Meu ex-namorado

Capítulo 2

Eu acompanhava o noticiário da TV para obter mais informações da fuga em massa dos presos, da cadeia no dia de ontem,  e meu ex-namorado Davi, que  cumpria pena por receptação de carga roubada, estava na contagem da polícia... agora eu sabia bem o tipo de "trabalho" que ele se metia... 

Não ia conseguir ir para a faculdade naquela noite. Sim eu havia retornado a fazer faculdade e rever meus amigos, pois David estava a quase um ano longe de mim, preso, e eu esperava que ficasse por todos os anos, mas sabia que um dia ele sairia... mas não esperava que ele fosse fugir, agora ele era um fugitivo, e eu estava com medo, muito medo de que ele voltasse a me ver.

Quando David me escrevia, da cadeia, perguntava pelas cartas porque eu não mandava respostas... eu nunca retornei as suas cartas, e a cada carta recebida, eu ficava mais trêmula... ele não me ameaçava através delas, é claro, mas se portava como se tivéssemos ainda namorando... sua caligrafia era bonita, e ele procurava ser "romântico" nas palavras... coisa que raramente era quando estava namorando comigo... isso é, no começo todos são iguais, te bajula, te manda flores, caixa de bombons, mensagens de voz de amor pelo celular... visitas na casa do sogros... David fora tudo isso durante os três  primeiros meses depois do namoro a sério, pois eu dificultei um pouco no começo e não queria me comprometer a um relacionamento sério. Como eu estava certa naquele tempo... 

Eu sempre fui estudiosa e queria fazer faculdade de medicina. E quando aceitei seu pedido de namoro, depois de um mês me bajulando daqui e dali, sendo um persistente cara apaixonado, eu deixei claro que queria me dedicar a faculdade... ainda lembro desse dia:

David: Mas isso é ótimo... imagine ter uma médica para cuidar de mim quando eu tiver dodói?

Eu ria e achava até um amorzinho o seu jeito brincalhão de ser... tudo manipulação, mas eu não fui boa e nem esperta para perceber a tempo. 

Isa: Então você entende que não vou abrir mão de meu futuro, não é? 

David me abraçara apertadamente. 

David: Não seria louco, não sou desses caras ciumentos, amor, não se preocupe... eu te amo e vou te apoiar em tudo que decidir fazer. 

Aquelas palavras, naquele momento era tudo que eu precisava ouvir. David era lindo, até onde eu o conhecia, era um cara simpático e até meus pais se deixaram se encantar por ele. Meu pai, que sempre fora um carrancudo e sério, se derreteu de amor quando conheceu David... é o que todos dizem, que os psicopatas sabem camuflar muito bem as suas intenções quando estão diante de suas vítimas, e agora hoje posso confirmar isso. 

Como já morava sozinha, eu não me incomodei em receber David em casa, depois de um tempo convicta de que ele era mesmo um cara legal... ainda era virgem quando aceitei a namorar com ele, e ele dizia que esperaria o meu tempo, quando eu tivesse a vontade e preparada para dormir com ele. 

Ele fora muito paciente no segundo mês de namoro, e dizia que não se importava em não fazer sexo, e quando fosse fazer, que não fosse apenas uma transa de namorados, que fosse algo mais do que isso, e eu achava tudo incrível, é sério, eu me perguntava "Meu Deus de onde esse garoto caiu?" pois a maioria dos homens só queria sexo, e nada mais... 

Eu era curioso, e ainda sou pra falar a verdade, e um dia resolvi tirar a prova daquilo tudo, ver se era só papo furado, ou se suas atitudes eram verdadeiras mesma. Fui para a faculdade a noite, e na saída, como sempre lá estava David com seu carro, para me levar para casa. 

Estava tudo planejado... ele me levou até a porta de casa, e como minha casa tinha garagem e estava vazia, pedi que ele guardasse seu carro ali, e que naquela noite ficasse comigo. 

David: Sério? — ele sorriu de orelha a orelha. 

Isa: Mas só ficar, sem fazer nada, entendeu? — avisei, rindo, e ele sorriu timidamente, e concordou. 

David: Sem problema, faço tudo que minha namorada gata mandar. 

Ele guardou o seu carro na garagem coberta da minha casa, que meus pais me ajudavam a pagar as suas mensalidades, e até David insistira em deixá-lo ajudar a pagar, para ela ser minha finalmente. 

Entramos para minha casa, e ele a conhecia bem, pois ficara horas comigo, a tarde, quando ele dizia que estava de folga do trabalho... e aproveitávamos o tempinho para assistir NetFlix abraçadinhos e só no dengo.