Sedative

Capítulo XII - Convites

Havia algum tempo que Hogwarts não ficava tão abafada com um início de primavera, mas todos seguiam com suas atividades normais da manhã ao tomar café. Boa comida, boas conversas e boas correspondências. Geralmente Sirius Black quase nunca recebia alguma coruja, com exceção de, periodicamente ou por sorte, chegar alguma edição de "O Profeta Diário". Chegar uma coruja em um dia qualquer, trazendo uma carta com a letra da sua mãe no envelope não era a única coisa estranha que estava acontecendo naquele dia.

- Por que sua mãe lhe mandaria alguma coisa, qualquer coisa? – perguntava James curioso enquanto observava o envelope aveludado em cor pastel que a coruja tinha acabado de soltar em suas frentes.

- Eu acho isso tão bizarro quanto você. Me dá isso aqui. – Sirius puxou das mãos do amigo enquanto era acompanhado pelo olhar de curiosidade de Lilian e Marlene. – É um convite – disse confuso – de um casamento.

- Achei que você tinha fugido da casa da sua mãe. Quem da sua família iria se casar? – Marlene perguntou ao puxar o envelope para ler o que havia escrito nele.

- Mas eu fugi. E Narcisa está se casando. – respondeu.

- Oh... Malfoy... – Lilian deixou escapar, pedindo desculpas em seguida e corando bastante por isso.

- Tem um p.s. no envelope, acho que esse é da sua mãe. Diz: "Não envergonhe ainda mais a sua família e apareça neste casamento." – Marlene colocou a correspondência na mesa novamente. Houve um longo momento de silêncio onde todos permaneceram olhando para Sirius.

- Você vai? – perguntou finalmente James.

- Quem sabe?

Sirius pensou em todos os porquês de ter recebido aquele convite e não pensou em nenhum que fosse significante, já que suas relações com a família não eram boas. Indagou, em um curto espaço de tempo, todas as possibilidades de quem poderia encontrar e, por um momento, se animou e seu coração aqueceu, fazendo irradiar calor por todo o seu corpo, que não era do clima abafado daquele dia. Faltava aproximadamente um mês.

Seguiram para suas aulas como de costume nas terças-feiras. Como não houve tempo de dar uma passada na sala comunal da Grifinória Sirius andava com o convite recém-chegado em sua bolsa, junto com seus amontoados de penas, de tintas e de pergaminhos. Ele tinha certeza, é claro, que talvez o convite merecesse um lugar menos desorganizado, mas era o que tinha para aquele momento. Em alguns momentos durante a manhã ele puxava, desconfiado, o papel pastel e aveludado de sua bolsa e o observava quando ninguém estava olhando: com letras finas e bem trabalhadas, o convite especificava que o local seria na mansão dos Malfoy... Fazia algum tempo que ele não recebia notícia nenhuma de Roxanne. Não era muito, mas era o suficiente. Apesar de estar com Marlene, e ela ser uma excelente pessoa, sentia a falta da garota dos Malfoy. Ele havia decidido assim, que era o melhor que os dois podiam fazer antes de se destruírem à distância. Porém inúmeras ideias começaram a se passar na sua cabeça naquele dia, mas no fundo já sabia o que fazer.

X

No salão principal em Beauxbatons, o vento frio corria e fazia a barra de suas saias balançarem mesmo sentadas. Roxie permanecia sentada, animada, mexendo em fios soltos da sua trança que faziam contraste com seu uniforme azul. Comia o café da manhã com Margot quando Lola chegou atrasada com um envelope nas mãos. Avisou que havia achado enquanto se arrumava naquela manhã, que talvez não tivessem visto devido à animação do dia anterior.

- Não resisti e sem querer eu acabei abrindo – afirmou Lola – é um casamento. – Roxanne abriu e viu que se tratava do casamento de Lucius, em maio e que seria, inclusive, na mansão dos Malfoy. – Eu adoro casamentos.