12º Capítulo

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12 – O dia em que enlouqueci

Isolada do mundo, da minha família e de tudo que conheço me pertencer, aquele diário representava mais que um caderno de folhas para mim. Ele é a minha tábua de madeira no oceano, impedindo-me de afundar. Ele é a minha bola Wilson, com quem eu posso finalmente dialogar.

Então sentindo um enorme desespero eu espalho objetos pelo quarto, tentando em vão encontra-lo. Revirei o lençol do colchão, joguei gavetas no ar, soquei uma e duas vezes a porta. Até quebrei a cadeira que se mantinha encostada na parede. Nada funcionou e tenho um bolo de raiva entalada na garganta.

Decido uma vez mais socar a porta do meu quarto, com tanta força que sinto pedaços de pele se despregando das minhas juntas. Isso me dar maior vontade e ainda mais raiva, reforçando as batidas que parecem ecoar pela casa.

Quando penso em parar por que chego à exaustão a porta se abre e vejo Ripper entrando de forma violenta no quarto:

- O que pensa está fazendo Marina? Ele gesticula com as mãos de maneira rude.

- Eu quero meu diário! Eu grito com tudo e vou pra cima dele.

Ele segura minhas mãos e me empurra para trás. Paro o movimento dele depois de dar dois passos. E recomeço em cima dele:

- Não se pode tirar tudo de alguém Ripper! Você me mantém presa longe da minha família, não me diz o que quer, não conversa comigo! Eu escrevi aquele diário para ter algo para fazer antes que eu enlouqueça nesse lugar – digo apontando para as paredes ao meu redor – não pode retirar tudo de mim, a não ser que seu objetivo seja me forçar a loucura de uma vez por todas!

Minha voz sai completamente esganiçada e começo a sentir a garganta arranhar. Ele não diz nada e se aproxima de mim furiosamente:

- Acha que escrever um diário sobre mim, vai leva-la a algum lugar? Que vai descobrir detalhes que podem ajudar? Você não sabe de nada Marina -  ele me olha com superioridade.  Eu consigo odiá-lo de maneira bem forte nesse momento.

- Posso não saber de nada Ripper e não sei o que você quer de mim. Mas eu não pretendo enlouquecer e nem me matar, então me devolva a única coisa que me restou. Eu estou te pedindo – pauso a minha fala em busca de ar - por favor... 

Eu acrescento e percebo como isso o confunde na mesma hora. Ele solta seus braços que estavam rígidos anteriormente, quase em posição de luta. Eu me antecipo pela primeira vez, aproximando me dele e olho bem em seus olhos:

- Se você é tudo que tenho pelos meus próximos dias, então, por favor, devolva meu diário – percebo como seus olhos se arregalam para mim e a intensidade da minha voz é reforçada uma vez mais – eu preciso disso para continuar a viver.

- Só se você prometer não tentar fugir – ele olha para mim e eu recuo sob a sua fala – prometa-me Marina – suas mãos vão para meu rosto e eu perco o controle da conversa que estava tendo há segundos – e você terá isso de mim.

O calor que sai novamente de suas mãos para minha face é mais do que posso aguentar. Fiquei nua para esse cara. Fui salva por ele. Sou sua prisioneira. E tudo que vejo há meses é seu rosto me observando.

Assim, parto pra cima dele sem pensar no que estou fazendo. Eu o olho antes de me aproximar de sua boca e percebo o quanto o toque das minhas mãos sobre ele o assusta. Ele não me repele e assim que sinto meus lábios tocarem os dele, minha pele se arrepia e o frio na minha espinha invade meu corpo. Suas mãos descem pela minha lateral e estou completamente excitada em segundos. Ele me levanta facilmente em seus braços e encosta minhas costas na parede oposta ao banheiro.

Movo me completamente para abrir minha boca e dar acesso a sua língua. Ele percorre toda a extensão e se detém a me explorar completamente. Sou beijada de maneira enfurecida por esse homem e não me controlo, mordendo seus lábios com vontade. Quero arrancar pedaços dele, como se o machucar fosse uma espécie de libertação. Mas ele me segura pelo queixo, parando meu movimento agressivo e direciona o beijo uma vez mais no seu ritmo. Ele está me enlouquecendo, muito mais do que ele ter surrupiado meu diário.

Quando penso que vamos nos jogar com tudo na cama revirada de lençóis, ouço uma sonora batida na porta que o desperta, fazendo o parar nosso enlace olhando fixamente pra mim.

Não diz uma única palavra ao me colocar no chão. Suas mãos deixam por último o meu corpo e eu sinto muito frio no mesmo momento em que ele sai da porta. Dessa vez, olhando uma única vez para trás.

RipperOnde as histórias ganham vida. Descobre agora