— Você não tem jeito, figlio di puttana. — Ele sorri. — Vamos de uma vez.

Olho para Kiara no topo da escada e detenho Ettore quando a vejo trocar um olhar com Antonella. Ela sabe.

— A esposa da máfia é muito mais esperta do que aparenta — Ettore alfineta. — Enzo está tendo trabalho com ela.

Dio santo, Ettore.

Vou seguir para o casal, que desce as escadas, mas Ettore me detém novamente, quando Muccini se aproxima antes de nós. Rizzi passa por nós com a esposa e nos cumprimenta. Deixamos que os dois casais parabenizem o chefe e a esposa para nos aproximamos em seguida.

— Salvatore! — Me aproximo e olho para Kiara. — Devo parabenizá-la novamente, senhora?

Ela ri pela minha brincadeira, o que me faz ganhar um pouquinho de moral com ela, e Ettore faz cara feia ao meu lado.

— Mais respeito — o consigliere resmunga.

— Você é muito sério, Ettore. — Dou de ombros. — Não está vendo? Ela está sorrindo.

— Dio santo, calem a boca — Enzo diz, com um ar de riso, mas sei que quer nos matar também. — Vocês precisam de esposas... rápido.

Sei que se precisar dele, estará lá. Somos muito mais do que somente cargos na Famiglia, formamos um laço de amizade, apesar de não demonstrarmos muito isso.

— Não vou me casar com uma menina da Famiglia, Salvatore — abaixo o tom de voz. — Quero peitos suculentos... preciso de uma mulher. Falaremos sobre isso amanhã, pensei em uma das filhas de um dos capos da Espanha.

Ettore segura forte o meu braço, me repreendendo e eu abro um sorriso junto com Kiara, que parece se divertir com as minhas piadas. Ela nunca nos havia visto dessa maneira, creio eu.

— Barbieri, retire este infeliz da minha frente. — Enzo está sorrindo. — Amanhã, quando o efeito do álcool passar, trataremos sobre isso.

Meu amigo me afasta do casal e eu sorrio, adorando a pequena diversão. Pego mais uma dose de uísque com um garçom que passa e Ettore a toma da minha mão.

— Me devolva meu copo, porra.

— Pare de beber, Pozzani.

— Eu vou me divertir. — Pego o meu corpo de volta. — Com licença.

    
ANTONELLA

De longe, depois de cumprimentar e parabenizar Enzo e Kiara, fico observando Tiziana Martinelli jogar o seu veneno para Kiara. Pego uma taça de champanhe e peço licença para Leonel, que acena lentamente com a cabeça, me olhando de forma dura.

— Estão com inveja — digo, me aproximando. — Queriam as suas filhas casadas com o chefe, mesmo sendo tão novas.

— Jamais me casaria com uma criança — o chefe comenta, parecendo bravo. — Procuraria uma esposa em outras Famiglias que negociam conosco.

— Temem que Kiara possa ser um mau exemplo — continuo.

— Não sou eu quem fico fofocando pelos cantos.

— Vejo que estão se dando bem. Vou deixá-las. — Vira-se para a esposa e beija a sua testa antes de sussurrar: — Não revide provocações.

Penso no que Leonel faz comigo e sinto a angústia voltar a me corroer. Dever, é o meu dever seguir com isso... principalmente agora que ele resolveu manter o casamento mesmo sabendo o meu problema.

— Está tudo bem? — ela pergunta.

— Sì. — Abro um sorriso, disfarçando a minha tristeza. — Vamos achar um lugar para sentarmos.

[DEGUSTAÇÃO] Lucca - Série Dono do meu desejo #6Onde as histórias ganham vida. Descobre agora