•Ameno•

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[Gênero: Suspense]

Mais uma noite fria em Walnut District. Na rua já não mais movimentada, o único barulho que se ouve são dos saltos de Wendy se chocando contra chão. A jovem caminha a passos rápidos pela calçada, abraçada ao próprio corpo, tentando se proteger do vento frio, que a cada sopro, alvoroça seus cabelos.

Depois de mais um longo e exaustivo dia de trabalho, ela segue em direção ao seu apartamento, que fica a uns três quarteirões do seu serviço. O percurso já tão conhecido por ela, parece nunca ter fim.

Enquanto anda distraída, olhando para os próprios pés, o celular de Wendy vibra. A jovem se apressa, tentando achar o aparelho, mas num descuido deixa a bolsa cair no chão aberta, esparramando seus objetos por toda a calçada.

- Merda! - Resmunga.

Ela se agacha e começa a recolher item por item jogando bruscamente dentro da bolsa, enquanto sussurra alguns palavrões. Neste momento uma luz alta quase cega a jovem, que leva a mão nos olhos tentando amenizar a claridade.

Aos poucos a luz vai passando por ela, e o barulho do motor parando faz Wendy cessar seus movimentos. Um carro cinza encosta no meio fio e a porta do motorista é aberta. Mais passos ecoam pela rua, e de repente um par de sapatos sociais param de frente a jovem.

Wendy ergue a cabeça lentamente, olhando de baixo para cima, até encontrar os olhos do homem, que agora a encarava.

- Precisa de ajuda moça? - Ele pergunta, enquanto retira do bolso uma pequena caixa retangular.

- Não, tá tudo bem, eu já terminei. - Wendy pega rapidamente o último objeto e joga a bolsa no ombro, se levantando rapidamente. - Eu preciso ir, tenha uma boa noite.

Quando ameaça dar um passo, a jovem é impedida pelo homem, que agarra seu braço com força, fazendo com que ela dê um grito pelo susto.

- Você não vai a lugar nenhum e vai fazer o que eu disser.

- Me solta ou eu vou grit...

Wendy não conseguiu terminar. Ela sentiu uma picada no pescoço e instantaneamente tudo foi ficando escuro. Sua visão ficou embaçada e suas pernas já não respondiam mais a ela. O corpo da jovem foi caindo lentamente, sendo amparado pelo homem desconhecido.

Ele a carrega até o carro, abre o porta-malas e joga o pequeno corpo desfalecido de Wendy ali. Bate a porta com força, que faz um barulho abafado. Entra novamente no veículo, assumindo a direção, mas antes de dar partida, retira do bolso do paletó um gravador e aperta o botão vermelho:

- Cobaia 33 - Teste com metaprezona iniciado às 23:46 hrs.

Ele solta o rec e joga o aparelho no banco do passageiro. Estica o braço e liga o som do carro, que começa a tocar Ameno - Era. Dá partida e sai pelas ruas desertas, quebrando o silêncio da noite com a triste melodia que saía de seus alto-falantes:

"Dori me, interimo adapare, ameno..."
(Sinta a minha dor, absorve-me, toma-me, liberte-me)

Fim...

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