Capítulo Um

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— E então?

Assim que sai da sala de Molly Bern - vulgo demônio - Alice estava me esperando do lado de fora com uma galera toda ao seu redor. Enfiei as mãos nos bolsos com os lábios torcidos e expressão desapontamento.

— Não foi desta vez... — Anunciei em tom decepcionado e todos suspiraram da mesma maneira — Molly simplesmente me dispensou.

— Eu sabia! — Exclamou uma loira de óculos parada ao lado de Alice. Era muito bonita, elegante e portava um celular em mãos — Vou avisar para o pessoal que o cara dançou. Estava tudo mundo achando que você ia ficar — Começou a digitar rapidamente enquanto caminhava em direção a saída. Aos poucos a rodinha foi se desfazendo e Alice caminhou até mim de maneira pesarosa.

— Como ela pôde ter te dispensado? Seu currículo é incrível e sua formação excelente! — Lamentou-se e por um minuto tive medo da garota chorar — Oh Deus!

— Fique calma. Está tudo bem — Toquei seu ombro delicado e ela soluçou para evitar as lágrimas — Certamente aparecerá alguém a altura dela. Pode demorar, mas vai acontecer uma hora.

— Pode ser, mas até que esse alguém apareça sou eu quem tem que sofrer aturando essa megera! — Suspirou limpando algumas lágrimas que caiam por sua bochecha. Segurei sua mão compreensivamente — Obrigado por ter tentado, Alexander. É uma pena não te ter por aqui. Cheguei a pensar que iria ser você a mudá-la.

— Sinto muito, baixinha. Não foi desta vez...

Enquanto conversávamos notei que em uma das mesas do escritório enorme havia uma garotinha sentada próxima do computador.

A menina era realmente bonita e graciosa e soprava bolinhas de sabão por todo ambiente. As mesmas voam pela janela alta fazendo-a rir baixinho. Era muito risonha e familiar. Usava um uniforme escolar azul, tinha o cabelo longo, liso e escuro. Familiar parecia ser mesmo a palavra correta para descrevê-la em meio a tantos desencontros.

Os olhos infantis eram grandes e esverdeados enquanto o rosto de boneca soava reconhecível aos meus olhos. Pareceu-me ser a coisinha mais angelical do mundo naquele momento. Um anjo. Uma princesa.

— Alexander? — Ouvi meu nome ser pronunciado ao lado e então me voltei para Alice novamente. Durante todo o tempo em que estive admirando a bela garotinha a pobre conversou sozinha — Ouviu o que eu disse?

— Claro! — Assenti e cocei a cabeça de maneira intrigada — Alice desculpe, mas... Sendo tão perturbada, como a poderosa chefona pode permitir que os empregados tragam os filhos para o ambiente profissional? Ela vai ficar uma fera quando notar essa menina sentada sobre aquela mesa soprando bolas de sabão em seu querido escritório.

Seguindo meu dedo que apontou a pequena criança, os olhos de Alice se arregalaram quando chegaram até ela. Fiquei sem entender de inicio, mas logo compreendi o mistério por trás da minúscula e graciosa figura.

— MEL! — Gritou e no exato instante a menininha a encarou em um susto e deixou o potinho que segurava com o sabão cair ao chão, exatamente aos seus pés — Pelo amor de Deus! Desce daí querida! Se a sua mãe te notar ai em cima vai sair matando todo mundo aqui, principalmente eu... Por favor!

Sua mãe?

Aquela mulher grossa e arrogante era mãe?

Mãe de uma criaturinha tão linda?

Como um homem era capaz de aturar aquela pessoa por uma vida inteira a ponto de ter uma filha com ela?

Existiria vida dentro daquela casca ou talvez sentimentos naquele coração?

Em Nome do Amor - Querido Secretário (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora