04 - Uma Dança

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Marina

Estava jogada em cima da cama, quando pensei naquele encontro incrível que tive com Caio, na noite anterior.

Usava um vestido branco rodado, meu cabelo vermelho estava preso em um coque estranho, me sentia fora de órbita naquela festa. Paty, minha amiga, estava comemorando seus dezoito anos, não queria ter ido, mas nossa amizade valia muito mais que minha timidez.

Quando cheguei ao aniversário, me sentei no primeiro banco que vi e fiquei ali olhando as pessoas rindo e conversando, não havia ninguém que conhecia além da Paty. As vozes em minha cabeça diziam para ir embora, diziam que nunca me divertiria naquele lugar, mas as ignorei.

Pedi um drink para o barman, ele me ofereceu um pouco de whisky, fiquei alguns minutos olhando para o copo, enquanto brincava com a azeitona, a forma como ela se mexia era incrível.

A música começou a tocar e várias pessoas se reuniram para dançar, Paty tentou me arrastar para o meio da roda, mas eu jamais iria até lá, tinha medo dos outros me olharem.

Fiquei na minha, cantamos os parabéns e tiramos fotos, logo em seguida estava olhando fixo para a porta, queria muito sair dali e voltar para meu quarto, meu silêncio, meus livros, no entanto um rapaz franzino atraiu minha atenção de uma forma estranha, não conseguia tirar os olhos dele, seus cabelos escuros cobriam um pouco seu rosto, e assim como eu, ele também estava sozinho.

Por um momento quis me levantar e ir conversar com ele, pois tenho essas manias de maluco, sou tímida, mas não gosto de ver ninguém sozinho. Tentei me levantar, mas uma voz dizia em minha mente que ele me acharia sinistra e vulgar, a voz dizia que minha roupa era feia e que eu era estranha. Meu corpo ficou imóvel e apenas o olhei de longe.

Em poucos minutos o garoto se levantou, veio até mim e me chamou para dançar, dessa forma sem mais nem menos. As vozes sumiram da minha cabeça e só conseguia prestar atenção nele.

A música era lenta e mesmo assim me levantei para dançar.

Suas mãos seguraram as minhas, seu corpo se aproximou do meu, ele não falou nada apenas tentou me guiar. Estava tão nervosa, pois não sabia dançar e toda vez que eu girava, parecia que iria sucumbir de agonia e cada passo que eu dava naquela dança, começava a perder as esperanças.

Cheguei a pisar duas vezes no pé dele, comecei a ficar nervosa e as vozes começaram a rir de mim, olhei para os lados, as vozes riam mais alto dentro da minha cabeça, queria correr dali, mas ele me segurou.

— Apenas se concentre em mim. — O rapaz disse, e eu apenas me entreguei à dança, meu corpo foi guiado pela música, as vozes haviam sumido e tudo ao redor também, era como se eu e ele estivéssemos sozinhos, o moço percebeu a minha esquizofrenia e maneirou na condução, mesmo sem jeito eu fui aceitando aquela parada e no final achei tranquilo. Depois da dança, ele me disse seu nome e deu seu telefone, se despedindo, pois, uma moça estava o chamando para ir embora.

Fui para casa naquela noite, e não conseguia parar de pensar nele.

No dia seguinte, estava com o número dele na minha mão, fiquei em conflito interno sem saber se deveria ligar ou não, quem sabe chamá-lo para um passeio em um parque, não conversamos muito, mas sei que para dançar eu fui um desastre.

Criei coragem e disquei o número.

💃 💙 🚶

Caio

Estava largado no sofá quando me lembrei da noite anterior.

Havia ido à festa da Paty, era seu aniversário de dezoito anos, na verdade nem a conhecia muito bem, apenas fui porque minha irmã me chamou, elas eram colegas de escola. Não queria ir, mas não aguentava mais ficar em casa com meus conflitos internos.

Lucas no Mundo dos ContosWhere stories live. Discover now