Capítulo Catorze

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Sempre julguei ser o sabe tudo sobre s garotas, mas foi preciso um pequeno raio de sol chamado Melany – uma menininha de seis anos – para me abrir os olhos sobre o real motivo do desdém de Molly.

A rainha da Delux tinha ciúmes de mim.

Certamente a situação era inusitada e foi algo totalmente atípico o ataque de Rachel, mas tudo serviu para que os sentimentos de Molly ficassem ainda mais evidentes. Aquela incrível mulher não estava blefando quando expôs seu coração para mim. Existia algo que podia ser bom entre nós... Algo que jamais senti por alguém.

Cheguei ao escritório e descobri que Alice havia faltado por um resfriado. Segui direto para a sala da chefe com o peito cheio de decisão e vontade. Hoje Molly ouviria de meus lábios sobre tudo aquilo que crescia cada vez mais em meu peito desde a primeira vez que nos encontramos. A Rainha da Delux compreenderia que era também minha Rainha pessoal.

Ela estava ao telefone quando abri a porta e seu tom de voz era elevado. Talvez não fosse uma boa manhã.

Caminhei até minha mesa depositando sobre ela minha pasta e o casaco. Não iniciei nenhuma atividade, somente liguei para Anny - que estava hoje no lugar de Alice - e pedi cordialmente para que não incomodasse a senhorita Bern nas próximas horas por nada. Assim que Molly desligou o telefone me chamou imediatamente com o dedo sem dizer nada, encarando os papeis em sua mesa com seriedade e preocupação. Aproximei-me singelamente encarando-a fixamente de forma sorrateira.

Molly estava ainda mais linda hoje em particular. Usava o cabelo preso e um vestido bordô. Óculos de grau emolduravam o belo rosto avermelhado pela rotina cansativa.

— Quero falar com você — Antes que pudesse dizer algo Molly se surpreendeu com minha atitude. Encarou-me surpresa.

— Comigo quem? Com sua chefe? Se for algo de cunho pessoal, sinto muito, mas somente trataremos fora da empresa! — Voltou a me ignorar apanhando os papeis e os postando em frente ao rosto.

— Quero falar com a única Molly que existe ai dentro — Abaixei os papeis levemente encontrando seu rosto por detrás deles — A Molly que conheci a poucos dias em meu apartamento.

A vi engolindo em seco. A muralha que Molly construía ao redor de si quando se sentia ameaçada era demasiadamente forte e precisava de um bom exército para ultrapassá-la.

— Será que não fui clara? — Insistiu com a voz hesitante.

— Ainda são oito e meia. Tecnicamente não estou em meu horário de trabalho formal e a senhorita também não! Se deseja conversar fora daqui podemos fazer uma cena e ir até a calçada como duas criancinhas. Que tal? — Ergui uma sobrancelha e Molly suspirou se pondo de pé.

Postou-se a minha frente - entre meu corpo e a mesa - cruzando seus braços em frente ao peito. Naquele momento pude sentir o poder de seu ciúme. Molly praticamente me fuzilava com a potência de seu olhar castanho e tal fato me causava arrepios.

— Pois bem, Alexander... Já que não estamos em nosso horário formal de trabalho... O que deseja tratar comigo?

Retirei as mãos dos bolsos e a encarei da forma mais singela que pude, desejando que notasse toda minha verdade.

— Pensei que fossemos amigos. Você podia ter sido sincera comigo ontem ao invés de esconder o jogo e agir como uma adolescente colegial — Encarou-me confusa — Sobre o que viu ontem entre mim e Rachel... — Interrompeu-me.

— Espera ai... O que? — Riu sem humor — Era só o que me faltava... Não quero ouvir nada sobre você e aquela garota!

— Precisa ouvir que aquilo foi um erro — Expliquei segurando em seu braço levemente para que prestasse atenção em mim.

Em Nome do Amor - Querido Secretário (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora