ASFÓDELOS
Barcos passam por baixo da ponte
A criança curiosa olha e aponta
A mãe a repreende com o olhar
É feio apontar
Era o cortejo das almas que passava.
A cidade estava toda de branco
Nenhuma respiração se exaltava
O silencio era a lei
A norma conhecia-se por intuição e por costume.
O cortejo das almas
O momento mais solene
Nem o mal se levantava contra o bem
Nem o condenado jurava sua inocência.
Ergue-se a voz do vento
Sobressaem as cores da noite
Sabiam em seu cerne
Que o silêncio possuía o brado mais alto.
E quando a monotonia a tomava
A alma trocava a trilha sonora
Dentre arpejos de um instrumento doce
Cada segundo a navegar.
Do mais belo céu estrelado a alma se lembrava
E a fé no amanhã ela se esquecia
O cortejo ainda passava
E não havia saída de emergência.
Então, um movimento inesperado do destino
Por sobre o barco, a ponte
Sobre a ponte, a multidão e a criança curiosa
A ponte desaba num instante.
A multidão se afoga e não há gritos
Se ouvir, será o vento
As almas do barco atingido se dissipam pelo ar
O vazio preenche o peito de homens e anjos.
Menção do desespero nas expressões
Só que emoções não duram
Espaço de castigo
Abandono das almas.
Os barcos seguem para os Campos Elíseos.
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Os versos e reversos da vida
PoetryTrata-se de um livro de poesias. São versos livres que escrevi ao longo dos anos e que resolvi compartilhar. Escrevo poesias desde os 9 anos. Foi algo que nasceu espontaneamente em mim. Lembro de quando surgiu o meu desejo de escrever os primeiro...