II

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Sebastian era espanhol, nascido e crescido em Barcelona. O pai era advogado e a mãe uma dançarina de flamenco muito conhecida na cidade.

Ele cresceu à volta da música e aos fins de semana sempre ia a salões de baile com os pais quando a mãe não tinha shows. Aprendeu dançar ainda muito novo: de salsa a tango ele fazia de tudo. Bem, quase. Flamenco nunca foi muito a cena dele, mesmo tendo a mãe como exemplo.

- Bastian... - As raparigas suspiravam quando ele entrava nos bares e discotecas parecendo saído de um filme com a sua pele cor de caramelo reluzente, o cabelo preto espesso e brilhante, aqueles olhos castanhos escuros que contavam mil histórias e o sorriso que as fazia derreter.

Com o seu ar descontraído, sempre vestido de calças de pano e camisas leve de algodão que dobrava as mangas até aos cotovelos, Sebastian movia-se sedutoramente sem dar por isso até à pista de dança e quando a música começava sentia sempre uma onda de adrenalina:

- Então señoritas, quem quer dançar?

*

Sebastian chegara a Lisboa cerca de um mês atrás para começar o seu último ano do mestrado num país diferente pois queria conhecer novas pessoas, ter novas experiencias, expandir os seus horizontes.

Apesar de ter uma faceta e personalidade de sedutor na pista de dança, Sebastian era muito focado na escola. Tinha encontrado um hobby que o distraia e mantinha-o em forma com a dança que aprendeu com a mãe mas foi ao ver o pai defender criminosos e saber como algum dos casos funcionava que despertou a sua verdadeira paixão:

Psicologia criminal.

Queria saber o que leva as pessoas a cometer certos crimes, se eram certas características inerentes a essas pessoas ou traumas durante aa vida que os fazem comportar assim.

As aulas tinham começado fazia duas semanas e ainda bem que eram em inglês porque apesar do espanhol e o português serem um pouco parecidos, era sempre muito mais difícil para um espanhol perceber o português do que o contrário. Sebastian entrou no auditório às nove da manhã para a sua aula seguinte e sentou-se ao lado de Pietro, o seu amigo italiano que tinha ido a Lisboa fazer um semestre de intercâmbio por seis meses. Eram ambos novatos na área e deram-se bem desde o primeiro dia.

- E aí meu? – cumprimentaram-se com um aperto de mãos.

- Aqui estamos. – suspirou Pietro espreguiçando – Ainda bem que é sexta-feira. Estou farto disto. Preciso de beber. E relaxar, se sabes do que estou a falar.

Pietro mostra-lhe um sorriso malicioso e Sebastian ri-se tirando os seus óculos redondos da mochila e colocando nos olhos para poder ver melhor o que o professor ia escrevendo no quadro.

- Tu não tens cura. – replicou. – Só pensas em pernas com saias curtas?

- Pff, fala o rapaz que na semana passada seduziu praticamente todas as raparigas no bar. E além do mais, estou em Erasmus, não me julgues. Só quero me divertir.

- Eu só estava a ser simpático e queria dançar com algumas delas. – Sebastian defendeu-se escrevendo com uma caligrafia de médico o que o professor escrevia no quadro. – Nada demais.

Pietro cruzou os braços revelando os músculos sob o casaco leve de ganga escura e fitou-o com os seus olhos azuis claro.

- Bem, se eu tivesse essa tua capacidade de atrair mulheres e o teu charme natural eu levava pra casa uma rapariga diferente todos os dias.

Sebastian riu-se baixinho:

- Como se com a tua cara precisasses disso para engatar mulheres.

O amigo passou a mão pelo cabelo loiro escuro curto e um sorriso apareceu na sua boca perfeitamente rosada causando uma covinha a aparecer na bochecha esquerda.

- Tens razão. Sou irresistível. – concordou humoradamente . – Hoje às onze. Vamos ao bar latino que gostas depois de passarmos pelo Erasmus Corner para encontrar os outros pode ser?

- Feito. Agora presta atenção ou senão não voltas para Itália com um dez no final do semestre. – brincou Sebastian. – Voltas é com uma DST.

Pietro deu uma gargalhada.

- Vai-te foder Seb. – E seguiu o conselho do amigo.

*-*

Logo naquela noite, Sebastian teve preguiça de cozinhar então esperou que se encontrasse com Pietro a caminho do bairro alto que é onde toda a juventude de Lisboa vai para tomar uns copos no fim de semana à noite e quem sabe, conhecer alguém interessante que os fazem querer terminar a noite em casa e não numa discoteca, para poderem passar no restaurante de kebab e comer alguma coisa antes da noite começar em condições.

- Isto, - falou Pietro de boca cheia com os olhos fechados saboreando a mistura de carne, batata frita e maionese. – é tão bom!

Sebastian assentiu muito ocupado com a comida que estava à sua frente para falar.

Passado vinte minutos os rapazes levantam de barriga cheia e saem do estabelecimento fazendo um adeus aos homens que os serviram. Pietro levou a mão à barriga tendo a sensação de que comeu demais mas ainda assim sentia-se satisfeito.

- Quem diria que comer num lugar pequeno e modesto seria mil vezes melhor do que aqueles restaurantes chiques que servem pouca comida e ainda ficas com fome?

- Mesmo a sério. É como dizem, o que importa é o interior e não o exterior. Devias aprender isso qualquer dia Pietro.

- Como quiseres Seb – arrotou – perdão. Continua dizendo que só olho para miúdas giras que parecem ser boas na cama mas eu não estou nem aí. Tu nunca pensas com a cabeça de baixo?

Os dois amigos caminham lentamente por entre as pessoas a rirem, beijarem-se ou vomitando numa esquina sem achar nada fora do normal porque isso era o normal duma sexta-feira à noite.

Uma brisa passou por eles trazendo ar fresco para o calor que ainda se instalava dado que era o fim de Setembro.

Sebastian colocou as mãos dentro dos bolsos dos seus calções pretos e riu-se:

- Claro hermano! Afinal das contas também sou homem e tenho olhos.

Pietro deu-lhe palmadas fortes nas costas amigavelmente contente de que o parceiro também apreciava o que ele via e gostava de ver.

- Eu sabia! Não conseguias me enganar por muito tempo com essa conversa de santo virgem. E quem vai ser hoje à noite? Alguém em mente ou o que aparecer? A noite ainda é uma criança de qualquer das formas.

Já estavam quase a chegar ao Erasmus corner quando viram o resto do grupo de amigos que conheceram nas actividades de alunos estrangeiros que a faculdade organizava no inicio do ano. Havia gente de toda a parte do mundo a estudar em Lisboa e o Lugar onde todos se encontravam era aqui, no Erasmus corner.

- Ouvi dizer ali que a alemã – disse Pietro no ouvido de Sebastian – estava de olho em ti e só está à espera que lhe dês um sinal.

Sebastian olhou para o grupo à sua frente e ali viu a loira sexy com uma roupa reveladora a olhar para ele, sorrir timidamente e desviar o olhar.

- Quem? A Viktoria? – perguntou ao amigo - Mas eu pensei que ela tinha namorado.

- Na Alemanha enquanto ela está cá durante um ano? Não sejas ingénuo Seb. Sabes que é uma questão de tempo. Vai-te a ela!

Sebastian ponderou a ideia de levar alguém para a cama pela primeira vez em quase um ano.

- Ela não faz muito o meu estilo mas...

Pietro deu-lhe uma palmada no rabo quando cumprimentaram o grupo e disse-lhe baixinho:

- Vai-te a ela tigre.

Isla, mi AmorWhere stories live. Discover now