FANTASMA DO PASSADO

32 6 0
                                    


VILA DHARMA – 26 DE FEVEREIRO DE 2004

Foi acordada por volta das três da manhã. Assumiu a vigia para que Charles pudesse dormir um pouco. Ficou por cerca de uma hora pensando em todas as maluquices desde o dia que havia caído na Ilha enquanto se esquentava na fogueira. Estava perdida em meio a pensamentos quando percebeu a presença de alguém a cerca de 2 metros entre duas árvores. Olhou e já sacou o arco posicionando uma flecha e mirando.

– Quem é você? – Perguntou Lara à silhueta. A pessoa não respondeu e permaneceu imóvel. Quando Lara se aproximou mais o indivíduo correu mata a dentro.

Lara catou uma tocha e saiu correndo em direção a pessoa misteriosa. Correu dentro da floresta seguindo a pessoa que corria na frente. Mandou parar por diversas vezes, mas a pessoa não obedecia. Pensou em atacar com uma flecha mas percebeu que não teria visão para mirar. Aumentou o ritmo, mas a pessoa continuava a correr pela mata sem esforço. Acabou perdendo-a de vista.

Lara parou a correria e apoiou-se nos joelhos tomando fôlego. Percebeu então a presença novamente atrás dela. Virou-se e em questão de segundos estava com o arco armado apontando para a pessoa misteriosa. Quando viu quem era, Lara ficou de queixo caído.

– Mãe? – Indagou incrédula. – Mãe como pode estar aqui?

– Estou aqui desde o nosso acidente minha filha. – Respondeu Amélia Croft.

– Não. – Disse Lara com raiva. – Você morreu no acidente.

– Depois que passamos pela tempestade eu simplesmente desapareci em pleno voo e acordei na floresta. Nesta ilha. Passei anos tentando sair desse lugar, mas infelizmente eles não deixaram. – Sua mãe dizia com ternura.

– Eles? Você fala o grupo de Linus? – Indagou Lara.

– Linus? Linus é apenas um fantoche. É Jacob quem dá as cartas. Ninguém sai dessa ilha sem que ele permita. – A mãe continuava a falar.

Lara não sabia o que fazer. Nunca esteve tão confusa na vida. Tudo naquela ilha era surreal e difícil acreditar. Lara queria abraçar a mãe e dizer que sentia saudades, mas não se sentia segura em acreditar nela.

– Como posso saber se você é mesmo a minha mãe? – Indagou Lara desconfiada.

– Lara, sou eu querida. – Respondeu Amélia com ternura.

A mulher tinha a voz e a aparência da mãe. Mas Lara não se convencia, era muita maluquice acreditar que a mãe desapareceria do avião em pleno voo e apareceria ali na ilha. Tentou lembrar do dia do acidente que sofrera aos 9 anos. O que lembrava era apenas de flashes. Lembrava de ter desmaiado no meio da turbulência e de acordar depois sozinha em meio aos destroços do avião. Por outro lado, seu pai tinha encontrado os restos mortais de Amélia anos depois. Trouxe a mãe à cripta da família e a sepultou lá.

– Meu pai achou os restos da minha mãe e a sepultou. Quem é você? – Disse Lara armando o arco novamente.

– Eu não sei o que seu pai achou filha. – Disse Amélia começando a chorar. – Mas sou eu filha, estou tão feliz em te ver de novo. – Amélia agora chorava desesperadamente. Aproximou-se de Lara e a abraçou em prantos. Lara não conseguiu ter outra reação se não, abraçar a mãe de volta.

Voltaram caminhando até o acampamento e Lara contou tudo que havia acontecido desde que do acidente aos nove anos até o novo acidente na ilha. O piloto acordou ao ouvir as vozes de Lara e Amélia Croft. Lara contou o que acontecera e Charles parecia ainda mais confuso do que a amiga. Porém, após toda maluquice que presenciara na ilha, resolveu não questionar.

– Jacob comanda a ilha. – Disse Amélia. – Ele é uma espécie de entidade sobrenatural.

– Está falando do monstro de fumaça? – Indagou Charles.

– Monstro de fumaça? – Não, eu não faço ideia do que é aquilo. Respondeu Amélia. – Jacob é um homem, com alguns dons, mas um homem, pode morrer.

– Porque Jacob prenderia as pessoas nessa ilha? – Perguntou Lara.

– Por que ele é um psicopata de merda. – Disse Amélia e Lara estranhou o comportamento da mãe. – Passei décadas tentando voltar para você, minha querida. Jacob me separou de você. Disse que eu tinha um propósito um motivo para estar aqui. Mas eu sempre quis ir para casa.

Amélia parecia um tanto quanto perturbada. Lara imaginou que o tempo sozinha numa ilha afetou a saúde mental de sua mãe. Segundo Amélia havia contado, ela se mantinha escondida dos nativos, ou como Lara preferia nomear, o "pessoal do Linus".

– Precisamos ir até Jacob. E depois precisamos mata-lo. – Concluiu Amélia.

– Matar? – Perguntou Charles. – Desculpe senhoritas. Mas não estou disposto a assassinar ninguém. Sou pago apenas para pilotar avião.

– Filha – continuou Amélia pegando a mão de Lara. – Se não fizermos isso, jamais sairemos dessa ilha.

– Me leve até onde eu possa encontrar com Jacob. Vou negociar com ele. – Concluiu Lara.

– Quando o vir, não pode deixar ele falar Lara. Caso contrário ele vai te persuadir, ele é bem persuasivo quando quer. Você precisa matá-lo assim que o encontrar. Prometa-me que vai mata-lo Lara. Eu lhe suplico. Prometa. – Implorou Amélia.

Lara olhou assustada para a mãe e preferiu não falar nada.


LOST IN THE TOMB RAIDER [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora