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- Por que eles falam engraçado aqui? – Zayn disse no instante em que levantaram as bundas dos assentos do Salão. Havia uma fila para a porta de saída, onde o conselheiro Smith liderava, mas não estavam realmente correndo para voltar ao vento frio que soprava fora das portas duplas.

Conselheiro Smith soava bem mais velho do que aparentava. Ele lembrava Louis do candelabro da Bela e a Fera – a versão em desenho mesmo.

- Acho que se sentem superiores só porque estão em Manchester. – Liam disse, abraçando o namorado de lado. Niall franziu o nariz.

- Mas nós estamos, literalmente, na mesma distância do centro de Londres do que eles. Isso tem que significar alguma coisa.

- Significa que você jogou no GoogleMaps e não se deu ao trabalho de olhar direito. – Harry atacou, recebendo um dedo do meio como resposta. – Eles estão muito mais próximos do Reino Unido, estamos quase em Leeds aqui. E eles falam assim porque foram ensinados assim.

- Está dizendo que nos ensinaram a ser burros?

- Não, idiota. – Zayn fez um bico quando a voz de Harry ecoou de novo, as sobrancelhas levemente arqueadas. Ele estava perdendo a paciência. Estava normal há alguns instantes atrás, e Louis se perguntou o que causara tanta irritação em tão pouco tempo. – Estou dizendo que eles aprenderam a ser mais educados que a gente por tradição. É uma das universidades mais prestigiadas do mundo, e a melhor de Londres inteira. Eles têm seus parâmetros, que ocorrem por ser mais elevados que os da UAL. Não quer dizer que somos rudes ou burros, só que somos...

- Excluídos.

- Desprivilegiados.

- Insignificantes.

- Primitivos. – Liam concluiu a rodada de palpites que só contribuiu para que Harry ficasse ainda mais irritado. Louis sorriu ao beijar seus lábios contraídos pelo mal humor conforme alcançavam a saída do Salão, finalmente.

Londres estava fria. Encolhendo-se no moletom, Louis sentiu Harry entrelaçar seus dedos e o puxar para sua lateral; mais colados impossível. Um calafrio passou por seu corpo quando o anel dourado que estava em sua entrada há algum tempo atrás roçou em seu próprio dedo.

O passo do grupo estava lento, o que permitiu que observassem os arredores em uma primeira impressão. Louis amava julgar as pessoas antecipadamente.

- É... grande.

Louis ergueu as bochechas pelo tom de voz sonhador de Harry, já sorrindo sem irritação evidente; A UM realmente era enorme. Aí que está; você não valoriza uma universidade estritamente focada em artes até que adentra uma universidade acadêmica tradicional como a de Manchester. Não haviam grupos de alunos com violões, cantando e dançando para espantar o frio londrino; não haviam barracas de fast-food e comidas completamente gordurosas espalhadas pelos corredores principais; não haviam cartazes ou flyers de eventos culturais como leituras de poesias ou riff-offs; não havia nada que indicasse diversão criativa, nenhuma voz ecoando, nenhum flashmob em andamento ou sendo criado, nem mesmo câmeras clicando a paisagem. Apenas cinza, marrom e bege. Por todo lado.

Era estranhamente ensurdecedor.

Haviam alunos, contudo, sentados em bancos (não na grama fria, como haveria na UAL, enrolados em edredons e rodeados de harmonia), lendo livros, anotando em post-its e mal conversando entre si. Perdidos nos próprios caos de estudos, artigos e provas. Quer dizer, eles também estudavam muito na UAL, como em qualquer outra instituição de ensino, mas a UM aparentava ser apenas sobre isso.

Uma universidade não deveria ser só focada em estudos, certo? Isso seria como assumir que os alunos acordam para estudar e dormem logo após o horário de fim de aulas, criados apenas para isso e nada mais.

once upon a plug {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora