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Enquanto me alimentava em silêncio, procurei prestar um pouco de atenção na conversa dos dois

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Enquanto me alimentava em silêncio, procurei prestar um pouco de atenção na conversa dos dois. Ela reclamava um pouco sobre as poucas visitas que o filho havia feito durante esses dois anos que esteve na universidade. Ele ria fazendo pouco caso do que sua mãe dizia, mas havia um carinho tão terno entre eles, que por alguns segundos desejei ter uma mãe assim.

Uma mãe que embora estivesse preocupada se ele estaria se alimentando saudavelmente ou então indo bem nas provas sem exagerar nas festas, estava feliz pelo seu filho estar seguindo seu maior sonho.

Havia muita compreensão em suas conversas. Bryan contou um pouco sobre o último jogo do campeonato onde foram campeões, a deixando completamente orgulhosa.

— Sabia que isso iria acontecer, vocês são os melhores. — Suzanne afirmou apertando a bochecha de seu filho, deixando-o sem graça.

— A Yanni também é jogadora de futebol em sua escola. Está concorrendo uma vaga em nossa universidade. — Contou animado como se aquela notícia fosse algo importante para eles.

— Que bom querida. — Falou sorridente. — Tenho certeza que tudo dará certo para você.

— Obrigada senhora. — Agradeci sentindo meu coração em chamas.

Ela fez careta e olhou para o filho.

— Assim me sinto muito velha. — Comentou fingindo estar triste. — Pode me chamar de Suzan.

Assenti e enfiei mais um pedaço de bolo na boca.

— Vocês se conheceram na universidade? — Perguntou curiosa.

E então Bryan passou a contar exatamente como me conheceu. Como me viu olhá-lo treinar no campo, como sabia que seu companheiro de quarto e eu estávamos falando dele.

Explicou como minhas palavras o fez acreditar que conseguiriam vencer o jogo naquele dia. Também comentou sobre termos ficado pela primeira vez, mas não sobre nossa noite.

— Então agora vocês estão namorando? — Perguntou diretamente fazendo com que me afogasse com o leite.

— Não, não. — Bryan respondeu rindo. — Vim buscá-la para um passeio e acabei parando por aqui.

Sua mãe semicerrou os olhos para ele e expôs um sorriso carinhoso em minha direção, fazendo-me sorrir junto.

— Creio que preciso devolvê-la agora, antes que seus pais comecem sentir falta. — Contou levantando-se da banqueta.

— Agradeço por me receber em sua casa. — Falei ao abraçá-la. — O café estava muito bom.

— Sempre que quiser me visitar, sinta-se a vontade. — Piscou.

O alívio que meu corpo estava sentindo passava a cada segundo que nos aproximávamos do colégio. Apenas de imaginar ter que realizar o trajeto de volta para casa, fazia meu coração congelar.

— Como está se sentindo? — Perguntou ao pararmos.

— Eu sai no meio de uma guerra e pretendo acreditar que voltarei e ela já terá terminado. — Respondi.

— Está tudo. — Avisou. — As famílias brigam às vezes.

Ele deu de ombros de um jeito fofo e sensível, como se tentasse a todo custo acalmar a tensão que estava dentro de mim.

— Nos veremos novamente? — Perguntei passando meus braços em volta de seu pescoço.

— Agora você tem o meu número. — Respondeu. — Então, caso você precise e esteja com muita saudade é só disca-lo.

Concordei juntando nossos lábios.

Eu sabia que nós não tínhamos nada. Não estávamos em um relacionamento. Mas ele estava ali e eu também estava.

Mas ele fazia todo o medo e insegurança sumir enquanto estava por perto. E era isso que eu precisava.

Adentrei meu quarto pela janela e as meninas ainda estavam ali dentro. Jeannine digitava freneticamente no celular que havia emprestado a irmã. Athany por outro lado parecia um pouco assustada, mas coloria algo em um dos meus cadernos do colégio.

— E aí? Como as coisas estão? — Elas nem ao menos haviam notado minha presença até escutarem minha voz.

— Mamãe veio até aqui, chamou por você e falamos que não queria falar com ela. — Explicou Jeannine.

— Obrigada. — Agradeci. — Me desculpem fazê-las mentir por mim.

Elas deram de ombro como não se importassem. Afinal, se levasse em consideração todas as vezes que eu havia ficado ao lado delas e a mantido segura de nossa mãe, ter mentido um pouquinho não fazia mal a ninguém.

Abri a porta do quarto lentamente para que elas pudessem sair e andei calmamente pela casa à procura de algum vestígio de papai. O encontrei sentado no sofá da sala. Estava tomando uma latinha de refrigerante e comendo pipoca naturalmente, como se nada tivesse acontecido.

Sentei ao seu lado sem nenhum movimento brusco e senti seus olhos em mim.

— Onde você estava? — Perguntou em tom de sussurro. — Vi entrando pela janela.

— Precisava respirar um pouco. — Respondi. — Vi Bryan, o menino da universidade.

Papai levantou as sobrancelhas com a minha resposta e voltou a encarar a televisão.

— Vocês estão namorando? — Perguntou confuso.

— Somos apenas amigos. — Contei. — Fomos tomar café com sua mãe.

Estava esperando o momento para perguntar a que fim havia levado a sua discussão com mamãe. Ela provavelmente estaria em seu quarto trancada com raiva de todo mundo ou teria ido buscar refúgio na igreja.

— Sua mãe foi embora. — Falou baixo, mas alto o suficiente para que eu pudesse ouvir.

— Como assim? Ela saiu com as malas? — Perguntei preocupada.

— Levou uma única mala. — Contou. — E foi o suficiente para caber praticamente todas as roupas delas.

Iniciamos uma pequena conversa sobre as opções onde ela poderia ter procurado.
1. Na igreja
2. Na casa de seu pai
3. Na casa da tia Lucy
4. Em algum hotel

Essas eram as melhores possibilidades que tínhamos. Não iríamos atrás dela agora. Não iríamos procurá-la. Ela havia deixado bem claro que não queria ninguém por perto. Papai falou algo sobre ter dito que suas filhas a abandonaram quando na verdade deveriam ter ficado ao seu lado, mesmo sabendo que estava errada.

O abracei encostando minha cabeça em seu peito e em alguns segundos depois Athany apareceu choramingando perguntando sobre mamãe. Apesar de saber e passar a entender um pouco dos erros que ela havia cometido, ainda assim Athany era a mais frágil de todas nós e algumas questões eram mais difíceis de serem entendidas.

O Campeonato (AMOR EM JOGO)Where stories live. Discover now