CAPÍTULO DEZESSEIS

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— Uau, que engenhosa. Prometo que não vou contar o teu segredo. — Digo, contendo o riso para passar segurança.

Emmaline assentiu.

— Que legal, agora somos amigas, amiguíssimas, e não podemos quebrar nossa confiança. — aponta o dedo. — Entendeu?

— Sim Senhora!

— Vejo que uma amizade única nasceu. — Disse Dona Isolda com o mesmo sorriso acolhedor. — Emmaline, você não está perturbando a nossa convidada com suas ladainhas sobre insetos e roedores?

— Eu estava apresentando o Chulé, vovó! — fez um carinho na cabeça do animal, que balança o rabo sem parar.

— Você deve estar com fome, tenho um surpresa na cozinha. Venha comigo!

Eu concordei com a cabeça, seguindo Dona Isolda enquanto Emmaline falava sobre seus outros animais.

— Eu tenho o Amendoim, ele é um cavalo muito mau-humorado. Ele só sabe reclamar da vida. E tenho a Geleia, ela é uma gata muito, muito fresca…

Uma fazenda é um belíssimo lugar para criar uma criança esperta e apaixonante como a Emmaline. Eu evitava pensar no meu filho, imaginar como foi a sua criação, como ele conviveu com a ausência da mãe. Lembrar do meu filho era um abismo profundo cheio de dor e sofrimento. Eu fiquei anos esperando pela morte, deitada em uma cama, alimentando o meu desespero e tormento. Nutrindo a falta que sentia da família que não poderia ter, do filho que não poderia ver crescer.
Eu estava fraca, sozinha e repleta de tristeza. Eleonor foi minha grande companheira, ela lutou contra todas as minhas angústias. Buscando conhecimento de Curandeiros e Bruxas para aliviar a dor da minha alma. Uma fêmea conhecida como a Senhora do Carvalho me ajudou com suas ervas medicinais e chás que acalmaram o meu estresse constante, minha angústia e sofrimento.

— Pronto, espero que você goste do café da manhã. — Isolda colocou em cima da mesa uma tigela cheia com lagartas fritas e pães caseiros. — É muito fácil encontrá-las nas plantações.

Emmaline puxou uma cadeira para se sentar, Isolda ficou olhando minha reação.

— Eu deixei elas repousando em um molho picante antes de fritá-las. Eu não…

Abracei a Senhora com força, estalando os ossos das suas costas.

— Me perdoe; — Adianto-me emocionada.  — Não queria machucá-la, eu só fiquei surpresa e muito grata.

A Senhora riu descontraída, massageando as ombros.

— Tudo bem, minha jovem. Só não se esqueça da sua força quando decidir abraçar Emmaline. — Diz rindo alegremente. — Dian, é um homem de sorte.

— Macho; — O Príncipe adentrou a cozinha com um semblante fechado, beijou o topo da cabeça da filha, completando: — Não sou humano, por favor, não me chama de homem. Eu sou mestiço, meu pai é um vampiro de sangue puro e minha mãe era uma Bruxa de Sangue puro, até ser transformada. — Dian olhou para tigela repleta de lagartas. — Acho que perdi o apetite.

— Você é tão chato; — puxo uma cadeira para me sentar. — É só não olhar; — cortei o pão e fiz um delicioso sanduíche de lagartas. — Muito Obrigada Dona Isolda, há muito tempo não me alimentava tão bem.

— Eu ajudei a vovó acolher as lagartas. Elas são chatas só pensam em comer e comer. Não conversam como as mariposas.

Franzi a testa, olhando para o Dian. O macho apenas ergueu os ombros, desinteressado no assunto da garotinha.

— Ela é uma naturalista. — Falei sem pensar, Isolda me olhou alarmada.

— Uma o quê?

— No Mundo Encantado, existem Fadas com um dom. Elas se chamam as Naturalistas, fadas que se comunicam com animais, até mesmo com as plantas. Emmaline diz com muita convicção que consegue conversar com os animais.

Dian - O Príncipe Dos MortosOn viuen les histories. Descobreix ara