ℛℴ𝓈ℯ𝓂𝒶𝓇𝓎

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— O filho da puta me ama, Jungkook.

— É, ele te ama. Você vai mesmo fazer isso? — Jungkook perguntou com a voz suave.

Me afastei do mesmo e observei o olhar extremamente sereno que Jungkook tinha.

— Eu realmente preciso fazer isso.

Levantei eu fui até o banheiro, abri lentamente a torneira e joguei uma abundância de água no rosto. Ao olhar meu reflexo no espelho, só consegui ver o miserável que sou.

— Você não precisa. — Jungkook diz ao se encostar na porta do banheiro.

— Vamos.

Sai do banheiro e caminhei lentamente até o andar de baixo chegando na sala.

— Está tudo bem? — Jin pergunta antes de abrir a porta de saída.

— Nunca esteve melhor. Podemos ir?

— Claro.

[...]

O olhar dos poucos convidados era ameaçador, eu apenas fazia o bom trabalho de desviar cada olhar cortante, é como se eles me perguntassem: É isso mesmo que você quer?

E então, eu podia sentir vários pontos de interrogação rodaram como um carrossel sobre minha cabeça, me deixando totalmente atordoado.

A pressão de esperar uma dama no altar era demais para mim. Talvez eu apenas desejo estar em casa, assistindo um bom filme e sentindo o sabor da pipoca derretendo na minha boca. Pequenos momentos os quais passei ao lado de Yoongi.

— Jennie já chegou. Ela vai entrar — Jin me tira de qualquer tipo de pensamento.

Me posicionei no altar, em seguida a tradicional música soou como tortura. A estrutura familiar de Jennie surge adorável, suas belas curvas estavam sob um lindo traje branco. Deslumbrante era a palavra que a definia.

Após vários passos lentos, finalmente Jennie chega ao altar. Dou um dos meus melhores sorrisos e nos voltamos para o padre. O mesmo começa a falar.

A imagem do rosto de Yoongi insistia em me assombrar. Algo me puxava para Yoongi, algo além.
E no momento tudo estava tão melancólico.

— Taehyung... — A voz de Jennie me desperta — Sua resposta querido — A expressão dela era preocupante.

Talvez eu esteja prestes a me casar com alguém que eu não amo, talvez eu esteja prestes a me prender a algo, ou simplesmente estou fugindo da verdade.

Eu observei o doce olhar de Jennie se tornando algo amargo.

— Não... eu não posso, desculpa. — corri até a porta. Já sem fôlego eu paro na frente da igreja, dou uma última olhada para Jennie e vejo a figura da mesma sobre o chão, aos prantos.

— Que diabos, Taehyung — Jin diz frustrado.

— Eu preciso ir até o aeroporto, agora!

[...]

— O voo dele saiu a dois minutos, sinto muito... — Jin volta com uma notícia devastadora.

— Eu perdi ele, Jin. Eu simplesmente deixei ele ir — Chutei uma lata de lixo que havia ali perto.

— Você perdeu ele, VOCÊ PERDEU O MIN YOONGI! — Jin me empurrou — aceita que dói menos.

— Sério isso?

— Seríssimo. Agora junta a lata de lixo, Taehyung — ele começou andar lentamente até a saída sem nem mesmo olhar para trás.

Várias pessoas gritavam nossos nomes e muitos seguranças estavam no local, eu simplesmente fiz o bom trabalho de ignorar elas.

— Jin! Espera.

— O que foi, Taehyung?

— Mano, eu acabei de perder uma pessoa incrível e que talvez seja o... — fiz uma pausa — amor da minha vida e tudo que você faz é sair e me deixar sozinho?

— Olha, você foi o pior babaca já existente e ninguém, NINGUÉM, vai te amar como Yoongi te ama, e sabe por que você nunca percebeu isso? Porque você estava ocupado demais se preocupando com você e fugindo da verdade, e sabe qual é a verdade? A verdade é que você é gay, Kim Taehyung, GAY! Então seja bom o suficiente para admitir que você fez tudo errado, desde o começo de tudo, desde a primeira vez que vocês se encontram. Agora não venha me dar lição de moral, porque você não tem esse direito.
Você já parou para pensar, Taehyung? Já pensou que exatamente agora, há duas pessoas magoadas com você? — eu apenas encarava o mesmo, não haviam palavras na minha boca — e Jungkook? Tudo que ele queria era ver Yoongi feliz, nem que fosse com outra pessoa... Você quebrou o coração de Yoongi em mil pedaços e ainda assim ele te ama. E sabe por que ele te ama? Porque para ele nunca existiu alguém além de você, para ele esse amor era a única coisa que o mantinha vivo e porque para ele você era tudo que importava! — Jin respirou fundo e sem mais delongas me puxou — Vamos embora.

Eu andei lentamente, tudo estava tão fora dos eixos, era como se o chão que eu pisava não existisse.
Todas as pessoas que estavam ali me encaravam, algumas com um olhar de ódio e outras com um olhar solidário.

Jin parou logo após atravessar a porta. Ele se virou pra mim e olhou para o chão.

— Eu não deveria ter falado tudo aquilo, sinto muito.

— Está tudo bem, Jin. Eu vou ficar aqui, pode ir pra casa.

— O que? — Jin me encarou por alguns segundos

— Preciso pensar um pouco, eu vou depois.

— Tem certeza?

— Claro. — sorri docemente, mas no fundo eu queria chorar.

Ele se virou e andou em direção a um carro.
Agora era o momento em que eu deveria tomar uma decisão.

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ʙᴜʟᴛᴀᴏʀᴇᴜɴᴇ - ᴛᴀᴇɢɪWhere stories live. Discover now