Poesia 4

104 39 187
                                    

Quem sou eu?

Vestida com a mesma tristeza,

Encaro a mesma solidão.

Tento convencer-me de que sou alguém,

E procuro argumento no vazio.

Só sobra o deserto em mim

Que queima meu coração

De dentro para fora.

A poesia é meu reduto.

Emociono com uma música muito velha,

Cuja inspiração faleceu de séculos.

Não tenho mais andrajo com que me vestir.

Cubro meu corpo com a própria derrota.

Curvo ainda mais as costas ao esquecimento.

Abandono em mim minha força.

Sobrevivo de amor materno.

Os livros são a última esperança

Ou o que há de mais real aqui dentro.

Talvez eu seja todas as vidas que li,

As que ainda hei de escrever.

Corro para os braços do anjo que inventei.

E choro,

Por não encontrar uma saída de mim.

Os versos e reversos da vidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora