O baile dos namorados

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12 de junho, dia dos namorados, ou também como conhecido pelos alunos do Instituto Noroeste de São Paulo, o dia do baile temático do terceiro colegial, que nesse meu ultimo ano de escola, terá o tema "Vintage", ou seja, moda dos anos 20 até 70, esse é o período onde somos estimulados a criar coragem e chamar aquele que rouba nossa atenção durante as aulas de matemática para ser nosso par, bem, ao menos no meu caso; devo admitir que não é difícil fazer com que perca interesse nessas aulas, já que infelizmente não nasci com um lado muito apurado nas exatas.
O que talvez seja o principal motivo de prestar tanta atenção nele, para uma garota que não consegue nem lembrar direito da fórmula de baskara, vê-lo resolvendo equações de quinto grau, calculando cada átomo restante na camada de valência e aplicando as fórmulas de resistores é algo fora de série, mesmo as partes teoricamente mais fáceis dessas matérias, que são as que me permitem passar de ano, são tão perfeitamente executadas que parecem em cálculo de física quântica.
Ou vão me dizer que realmente lembram como diferenciar a Cetona da Amina e do Éster na hora de nomear os componentes químicos? Ou do passo a passo para calcular logaritmos? Sinto pena daqueles que decidirem seguir suas carreiras por esse caminho, mas se estiverem felizes e forem bons no que fazem, darei todo apoio que precisarem.
-Ei Hanji! Vamos indo para a sala, agora é a aula do professor Erwin, finalmente vamos retomar o período da segunda guerra mundial.
Esse é Mike, mais conhecido como o amor da minha melhor amiga no segundo ano, ele é quase que meu complemento no que se trata de interesse no conteúdo, enquanto tenho preferência pela independência americana, guerra fria, primeira e segunda guerras mundiais, o guri ama o período absolutista da Europa, principalmente a relação familiar conflituosa entre a rainha Elizabeth primeira e sua prima, a rainha Maria da Escócia, por quem tem um fascínio exagerado ao meu ver, mas quem sou eu para julgar, a figura histórica que chega mais perto de ser minha favorita é Joana d'Arc.
-Claro guri, vamos enquanto eu acabo meu croissant.
Não tem como resistir ao croissant de chocolate do seu Laerte, mesmo que eu tenha que comer na aula do meu professor favorito, o que é muito normal na verdade, já que meu melhor amigo loiro vende bolo no pote, gelinho e até pão de mel, mesmo sendo proibido na escola, porém, na sala do pessoal do primeiro ano a Ymir vende pirulitos de chocolate com maracujá e na sala da Nanaba vendem muses e brownie, nossa geração é o crime em pessoa, eu adoro isso kkkk.
-Ei Han, hoje a tarde chega mais cedo, preciso falar com você!
Gritou Nanaba na porta da minha sala, indo embora quando viu o professor de matemática, Shadis, se direcionar a sala dela, ele é o segundo motivo de não prestar atenção nessas aulas, o sujeito consegue ser entediante ao explicar a matéria ao mesmo tempo que assusta com seu autoritarismo.
Minha mesa é a segunda da fileira do meio, logo atrás da carteira grudada com o professor, ocupada pelo Mike, e ao meu lado senta a razão de pegar tantas recuperações em exatas, junto de mim mesma é claro, qualquer um que o conheça saberá que esse lugar é dele, já que é a única mesa brilhando de tão limpa na escola inteira.
-Se eu fosse você convidaria ele para o baile assim que acabasse a aula, ouvi dizer que a Petra vai fazer isso no horário da tarde.
Infelizmente não posso dizer que sou a única a nutrir sentimentos pelo baixinho encantador, uma das colegas da Naba também gosta dele, a Petra é bem legal, mas as vezes acaba exagerando nas brincadeiras que faz, principalmente com minha amiga, tanto que além de alguns amigos do Mike, eu sou a única com quem a Nanaba se dá bem.
-A Rico que lhe contou, correto?
-Fonte no segundo ano mais confiável, não existe.
