Quando conheci o pastor Jack Hayford, ele me disse que eu era ignorante. Não falou isso em tom agressivo, apenas constatou um fato.
Eu participava da gravação de um álbum com canções dos compositores cristãos Jimmy e Carol Owens, e ensaiávamos na casa deles antes de ir para o estúdio. Eu era a única pessoa não-cristã naquele projeto. O pastor Hayford veio ver, então, como estavam os ensaios, e quando fizemos um intervalo, Jimmy apresentou-me a ele.
O pastor logo fez algumas perguntas sobre meu relacionamento com Deus e questionou especificamente se eu conhecia ou não a Jesus. Respondi com um discurso místico sobre como minhas práticas no ocultismo tinham me ensinado a estar em comunhão com um poder mais alto mediante a meditação e a crença em uma força criadora. Minha explicação ao estilo Nova Era não o impressionou nem um pouco, então ele fez algumas declarações diretas sobre Jesus ser o Senhor e o único caminho para se chegar a Deus.
Não dei crédito a nada do que ele dizia e por isso foi que ele me chamou de ignorante. Jamais alguém me havia dito que eu era uma ignorante. Apesar de minha infância miseravelmente ultrajante, sempre consegui tirar notas altas na maior parte das avaliações escolares. Assim, mesmo que minha opinião a meu próprio respeito fosse muito baixa, pelo menos eu não achava que fosse ignorante.
Ele não foi nem um pouco hostil. Na verdade, foi bem cuidadoso ao justificar o termo escolhido:
"Você é uma pessoa inteligente, não é burra", disse ele. "Por ignorante entenda-se que você não tem consciência da sua necessidade, ou seja, você ignora isso."
Sua explicação fez que eu me sentisse melhor, mas a conversa terminou abruptamente quando ficou claro que eu não estava nada aberta para concordar com qualquer coisa que ele dissesse.
Antes disso, minhas únicas experiências com pessoas que falavam de Jesus eram a de gente, pelas esquinas, gritando de modo grosseiro sobre ele, e de indivíduos que, para mim, pareciam mortos e insípidos, a quem eu não queria imitar de jeito nenhum. E claro, minha mãe sempre falava sobre Jesus, mas ela era louca e má e fez que ele parecesse louco e mau, assim como ela. Jamais escutei qualquer dessas pessoas porque seu tom agressivo e insensível era ofensivo para mim. Infelizmente, eu associava todos os cristãos com elas.
Não percebi, porém, que os cristãos com quem eu cantava naquelas sessões de gravação eram muito diferentes. Eram amáveis, bondosos, pacíficos, dinâmicos e inteligentes. Nada insistentes ou rudes. Sentia-me cativada pelo jeito deles. Mesmo assim, ainda não estava aberta para o que o pastor Hayford tinha a dizer. De fato, achei que ele era extremamente assustador, porque me pareceu seguro, zeloso e direto demais. Certamente, não queria ficar perto dele de novo, caso fosse me confrontar, toda vez, com aquela linha de questionamento tão desconfortável. Dispensei-o completamente e a todos os outros cristãos, pois achava que não eram tão esclarecidos quanto eu. Não me importava o fato de eles parecerem tão felizes, enquanto eu me sentia miserável.
A responsável por eu participar daquela gravação fora uma amiga, Terry, uma das melhores cantoras que já ouvi, na época com apenas 20 anos de idade. Eu tinha 26, e estava maravilhada pela forma como Terry, mesmo tão jovem, era capaz de pegar qualquer partitura, e lê-la perfeitamente, de primeira, com qualidade e nuances incríveis de voz. Era ela quem contratava as sessões que fazíamos juntas, o que significava que ela era responsável por contratar cantores. E não é qualquer um que recebe tal atribuição aos 20 anos de idade: daí meu enorme respeito por ela.
Terry e eu havíamos nos tornado boas amigas ao longo dos dois anos em que, juntas, fizemos programas de TV e gravações. Ela gostava que eu fizesse a primeira voz junto com ela e que combinássemos nossas vozes em vez ficar competindo uma com a outra. Falava muito sobre sua fé em Jesus e sobre a igreja que freqüentava, mas por ela não estar na sala quando conheci Jack Hayford, não percebi que ele era o pastor da igreja que ela freqüentava.