Capítulo Quinze

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Alexander.

Quando em vida acreditei realmente achar um homem pelo qual fosse verdadeiramente me apaixonar? Era vergonhoso ficar fugindo dele de tal maneira, mas o motivo pelo qual o fazia era o medo de ceder.

Sempre me chamaram de grossa, sem escrúpulos e desumana e talvez fosse assim que eu gostava de ser vista. Afastar tudo e todos de meu coração passou a ser meu principal objetivo depois do nascimento de Melany e a decepção que tive com os homens e tudo ao redor. Como Alexander foi capaz de ultrapassar minha barreira e tocar novamente em meu ferido coração?

Aquele petulante e maravilhoso retribuía a todas minhas tentativas de afastá-lo com paixão. Eu já estava arrebatada por seu amor, porém era uma difícil tarefa decidir me entregar de uma vez. Envolveria a mim, meu coração partido e o mais importante de tudo... Minha pequena Melany.

— Mamãe... Estou com medo! Será que podemos ligar para Alexander vir aqui também? — A encarei pelo retrovisor e a vi sentada no banco de trás em sua cadeirinha. Apertei mais o volante contra meus dedos.

— O que Alexander vai mudar em tudo isso, Melany? Já falei que não vai acontecer nada, apenas vão tirar seu gesso, querida — Expliquei da forma mais doce que pude, porém a vi se agarrar mais ao paninho rosa que carregava.

— Por favor, mamãe! Quero o Alexander! Ligue para ele — Insistiu com a voz chorosa.

Melany não era uma criança teimosa e que mente para conseguir o que quer, por isso compreendi que seu medo era real. Alexander ocupava cada vez mais a figura paterna tão ausente em sua vida e tal fato me amedrontava ainda mais! Mel sempre sonhou em ter uma família com mãe e pai e isso me doía no coração. Pensar que de alguma forma não fui capaz de lhe dar um pai decente me fazia acreditar que sempre estava pecando com ela.

Observei-a novamente no banco de trás. Estava quietinha olhando pela janela, mas ainda havia insegurança em seus olhinhos verdes. Apanhei o celular e suspirei a procura do número dele.

Alexander sequer pensou em recusar quando atendeu minha ligação.

Assim que ouviu minha voz já estava contente, porém ficou quase em êxtase quando disse que estava sendo requisitado por Melany no hospital. Chegou em tempo recorde e beijou meu rosto com calma, sorrindo e me agradecendo por ter ligado. Retribui seu sorriso, parada aos pés da maca onde minha filha estava sentada.

— Vocês prometem que não vai doer mesmo? Que não terá agulhas?

— Sem agulhas! Somente vão retirar o gesso, Mel — Alexander garantiu ao lado de Melany na maca grande. Sentei-me na poltrona do outro lado do quarto e apenas observei a cena. Os dois, se vistos lado a lado, eram parecidos a ponto de serem confundidos como sendo da mesma família.

Talvez pai e filha.

— Foi o que eu disse a ela, mas o trauma da outra vez foi tão grande que já não acredita mais em mim — Me referi ao engessamento e toda a dor que Melany teve de sentir ao quebrar a perna.

Certamente estava assustada e traumatizada com a situação que viveu e a presença de Alexander, de alguma forma, a reconfortava. Abri uma revista que estava sobre a mesinha ao lado da poltrona e os dois seguiram conversando.

— Você deve acreditar em sua mãe, Melany. Ela sempre vai querer o melhor para você e é a melhor pessoa do mundo. Ninguém nunca vai te amar como ela — Ergui os olhos para eles de maneira curiosa e sorri diante das palavras dele — Além disso, ela é a mulher mais bonita que já conheci.

— Ah, você acha? — Melany disse em tom de brincadeira e sorri para ambos — Então porque você não namora com ela?

Nós dois ficamos em um silêncio constrangedor enquanto nos encarávamos.

Em Nome do Amor - Querido Secretário (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora