Sábado, 8 de maio - 1965

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Lisa's POV

Já se passaram dois meses desde que conheci Rosé. Não estamos namorando, sei que ela não está pronta.

Estava tudo bem entre nós duas. Visitávamos Mina e Chaeyon frequentemente, ninguém parecia suspeitar sobre nós, ninguém nos olhava torto ou tratava diferente.

Os pais dela permitiram que ela viajasse comigo até minha cidade natal para visitarmos alguns parentes.

Obviamente não era só isso, eu também queria visitar minha melhor amiga, Jisoo, e ver como ela estava.

Fomos de ônibus até certo ponto e depois pegamos um barco, foi uma viagem um pouco desagradável e longa, mais agradável.

...

- Lisa! Senti sua falta! - Jisoo me abraçou.

Ela continuava linda, o corpo atlético, os olhos castanhos e cabelos pretos, tudo incrível. Havia uma garota tímida ao seu lado, morena, pele branca, muito bonita.

- Quem é essa? - Jisoo perguntou apontando sorridente para Rosé.

- Ah sim, Jisoo, essa é Roseanne Park, minha... - parei de falar a encarando.

- Namorada, eu acho. - falou baixinho a última parte e estendeu a mão para Jisoo.

- Prazer! Essa é Jennie Kim, minha namorada também. - empurrou a morena para frente.

...

Jisoo continuava animada e alegre, como sempre foi.

Jennie era uma boa garota, um tanto tímida como Rosé, gostava de se esconder atrás de Jisoo, mesmo que fosse um pouquinho maior do que ela.

Rosé se deu bem com as duas, mas principalmente com Jisoo, pois ambas eram um pouco infantis e gostavam de brincar com coisas idiotas. Na verdade, isso foi uma surpresa até para mim, pois Park sempre pareceu muito madura para sua idade.

Conversei um pouco com Jennie, tentei deixá-la à vontade. Jennie me contou como conheceu Jisoo e eu falei um pouco sobre Rosé.

— Tem um quarto sobrando, meus pais insistiram em uma casa de dois quartos. Estão acostumadas a dormir juntas ou devo arrumar o sofá? – minha velha amiga questionou.

— Nós dormimos juntas, não se preocupe. – sorri enlaçando a cintura de Rosé, que corou.

— Então tudo bem, nosso quarto é no final do corredor, o de vocês é o primeiro. – apontou para porta de madeira escura.

— Vamos nos ajeitar e descemos para jantar... Aliás, o que vamos comer? Pelo o que me lembro,a senhorita Kim Jisoo não sabe cozinhar. – brinquei.

— Por isso ela está comigo. – Jennie riu e seus olhinhos fecharam levemente – Espero que gostem de lasanha.

Assentimos, Rosé chegou a comentar que era um de seus pratos preferidos.

O quarto era simples, mas aconchegante. Uma cama de casal baixa com lençóis brancos, uma lareira pequena, armário embutido e um tapete grande.

Após organizarmos tudo, tomamos um banho juntas e vestimos roupas confortáveis para jantar com as meninas.

— Jennie cozinha muito bem. – Jisoo deu um beijo na testa da menina corada.

— Ela só está comigo pela comida, tenho certeza. – ela brincou servindo a lasanha.

Estava realmente muito boa, era melhor que a comida da minha mãe.

— Como seus pais lidaram com tudo isso, Jichu? – questionei hesitante.

— Meu padrasto aceitou bem, minha mãe fingiu que eu não disse nada e continuou a mesma, mas com o tempo, ela aceitou bem e até quis conhecer a Jennie.

— Acho que meus pais me matariam, nunca vou poder contar... – Rosé suspirou enquanto brincava com meus dedos.

— Hm... – Jennie terminou de engolir a comida – A única pessoa que me aceitou foi minha irmã, meu pai me espancou e minha madrasta me mandou para fora de casa. Por isso Jisoo contou para os pais dela, assim poderíamos morar juntas.

— Sinto muito, Jennie. – falei com um sorriso triste.

— Está tudo bem agora, eu tenho Jisoo e um abrigo, não preciso de mais nada. – deu aquele sorriso que iluminava seu rosto.

— Você é incrível! – Rosé a encarava sem piscar – Se meus pais fizessem algo assim comigo eu desmoronaria e provavelmente não me recuperaria, mesmo com Lisa me apoiando.

— Também achava isso e ao contrário do que pensa, eu desmoronei sim. Acredite em mim, se ela estiver com você quando e se isso acontecer, você sobreviverá. Por um tempo, considerei deixar tudo que havia conseguido com Jisoo, achei que seria melhor. Mas ela literalmente me tirou do chão, cuidou dos meus ferimentos, se sacrificou por mim e tentou amenizar a minha dor, tanto física quanto emocional. Me senti muito fraca, mas ela me mostrou que eu podia passar por tudo aquilo e o quão forte eu poderia ser.

— Não se menospreze Rosé, você ainda não sabe do que é capaz. – Jisoo acrescentou.

— A coisa mais importante que aprendi foi que só precisamos de amor, não recebi dos meus pais mas consegui alguém para substituir. Nem precisa ser de outra pessoa, se você conseguir se amar o suficiente já está ótimo.

— Quando encontrei Jennie algumas horas depois, ela estava totalmente acabada. – se virou para mim – A coisa mais difícil que já fiz foi controlar a minha raiva e não ir atrás do pai dela, pois eu sabia que minha bebê precisava de mim.

— Acho que eu levaria muito tempo para voltar ao normal se encontrasse Rosé assim... – suspirei.

— É complicado, exige muita calma e força.

Ficamos em silêncio por um tempo e decidimos dormir. Todas ajudamos a arrumar a cozinha, desejamos uma boa noite e fomos para os respectivos quartos.

— Amor? Estou com um mau pressentimento.

— Que? Por que, Rosé? – enlacei sua cintura e a trouxe mais pra perto.

— Não sei...

take me to church • chaelisaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora