona antiga mas super confortável fica em cima de um carro, de frente para a estrada. Tia Karen havia forrado um lençol por cima e deixado um cobertor lá para mim. Isso faz meu coração se apertar. Ela me ama como filha e tudo que eu consigo sentir é medo.

Mas quem não sentiria em uma situação dessas?

Quando me canso de ler vou para a sala, assistir um pouco de TV. O noticiário anuncia que o tempo em Washington está péssimo. Ótimo, mais uma coisa para eu me preocupar.

A campainha toca e eu abro a porta para Bobby, já que ele está ocupado com alguns livros.

— Bobby, nós... — um moreno alto para de falar, me olhando como se fosse um alien. Há outro também, mais baixo. Os dois são um pouco mais velhos que eu.

— Oi, eu sou Sarah — aceno para eles — sobrinha do Bobby.

— Sarah — repete o mais baixo, estreitando os olhos.

— Tio, você tem visita! — grito, recebendo resmungos em resposta — quem são vocês?

— Dean e Sam Winchester — o mais alto responde, trocando olhares com o outro.

— Os Winchester! — grito novamente e desta vez o velho grita que para eles irem até ele.

Dou espaço para eles entrarem e fecho a porta, os seguindo até o cômodo que meu tio está. Me encosto na parede, ficando calada e observando a cena a minha frente.

— Sabe quantas vezes ligamos? O que esteve fazendo? — Dean reclama.

— Jogando queimada — língua afiada definitivamente é de família.

— Que cheiro é esse? É sabão? Andou limpando aqui? — ele parece confuso e impressionado ao mesmo tempo.

— Quem você é, minha mãe? — tio Bobby reclama, fazendo o outro se calar.

— Sério, Bobby — Sam pede.

— Estive trabalhando — meu tio responde seco — você sabe, trabalhando em um jeito de deter o diabo.

Sinto meu corpo arrepiar de medo. É muito surreal que demônios existem e toda a merda sobrenatural que Bobby me ensinou durante anos.

— Encontrou algo? — Dean pergunta.

haunted • twilightWhere stories live. Discover now