Começamos a rir, afinal, a Rico sabe tudo sobre as salas dessa escola, exceto da nossa, terceiro colegial A, já que somos amigos dela, conseguimos livrar nossa sala, ter uma informante é a melhor coisa do mundo, faz com que eu me sinta uma agente secreta em uma missão de inteligência ultra difícil, de quebra, ganhando mais uma amiga divertida para ensinar e passar nosso legado.
-Bom dia turma, prontos para começar uma jornada no tempo!
Ficamos tão distraídos que nem vimos o professor Erwin entrar, radiante e enérgico como sempre, espero algum dia ser uma professora tão genial quanto ele, tudo tranquilo até o momento em que olhei para o lado, só conseguindo pensar uma coisa, a quanto o Levi está aqui?!
-Ainda bem que a gente fala ocultando o sujeito da oração, ou o seu amor pelo nanico ficaria ainda mais explícito.
Sussurrou Mike na minha orelha, ganhando um peteleco na cabeça, todo mundo sabe que amo o Levi, mas eu nunca falei alto, então ninguém pode dizer ou afirmar nada.
-Não pode ter como verdade algo que nunca foi dito.
-Mas existem outros jeitos de ver que uma pessoa está apaixonada, mesmo não falando, você o encara toda aula que não gosta, seu sorriso fica tão bobo que chega a ser uma fofura.
Dessa vez terminou rindo, então dei um peteleco bem dado no ponto fraco dele, o nariz, aproveitando a minha vez de rir da cara indgnada dele.
-Muito bem pessoal, tenho ótimas notícias! A primeira é que como hoje é o baile do dia dos namorados, e por ser o coordenador do Ensino médio, decidi que estão liberados das aulas a tarde, assim poderão ir no comércio comparar um presente para sua pessoa especial e se arrumarem com tempo de sobra, a segunda é que como tenho seus dois últimos horários pela manhã e a turma foi muito bem nas provas, hoje só irei passar uma atividade, que valerá um ponto a mais, depois estarão livres para planejarem essa noite maravilhosa.
E ainda tem pessoas que perguntam por que todos amam esse professor, a sala ficou completamente eufórica, só ficando em silêncio quando ele começou a escrever a questão na lousa, depois de copiar o trabalho, respondi tranquilamente, era da matéria da última prova que fizemos, Primeira Guerra Mundial.
"Qual foi o estopim para que culminasse a Primeira Grande Guerra mundial?"
Curta porém complexa, era nessa simplicidade que nasciam enormes textos explicando desde a conferência de Berlim até o assassinato de Francisco Ferdinando.
-Já acabou Han? Tem como revisar minha resposta para ver se está certa?
-Claro Mike, pode me dar seu caderno.
Todos sempre pedem para que eu ajude ou revise suas respostas quando temos algum trabalho, isso desde o primeiro ano, como resultado disso, agora sou tratada como uma segunda professora dentro da sala, não vou mentir, amo ajudá-los, seja revisando uma simples resposta ou explicando a matéria da prova.
-Está ótima guri, só faltou pontuar o por que do atentado contra o herdeiro austro-húngaro, basta você.
-Tudo bem Hanji, não precisa me dar a resposta, você já me ajudou demais, obrigado.
Dito isso, ele sorriu e foi procurar nas anotações dele, assim que acabei de ajudá-lo, vários outros colegas começaram a me chamar também, fui atendendo um por um no que precisavam, até que todas as dúvidas fossem solucionadas, ao voltar para minha carteira, percebi o quanto o professor sorria orgulhoso para mim, era esse olhar que me motivava cada vez mais a continuar no caminho que estou.
-Hanji Zoe, pode vir aqui um momento.
A maioria dos alunos teria medo de ouvir um professor o chamando pelo nome completo, porém, o Senhor Smith sempre é atencioso comigo quando o procuro no final da aula para discutir algum assunto extra ou falar de política, ele nunca deixa de responder o que perguntamos e sempre nós da liberdade de expressão durante os debates, temos aula dele desde o nono ano, então deu tempo de sobra para nos tornarmos amigos, sendo que para mim, o professor Erwin é como o pai que sempre sonhei em ter.

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