Epílogo

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"Amor quando é amor não definha

E até o final das eras há de aumentar.

Mas se o que eu digo for erro

E o meu engano for provado

Então eu nunca terei escrito

Ou nunca ninguém terá amado."

-William Shakespeare

Highgrove House, Inglaterra

Domingo, 4 Novembro de 1779

Lorde Adalbeorht Hinxstone ansiava que aqueles últimos dias não passassem de apenas um pesadelo, sua querida esposa, uma mulher forte e de hábitos saudáveis adoecera fisicamente e mentalmente, deixando-a debilitada em seus aposentos por durante nove dias. Lorde Hinxstone convocara todos médicos do condado para tentar reanimá-la, mas nem o mais precioso tônico havia efeito sobre os sintomas de fraqueza e dor que atormentavam aquela pobre mulher. Na ultima noite antes que desfalecesse Lady Brianne abraçara forte sua adorável filha, e adormecera com ela sobre seus braços até seu ultimo suspiro de vida.

Highgrove House, Inglaterra

Sábado, 6 de setembro de 1780

Lady Katherina desfrutava da companhia de sua aia, enquanto podava suas roseiras retirando galhos irregulares e ressequidos de seu precioso jardim, apesar de muito jovem, as pequenas mãos da menina alcançavam até os galhos mais envoltos de espinhos sem que sofressem um só aranhão. Lorde Hinxstone desaprovava a atitude de sua pequena filha que fazia questão de executar uma atividade tão simplória que a fizesse suar, sujar e criar calos em suas delicadas mãos. Ele desejava que sua filha viesse a ser uma refinada duquesa, com habilidades de canto e bordado, mas sua falecida e amada esposa almejava que Katherina fosse mais do que uma bela donzela. Almejava que fosse uma jovem esperta, com habilidades correspondentes a de um rapaz, por isso fazia questão que Katherina estudasse livros contábeis, cavalgasse, e participasse de negociações enquanto seu pai estivesse gerenciando suas terras.

-Lady Katherina... -chamou sua aia, que pouco distante dali, permitia-se tirar segundos de descansos em uma namoradeira esquecida e pouco adornada do jardim. -precisamos voltar para dentro, a senhorita precisa se limpar, nossas novas hóspedes irão chegar à qualquer instante, e seu pai irá me jogar no caldeirão fervente da cozinha ainda viva, se a senhorita não estiver apresentável quando Lady Maree chegar.

-Pare de ser tão dramática Ravendra. Estou quase terminando.

Escutando sua resposta, a aia Ravendra que adorava aquela menina como se fosse sua filha, levantou-se da namoradeira e juntou-se a Katherina que guardava sua tesoura de poda e outros instrumentos de jardinagem que estavam espalhados no gramado que começara a mudar de cor, devido ao rigoroso inverno que havia se estendido por mais de um mês na região de Doughton onde Highgrove House estava localizada.

-Se a mamãe estivesse viva, ela estaria me ajudando agora. -a menina que usara seu avental como uma valise, saltou de onde estava e saiu correndo até a frente de sua casa, onde largou imediatamente os instrumentos no chão ao avistar as novas hospedes a entrada de Highgrove House. Duas mulheres extravagantes desciam de uma carruagem com a ajuda de seu cavalariço. Uma delas segurara seu enorme chapéu decorado com penas de pavão, com o cuidado para que não saísse planando com o vento de final de tarde. E a outra uma senhorita mais jovem, Katherina imaginara ter quase sua idade, que somará um pouco mais que a metade uma dúzia de ovos.

-Lorde Hinxstone, não sabe o quanto senti sua ausência.

Expressando um grande fervor a mulher mais velha de chapéu extravagante e com decote exagerado, aproximou-se de Adalbeorht com um sorriso deselegante, muito deselegante, de acordo com o que Katherina pensara. Ela era jovem de mais para entender sobre cortejos, mas estava ciente de que aquela mulher, que também era viúva fora trazida até Highgrove House com o intuito de se tornar a nova duquesa, e sua madrasta.

-Lady Maree, passaram-se apenas alguns dias desde a ultima vez em que nos encontramos em Londres.

-Dias que pareceram uma eternidade, Lorde Hinxstone -jogando todo seu charme Lady Maree tirou suas luvas e ofereceu sua mão para que Adalbeorht a conduzisse até a entrada de seu grandioso casarão de campo, onde planejara se instalar até o final de sua vida.

Maree Haigh era uma mulher geniosa, sabia muito bem como conseguir o que queria, e o que ela mais ambicionava naquela ocasião era o titulo de condessa de Doughton tanto quanto as riquezas que a acompanhariam com seu titulo. Seu ultimo marido que era apenas um Visconde havia morrido jovem, em uma ocasião vantajosa para Lady Maree que esperta como uma raposa não perdera tempo em encontrar um novo marido para suprimir sua ambição de tornar-se uma mulher de mais alto escalão da nobreza.

-Papai! - gritou Katherina enquanto corria em sua direção, perdendo o fôlego devido a sua asma.

Não se importando que suas vestes não estivessem apropriadas para a recepção, ou que seu rosto estivesse com marcas borradas de dedos cheios de terra, ou que estivesse suada, Katherina pulou no colo de seu pai, que soltou imediatamente a mão de Lady Maree para segurar nos braços sua filha.

-Katherina, achei que estivesse em seu quarto se arrumando com seus laços, minha filha.

Katherina apenas sorriu e abraçou o pai grudando suas mãos em seu pescoço. -Estava podando minhas roseiras.

Lady Maree com olhar de espanto, subiu suas mãos até a boca e retrucou que uma jovem dama nunca se deveria permitir cumprir tal tarefa. E comparou ligeiramente Katherina a sua filha que delicadamente ajeitava seus cachos loiros que caiam sobre seu ombro. -Brandalynn sequer sujou as unhas durante seus nove anos de vida.

-então ela era uma ano mais nova que eu... -logo presumiu Lady Katherina.

-Brandalynn fora sempre uma menina educada, seus esforços com o piano e bordado certamente serão recompensados um dia com um belo marido.

A garota parecendo entediada com todo aquele palratório sorriu para disfarçar seu desgosto com a mãe, que constantemente elogiava a filha, dizendo que seus talentos eram imcoparaveias ao de outra jovem.

Katherina cansara-se de escutar o que a mulher dizia, desceu do colo de seu pai que já estava na entrada principal de sua casa, e saiu correndo em direção ao seu quarto, onde certamente encontraria sua aia, preparando-lhe um banho em sua tina.

-Veja Adalbeorht, uma dama nunca deve sair correndo, na frente de visitas.

Escutara de longe Lady Maree informando ao seu pai que daquele dia em diante ajudaria a educar bem a sua filha. Katherina certamente odiaria aquela mulher em sua casa, odiaria que ela se tornasse sua madrasta, e desejava que sua mãe ainda estivesse viva, ela nunca havia sido repreendida por apenas correr livremente em sua própria casa, Katherina sabia que em eventos sociais em Londres ou em visitas e chás de primavera seu comportamento deveria ser outro. Ela sabia como se portar em sociedade, mas não queria se importar em como agiria em sua própria casa. Highgrove House era seu refugio, seu lar, onde estavasua família. 

Lady KatherinaWhere stories live. Discover now