Prólogo

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     "Não existe conflito sem história como não existe história sem conflito" - estas são as palavras de João Evangelista, um delegado aposentado, que mesmo depois de sua aposentadoria, continua exercendo a profissão como investigador. Eu me chamo Luiz Ventura, trabalho na polícia e comecei a fazer faculdade de direito. Sou amigo de Evangelista e já o acompanhei em muitos casos, casos considerados sem solução, ele conseguiu desvendar. Conheço Evangelista há três anos, desde julho de 83, pra ser mais exato. Nosso primeiro encontro se deu em um hotel fazenda no interior de São Paulo, lugar que vou sempre quando quero fugir da agitação da cidade grande, não existe recanto melhor para ir. Mas não foi o que aconteceu naquele dia, lembro que acordei assustado, pois estavam batendo na porta de meu quarto e eu meio sonolento, consegui esticar meu braço para pegar o relógio que estava na cabeceira de minha cama, com um olho aberto e o outro fechado vi que marcava por volta da uma da manhã. Soltei o relógio que caiu no chão e quando estava quase pegando no sono novamente outra batida na porta, só que mais forte desta vez e levantei num sobressalto.

     Sempre gostava de alugar o mesmo quarto, um tipo chalé, que além de ser separado do prédio da recepção, ficava próximo ao lago e longe do barulho quando ocorria algum tipo de evento. Neste quarto havia somente uma cama de solteiro, uma prateleira no canto onde guardava minhas coisas e um pequeno banheiro.

     Fui em direção à porta cambaleando e ao chegar encostei o ouvido sem abrir - Quem está ai?

     - Desculpe incomodar senhor. Sou o encarregado do hotel e estamos precisando que o senhor venha com urgência na recepção.

     Abri só a fresta da porta e do lado de fora estava um rapaz alto, moreno e magro e com o olhar assustado.

     - Desculpe mais uma vez, é que estamos precisando que o senhor venha até a recepção com urgência - ele repetiu enquanto eu o fitava.

     - Não pode esperar até amanhecer? Tem que ser agora? – respondi irritado.

     - Encontraram um jovem morto na estrada próximo ao hotel – respondeu o encarregado.

     - Como é que é? - respondi em um tom de censura.

     - Encontraram um jovem morto na estrada próximo ao hotel – parou e tomando fôlego. - Parece que ele foi envenenado.  

O Catre [ EM ANDAMENTO ]Where stories live. Discover now