Capítulo Onze

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"— Você o quê?"

"— Isso mesmo que você ouviu." — Repliquei e ele pareceu atordoado.

"— Só pode ser mentira sua." — Acusou  subitamente. "— Quer atrapalhar o meu namoro, é isso?"

Namoro. Durante dois meses ele não quis rotular nossa relação entretanto em três semanas ele já dizia que namorava com a Colins. Engoli em seco.

"— Eu não estou mentindo. Eu nunca menti para você. Já você não pode dizer o mesmo." — Alfinetei enfurecida.

"— Quando eu menti para você?"

"— Provavelmente sempre. Você sabia muito bem o que eu sentia por você e fingia retribuir."

"— Eu não sou obrigado a sentir algo por você." — Disse rudemente.

"— Não é mesmo, mas é sua obrigação deixar claro o que você realmente sente. Me fazer acreditar que tínhamos algo é irresponsabilidade afetiva e você sabe disso." — Acusei e ele respirou fundo.

"— Eu não vou discutir isso com você."

"— E eu nem quero isso. A única coisa que eu preciso é da sua ajuda em relação ao bebê." — Expliquei e ele inexplicavelmente riu do outro lado.

"— Que bebê? Eu duvido que isso seja verdade..."

"— Eu acabei de fazer o teste de farmácia." — O cortei irritada.

"— Pois eu só acredito nisso quando ver o resultado do exame de sangue. E além do mais, mesmo se der positivo pode não ser meu."

"— Cada dia que passa eu tenho mais nojo de você. Eu não posso acreditar que realmente cogitei ter algum mínimo apoio da sua parte." — Rebati revoltada e ele voltou a gargalhar.

"— Olha como ficou nervosa! De duas uma, ou não está mesmo grávida ou está grávida de outro. Talvez até mesmo do Evans. Vocês saíram, não foi?"

"— Vai se ferrar! Quer saber? Esquece que eu te contei sobre a minha gravidez. Eu mesma darei um jeito na minha situação."

Sem dar a miníma chance dele rebater com mais alguma besteira desliguei a ligação. A conversa havia sido tão desgastante que eu já estava exausta. Levantei para colocar meu pijama e quase morri do coração ao ver minha mãe parada na porta do meu quarto.

— Me diz que essa conversa não passou de uma brincadeira de mau gosto! — Ela gritou inconformada.

Senti meu coração bater descompassado. Tudo que não poderia acontecer era ela descobrir sobre minha gravidez.

Ela se aproximou furiosa de mim e tomou o teste da minha. Ao ver o resultado lançou um olhar pulsando desprezo para minha barriga. Gritou histérica jogando o teste no chão.

— Vamos consertar isso agora mesmo. — Assegurou me deixando apreensiva.

— Do... Do que... Está falando, mãe? — Gaguejei e ela puxou meu cabelo. A dor só não era maior que o meu medo do que poderia acontecer.

— Você vai tirar essa criança antes que dê para notar a barriga! — Determinou e eu a olhei em pânico. Ela não podia estar falando sério.

— Eu não vou tirar o meu filho. — Afirmei baixo e ela me olhou com repulsa. Era nítido o quanto ela estava enraivecida.

— Eu não vou deixar você estragar tudo novamente. Já foi um erro deixar você nascer, não irei cometer mais um. — Cuspiu as palavras determinada.

— Não importa o que a senhora diga. A decisão é minha, o bebê é meu. Você não pode me obrigar a nada! — Gritei voltando às lágrimas e ela me jogou bruscamente na cama.

— É o que veremos. — Sibilou com o olhar sombrio.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ela tirou a chave da porta do meu quarto e saiu me trancando.

— Mãe! Mãe, não faz isso! Me deixa sair! — Gritei esmurrando a porta e nada.

Isso só aumentou meu nível de desespero. Eu não sabia o que esperar, minha mãe estava fora de si. Voltei para minha cama e chorei ainda mais. Quanto mais passava as horas, mais eu me sentia vulnerável. Eu nem sequer consegui dormir. Pela manhã a porta abriu, levantei imediatamente e me deparei com Corina.

— Trouxe um suco, afinal você não comeu nada desde ontem à tarde. — Ela explicou e eu sorri agradecida.

— Estava mesmo com sede. Obrigada, Ina! — Falei tomando todo o conteúdo do copo de uma só vez.

— Calma! Vai engasgar, menina! Cadê os bons modos? — Me advertiu pegando o copo já vazio da minha mão.

— Eu preciso da sua ajuda, minha mãe quer me obrigar a abortar. — Expliquei rápido e ela arregalou os olhos.

— Você está grávida? Mas... Como foi isso, menina?

— Ora, Ina, como todo mundo engravida.

— Mas você é apenas uma criança! Isso não podia ter acontecido! E ainda com aquele inconsequente do Johnson.

— O importante agora é que eu preciso da sua ajuda para sair de casa, por favor! Estou com muito medo do que ela vai fazer. — Pedi esperançosa.

— Mas sua mãe está com a chave do seu quarto. — Replicou e eu a olhei confusa.

— E como você entrou aqui?

— Ela abriu e me mandou te dar o suco. — Contou e no mesmo instante eu me senti fraca. Corina pareceu desfocada e minhas pálpebras subitamente pesaram. — O que você tem? Katie? Ah meu Deus! Socorro!

De repente tudo se tornou breu.

Bad girlWhere stories live. Discover now