CONFERINDO O SUSPENSE PSICOLÓGICO

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Suspense é a mistura de tensão, curiosidade e emoção (Corrêa, Sérgio Vasconcellos).

Imagine uma cena que começa com o diálogo entre quatro estudantes universitários dentro de um carro. Algumas páginas depois, um policial para o veículo e pede que todos desçam com calma, com as mãos para cima. Ao sair do carro, os personagens veem um rastro de sangue que se alonga pela estrada por onde o veículo passou. O policial abre o porta-malas e descobre três corpos dilacerados. Uma cena chocante e inesperada, que cria tensão por surpreender o leitor com um acontecimento que subverte suas expectativas.

Agora imagine exatamente a mesma cena mas, desta vez, o escritor compartilha no início do texto que, sozinho, um daqueles quatro estudantes – sem revelar qual deles – matou três pessoas e as colocou no porta-malas do carro. Escutamos o policial se aproximando e pedindo para o motorista parar no acostamento. Porta-malas aberto, corpos dilacerados. Perceba como a atmosfera muda quando comparamos à cena anterior, simplesmente porque o escritor compartilhou a informação sobre a presença de um assassino no carro. Tal cena mantém um nível de tensão desde o início e desperta curiosidade para desvendarmos o mistério de qual dos quatro estudantes cometeu os crimes. [1]

Imagine analisar todo o caso acima do ponto de vista de um personagem psicologicamente afetado? E se ele estivesse entre os passageiros do carro?

Imagine analisar todo o caso acima do ponto de vista de um personagem psicologicamente afetado? E se ele estivesse entre os passageiros do carro?

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Suspense psicológico é uma narrativa de suspense que enfatiza os estados psicológicos instáveis ​​ou delirantes de seus personagens. Em termos de contexto e convenção, é um subgênero da estrutura narrativa de thriller mais ampla [2], com semelhanças com a ficção gótica e de detetive, no sentido de as vezes ter um "senso de realidade em dissolução". É frequentemente contada através do ponto de vista de personagens estressados ​​psicologicamente, revelando suas percepções mentais distorcidas e focalizando as complexas e freqüentemente torturadas relações entre os personagens obsessivos e patológicos [3]. Suspense psicológico geralmente incorpora elementos de mistério, drama, ação e paranoia. Não deve ser confundido com o horror psicológico, que envolve mais terror do que temas psicossomáticos.

Segundo o diretor John Madden, os thrillers psicológicos se concentram na história, no desenvolvimento do caráter, na escolha e no conflito moral; o medo e a ansiedade conduzem a tensão psicológica de formas imprevisíveis [4]. Os thrillers psicológicos exploram a incerteza sobre os motivos dos personagens, a honestidade e como eles vêem o mundo. [5]

No entanto, James N. Frey define os thrillers psicológicos como um estilo, em vez de um subgênero; Frey afirma que os bons thrillers focam na psicologia de seus antagonistas e constroem o suspense lentamente através da ambiguidade [6].

 Frey define os thrillers psicológicos como um estilo, em vez de um subgênero; Frey afirma que os bons thrillers focam na psicologia de seus antagonistas e constroem o suspense lentamente através da ambiguidade [6]

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O autor Edgar Allan Poe é o mais conhecido e clássico nesse gênero. Muitos afirmam que a vida do autor, permeada em dúvidas e desencontros, se refletiu muito em suas obras.

Nas palavras de Doctorow [7] Poe foi um gênio estranho que viveu em um casulo narcisista de tormento, teve uma vida repleta de tragédias e a margem da miséria. Sua ficção, tão espetacularmente guiada por temas de horror, sugere que suas histórias tenham sido originadas em seus sonhos mais recônditos. Nela o leitor se defronta com funerais prematuros, assassinatos movidos por vingança e múltiplos desvios de personalidade. Levando-se em consideração a proporção de toda a sua obra, Poe matou mais mulheres que Shakespeare, porém ele as mata e elas ainda assim retornam. Elas assombram, porém perdoam. Elas nascem umas das outras e se mesclam novamente na morte.

Falar sobre Poe é tão desafiador quanto ler sua obra, composta de contos, poemas e ensaios. Isto porque ele foi um escritor capaz de retratar temas e situações que não conseguem deixar o leitor imparcial, que criam uma gama imensa de imagens, sejam elas reais ou não, produtos da loucura ou da sanidade absoluta e que atingem diretamente o seu destinatário, tornando-o cúmplice daqueles crimes, daqueles desvarios [8].

Confiram algumas dicas de leitura e se aventurem nesse sub gênero:

- O Gato Preto - Edgar Allan Poe

- No Canto Mais Escuro - Elizabeth Haynes

- Em Parte Incerta - Gillian Flynn

- A Máscara da Morte Escarlate - Edgar Allan Poe

- O Corvo - Edgar Allan Poe

- O Poço e o Pêndulo - Edgar Allan Poe

- O Poço e o Pêndulo - Edgar Allan Poe

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Referências

1 - Corrêa, Sérgio Vasconcellos. "Como criar tensão mistério e suspense em uma cena". Disponível aqui.

2 - Dictionary.com, definition, , Accessed November 3, 2013, "...a suspenseful movie or book emphasizing the psychology of its characters rather than the plot; this subgenre of thriller movie or book – Example: In a psychological thriller, the characters are exposed to danger on a mental level rather than a physical one...." apud Wikipédia Internacional.

3 - Christopher Pittard, Blackwell Reference, , Accessed November 3, 2013, "...characteristics of the genre as "a dissolving sense of reality; reticence in moral pronouncements; obsessive, pathological characters; the narrative privileging of complex, tortured relationships" ( Munt 1994)..." apud Wikipédia Internacional.

4 - Bowie-Sell, Daisy (2012-01-23). . . Retrieved 2013-11-01. apud Wikipédia Internacional.

5 - Whitney, Erin (2012-11-15). . . Retrieved 2013-08-21. element of a psychological thriller because ... suspenseful feeling of who did what, who's being honest ... about perception...(2010). . . pp. 15–19. . apud Wikipédia Internacional

6 - Barton, Steve (2008-05-27). . . Retrieved 2013-11-01. apud Wikipédia Internacional.

7 - DOCTOROW, E.L. Our Edgar. The Virginia Quarterly Review, 82, p. 240-7, 2006.

8 - Perna e Laitano. "O Clássico Edgar Allan Poe". Rev Letras de Hoje, 2009.

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