Ela soltou uma risada nasalada, como se lembrasse exatamente do momento que a filha chegou em casa tão diferente de como foi embora. Me sentei ao seu lado ao puxar uma cadeira, retribuindo o sorriso caloroso que ela mandava em minha direção e observando-a atentamente continuar sua história.

— Com Jaehyun não foi diferente. — Mais uma vez ela embaraçou os fios de seu filho com os dedos, numa carícia sútil. — Ele sempre foi esperançoso desde criança. Corria, pulava, tinha ideias mirabolantes de que quando crescesse queria ser desenhista de mangás. Louco, não? O destino. — Eu sorri novamente, pois sempre tive a mesma vontade desde criança. — Sempre quis que Jaehyun se tornasse diferente do pai, mais comunicativo, mais aberto a relação com pessoas. E ele se tornou. 

Eu a observei limpar uma lágrima solitária que rolava por seu rosto, era realmente emocionantes relembrar desses momentos únicos. Eu a entendia muito bem.

— Jaehyun voltou para Coréia com um melhor amigo após passar anos nos Estados Unidos. Ele aprendeu inglês para se comunicar melhor com as pessoas ao redor do mundo, mas ainda assim não quis seguir o rumo que o pai queria que ele seguisse. — Agora eu entendia o que ela queria dizer, ela se sentia tão culpada quanto eu pelo que vem acontecendo à ele. — Se eu soubesse que ele estava passando por isso, sozinho, eu não teria o afastado tanto quando ele decidiu seguir a profissão que queria. Eu deveria ter aproveitado quando ele estava bem, quando ele sorria para qualquer coisa e para tudo. Eu deveria ter aproveitado meu primogênito. 

Ela chorava livremente agora, ambas as mãos sobre o colo segurando o tecido do vestido com firmeza enquanto evitava de tremular tanto. Eu pude sentir a sua dor, pude sentir cada coisa que ela demonstrava. Por isso, num ato de compaixão, pus uma de minhas mãos por cima das suas e pressionei levemente. 

— Eu sei. Tá tudo bem chorar. — Disse baixinho enquanto continuava a confortando, a ouvindo chorar e desapegar das coisas pesadas que tanto guardou em sua mente. 


One month after. 


Todos estavam reunidos na sala de jantar dos Jung, os casais e amigos, Jungwoo se divertindo apesar de ter brigado com Yukhei, Yuri bebericava sua taça de vinho em silêncio enquanto ouvia as histórias proferidas por Yangmi sobre seu filho. Todos estavam leves naquela noite, até mesmo Jaehyun que não tinha um bom humor há dias por somente conseguir andar com muletas. 

Os resultados da fisioterapia estavam sendo melhores que o esperado, poucos diriam que o moreno havia ficado em coma por pouco mais de um mês. Taeyong também havia recuperado seu sono, parecia mais saudável e menos preocupado, finalmente aparentava estar pleno diante tantas coisas que presenciou durantes esses meses. 

— Você vai dormir aqui hoje, não vai? — Jaehyun lhe sussurrou próximo ao ouvindo, suspirando em seguida ao sentir o contato breve da pele macia do rapaz, como uma tentativa de fazê-lo ficar pelo menos naquela noite.

Afinal, desde que o Jung saira do hospital que Taeyong evitava de terem um contato a mais. Parte disso era culpa de Jungwoo, que o alertou sobre relações mais "intensas" não serem recomendadas nesse período de adaptação e recuperação de Jaehyun. Mas ainda assim era totalmente torturante para o moreno ficar tanto tempo sem sequer tocar com um pouco mais de afinco a pele aveludada do Lee.

— Você sabe que não posso... — Sussurrou de volta, levando a taça de vinho aos lábios e dando um longo gole, tentando de alguma forma ignorar o calor automático que surgiu em várias partes de seu corpo. 

— Mas eu já 'tô melhor! — Exclamou em alto e bom som, tirando a atenção das demais pessoas sentadas a mesa e interrompendo mais uma história que Ten os contava sobre quando morava na Tailândia. — Desculpem...

don't talk × jaeyongWhere stories live. Discover now