Embaixo da cama

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Estava deitada com os pés balançavam para fora da cama, enquanto digitava rapidamente uma mensagem para sua amiga falando sobre a festa do próximo sábado. A animação era tão grande que nem sentia sono, e mesmo sabendo que no outro dia teria uma horrível aula de educação física nos primeiros períodos, com o professor que tanto desgostava, não conseguia se abalar.

Finalmente, depois de tanta espera, poderia ter seu momento com Felipe. O conhecia desde que era um bebê, foram praticamente criados juntos, já que se tratava do filho da melhor amiga da sua mãe e vizinho. Na verdade, o problema de Felipe era exatamente esse, nesses 16 anos de existência, a maior parte do tempo teve um crush pelo rapaz, que na verdade não faz nem ideia dos sentimentos da garota. Mas, sábado seria o dia. Estaria linda, conversariam, e iria fazê-lo perceber o quão maravilhosa é. Plano perfeito!

Começa a sentir a necessidade de dormir, e não é de menos, o celular marca que já se passaram das 3 da manhã. Com certeza levaria uma bonita bronca de sua mãe.

Tinha acabado de cair no sono quando ouve um barulho alto, se remexe na cama e tenta ignorar, devia ser o vizinho levantando para trabalhar. Voltou a fechar os olhos. Não teve nem tempo de começar a cochilar, e novamente o barulho.

Dessa vez era ainda mais alto. Era praticamente como se algo estivesse batendo no chão de seu quarto. O pensamento mal tinha sido completo, quando sentiu um arrepio percorrer sua coluna.

É idiotice, pensou contigo mesma, essas merdas não existem. Eu apenas tenho de parar de ver filmes de terror Se alguém do colégio descobre que eu ainda me assusto com essas merdas é certeza que vou ser alvo de brincadeiras, recriminou-se e voltou a tentar dormir.

Essa última tentativa de embalar-se nos braços de Morfeu, trouxe bons frutos, finalmente conseguiu dormir, e mesmo sentindo o peso do sono ruim acordou no horário, conseguiu se livrar das broncas da mãe e até mesmo sobreviveu as aulas do dia.

Chegou em casa passada a hora do almoço, estava morrendo de fome e teria de dar um jeito com as sobras da geladeira. Correu até seu quarto para trocar de roupa, deus a livre se manchasse a camiseta branca do uniforme, sua mãe arrancaria seus rins a sangue frio.

Trocou de roupa rapidamente colocando seu pijama, já estava de saída do quarto quando sem razão olhou para o chão, exatamente aquela parte que fica em baixo da sua cama e novamente sentiu aquele arrepio estranho.

Haviam largos e fundos riscos no porcelanato, e dado o resíduo ao lado das marcas elas eram novas, mal pensou ao respeito do que poderia proporcionar aquilo, apenas correu até a cozinha batendo a porta do quarto quando saiu. Suas pernas tremiam, e dessa vez o arrepio foi mais violento.

O que diabos está acontecendo aqui? – Pensou tentando se acalmar.

Tentou inutilmente levar o resto do dia como se nada tivesse acontecido, precisava da sensação de normalidade. Precisava se manter bem até sua mãe chegar do plantão no hospital. Até pensou em mencionar o ocorrido para sua melhor amiga, mas sabia com toda certeza que não apenas a julgaria como não conseguiria manter a história para si, e em menos de uma semana a escola saberia e estaria fazendo piadas do ocorrido. Já foi bem difícil manter ela em silêncio sobre o Felipe.

A sensação de estar sendo vigiada predominava seus sentidos, depois do vislumbre que teve não conseguia ficar sozinha em seu quarto, era desolador, além de colocá-la em uma posição estranha. Afinal, não sabia do que se tratava, mas algo errado, muito errado estava acontecendo em seu quarto enquanto dormia, e a assustava não saber.

Sua mãe chegou passada da meia noite, encontrou-a vendo televisão com todas as luzes de sua casa acesa, coisa que sua filha não fazia desde os 10 anos, quando achava que tinha um bicho-papão no seu no seu armário.

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