Capítulo 3

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Valentina sentia seu sangue ferver que tipo de empresa era essa que maltratava as pessoas até mesmo na sala de seleção. Aquilo era inadmissível e uma tremenda falta de consideração. - pensou ela.

Valentina entrou na sala e sentou na cadeira, a mulher a sua frente parecia perdida em pensamentos e nem havia prestado atenção que ela chegará. Valentina se mexeu na cadeira tentando fazer a mulher prestar atenção que alguém tinha chegado na sala.

Sophia estava absorvida em seus próprios pensamentos depois que Bruna saiu da sala, estava bufando de raiva e para completar a desgraça do seu dia tinha recebido uma mensagem de seu pai. Ele estava de passagem pelo Brasil e queria marcar um jantar com ela e Julio.

De dois em dois meses seu pai vinha ao Brasil e o inferno estava instaurado, Sophia odiava ter que fingir ser quem não era e aquilo lhe tirava do serio. Seu pai já vinha jogando indiretas sobre uma ter uma vida estável e sobre ter netos. Mas Sophia sempre fugia do assunto, e sabia que durante o jantar o assunto voltaria a tona.

Percebeu que uma nova candidata tinha entrado na sala e se mexia na cadeira.

Droga, eu nem vi essa moça entrar, preciso de concentrar no trabalho. - pensou.

Sophia observou a menina, ela era alta, cabelos loiros, olhos azuis marcantes, ela era linda e como era. Se isso não fosse uma entrevista de emprego com certeza Sophia daria em cima dela, mas aquele não era um momento e ela nunca misturava trabalho e prazer.

Valentina observava Sophia com os olhos pegando fogo, ela estava furiosa como a mulher havia tratado Carol minutos antes.

- Bom dia Valentina, certo? - disse olhando o currículo. 

- Sou Sophia Bush e vou lhe entrevistar para a emprego.

- Sim. - respondeu Valentina secamente.

Sophia observou o currículo da garota minuciosamente.

- Seu currículo é muito bom, você esta cursando direito. - afirmava Sophia enquanto lia seu currículo em voz alta.

- Correto. - disse Valentina.

Sophia perguntou mais umas questões sobre a faculdade, Valentina respondia quase monossilábica.

- Ok, ja tenho as informações que preciso, se a senhorita for selecionada entraremos em contato - disse Sophia.

- Só isso? Não vai me perguntar se tenho filhos e me descartar como é a política dessa empresa? - saltou Valentina sem se importar com as consequências do que tinha dito.

Sophia ficou encarando a menina sem entender de onde tinha vindo toda aquela empáfia.

- Em primeiro lugar senhorita eu não sei com quem você pensa que está falando, mas eu exijo respeito. Em segundo lugar, não sei de onde você tirou essas informações, porque elas são infundadas a vida profissional de meus funcionários nunca foi importante nem sequer definidor para qualquer contratação. - bufou Sophia.

- Engraçado - debochou Valentina. A última moça saiu daqui chorando, por quê, então? E não, eu não sei quem você é. Você exige respeito, mas não foi capaz de cumprimentar ninguém quando passou por nós ao chegar aqui. Se a falta de educação e a falta humanidade fazem parte da política da empresa eu nem sei o que estou fazendo aqui.

Mas que garota atrevida, apesar de não ter noção nenhuma do que fala. - pensou Sophia.

- Eu não lhe devo justificativas, mas já que você quer saber eu vou lhe dizer, a moça que foi entrevistada antes de você, foi contratada, e sim eu sei que ela possui um filho pequeno. Mas como disse para ela repito para você. Nossa empresa não contrata funcionários baseados na sua vida pessoal, nós contratamos pessoas competentes e que cumpram o serviço para o qual serão designados. E quanto a política da empresa respeitamos todos e por isso somos referência no ramo de advocacia - disse Sophia.

Valentina escutou as palavras de Sophia e ficou calada por uns segundos absorvendo aquilo, então Carol tinha sido contratada por isso as lágrimas nos seus olhos.

Droga, droga, acabo de destruir qualquer chance de trabalhar em umas maiores agências de advocacia pela minha mania de querer ser a defensora. Idiota Valentina como você é idiota. - pensou.

- Eu sei que as minhas chances de ser contratada agora não existem mais e a culpa é toda minha. Mas fui educada para saber pedir desculpas quando cometo um erro. O mercado de trabalho é complicado e a menina me contou dos empregos que tinha sido recusada por ter um filho, aquilo mexeu comigo estamos em 2019 e coisas desse tipo ainda ocorrem, e pra mim beiram o absurdo. Mas em fim, não vou mais ocupar seu tempo com as minhas divagações e mais uma vez desculpe pela maneira como falei, fui extremamente mau educada.

Valentina olhou para a mulher a sua frente, tentado entender as suas reações, mas não conseguiu descobrir nada.

Sophia por outro lado estava admirada e divertida pela audácia da jovem, e sua integridade em pedir desculpas.

- Desculpas aceitas, mas devo lhe informar que é importante checar todos os fatos antes de acusar alguém, como futura advogada já deveria saber e na minha empresa atitudes  como essa sem qualquer embasamento são casos de demissão. - falou Sophia seria.

- Eu entendo, tenha um bom dia. - disse Valentina resignada, tinha perdido uma oportunidade única e só tinha um culpado para aquilo, ela mesma.

Valentina saiu da sala e Sophia ficou observando cada movimento seu.

Era uma jovem linda e aquele atrevimento dela a deixava ainda mais linda, aquela mulher era uma maldição, capaz de destruir corações. - suspirou Sophia.

Sophia não podia negar que aquela empáfia da menina, lembrava ela mesma nos primeiros anos da faculdade de direito disposta a defender as injustiças do mundo e proteger tudo e todos. Aquela lembrança boa do início da faculdade fez Sophia sorrir, e a tomar uma decisão. 

Terminou as entrevistas e selecionou dois currículos e deixou separado. A empresa precisava de apenas um funcionário, mas Sophia tinha seu feeling e esperava que a sua decisão tenha sido a mais correta a tomar.

Pegou sua bolsa e saiu da agência, ainda tinha muito trabalho para fazer, e teria que avisar Julio do jantar com seu pai, para manterem a farsa.

Amor Improvável (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora