Pego duas almofadas e taco na cara daquela inconveniente que eu ainda chamava de melhor amiga. Eu não tinha tanta vontade assim de namorar, e ultimamente estava com menos vontade ainda de sair pra beijar na boca. Dá muito trabalho e eu prefiro ficar em casa vendo Greys Anatomy e chorando junto com a Meredith.

— E que horas você quer ir pra balada? Umas 23h tá bom? — ela assente e eu me junto à ela pra comermos os donuts que ela havia trazido. Ela podia ser inconveniente, mas era uma inconveniente que sabia que a coisa que eu mais amava nesse mundo eram donuts. Mas isso deixa só entre a gente, se não ela me mata.

[...]

  Já eram 22:30 e eu estava como sempre muito atrasada. Fui correndo escovar os dentes enquanto Lexie terminava de passar seu batom, ela já estava toda pronta e se admirava em frente ao espelho.

— Eu juro que não aguento mais essa amizade, você NUNCA consegue ser pontual, Melanie.

Como eu estou com a boca cheia de pasta de dente, levanto o dedo do meio pra ela. Enquanto eu escovava os dentes, ao mesmo tempo penteava o cabelo. A gente tem que ser prática, não é mesmo?!

Termino de fazer as duas coisas, passo um batom vermelho e dou uma última olhada no espelho pra ver se encontro algum defeito. Até que a saia de couro e o cropped vermelho não estavam feios, eu estava um chuchuzinho. Passei meu perfume e parei olhando para o salto no chão. Olhei pra Lexie e ela no mesmo instante reconheceu aquele meu famoso olhar... Era de desespero.

— Você vai usar sim — disse antes que eu tivesse a chance de me justificar. Eu tinha absolutamente certeza de que iria cair daquela merda, mas como eu sei que ela não ia desistir de me fazer usar aquilo, os coloquei querendo chorar.

Chamamos o uber e em menos de 3 minutos ele já estava ali. Eu confesso que estava com um ótimo pressentimento para essa noite, mas se eu pensasse muito, ia ficar muito nervosa.

Assim que chegamos, fui direto para o bar, tinha andado uns 5 metros e meus pés já estavam doendo. A balada em si estava me agradando até agora, não era como aquelas outras super barulhentas e com luzes que te deixavam mais louco do que agitado. Era tudo equilibrado e eu gostava assim.

— Ai moço, me dá qualquer coisa que me faça ficar loucona — digo fazendo ele e Lexie rirem. Nem precisou de muito tempo pra Lexie sumir, hoje ela estava com um fogo inexplicável. No momento eu só queria beber, se eu ficasse com alguém seria lucro.

Enquanto esperava minha bebida, arranquei com toda vontade meus saltos. Deveria ser proibido usar salto alto em balada, não tinha como a pessoa dançar e ao mesmo tempo se equilibrar nisso.

— Eu juro que se não estivesse desse lado do balcão eu ia pedir pra te beijar... — o barman volta com a bebida acompanhado dessa chuva de palavras. Se ele estivesse do outro lado eu com certeza beijaria ele, até porque ele era uma gracinha.

— Ah, quem sabe na próxima vez que você não estiver trabalhando e estiver do meu lado do balcão, a gente fica. — pisquei, o que o fez sorrir de ponta a ponta. Era isso, eu sempre atiçava, mas nunca tinha atitude, não saía nunca das palavras.

Me virei de costas para ele pra observar as pessoas no ambiente. Enquanto tomava goles de alguma coisa azul, eu percebia que estava muito cheio ali, já tinha pessoas meio bêbadas e muitas outras se beijando. Eu em pouco tempo pretendia estar na área das pessoas dançando, mas até então nenhuma música me agradava. Eu lembro que nas baladas da Argentina, pelo pouco que fui, tocava na maioria das vezes só música latina. E aqui eram estilos variados, o que me fazia estranhar um pouco, mas eu me acostumaria.

Foi só eu falar que começou a tocar "Taki Taki". Ah não. Esse momento era meu! Peguei meus saltos do colo e os coloquei ao lado do banco onde estava sentada, fui quase que correndo pro meio da balada me juntando a outras pessoas e começando a cantar junto.

BÁILAME COMO SI FUERA LA ÚLTIMA VEZ Y ENSÉÑAME ESE PASITO QUE NO SÉ, UN BESITO BIEN SUAVECITO BEBÉ, TAKI TAKI, TAKI TAKI, RUMBA

Há quanto tempo eu não sentia tanta empolgação em dançar como estava sentindo ali e agora. Tinha me dado até um calor, assim que eu me virava pra dançar mais, veio uma alma masculina bem alta e apenas sussurrou: "posso?". Como eu ia negar né? Comecei a dançar com o garoto de óculos e boné. Ele me acompanhava e parecia que tínhamos dançado juntos a vida toda, estávamos em mesma sintonia, e isso me deixou bem instigada e surpresa.

Assim que a música terminou ficamos nos encarando por alguns longos segundos. Pude reparar em como ele era bonito, as mechas do cabelo loiro mesclado com castanho saindo um pouco do boné, os óculos estilosos, a boca em um formato perfeito com uma coloração atraente e o perfume forte que parecia me atrair ainda mais. Reparei em tudo até que ele tomou a atitude de falar:

— Tá sozinha aqui? — como Lexie tinha me deixado ali pra fazer sei lá o quê, apenas afirmo sem tirar meus olhos dos seus, e as vezes eles deslizavam até sua boca. — E então o que você acha da gente se beijar? Sim ou não? — não digo nada, nem expresso a minha surpresa por ele ser tão direto assim, só puxo ele pra mim.

Assim que iniciamos o beijo, ele colocou uma mão em minha cintura e outra na minha bunda. Em poucos segundos já estávamos bem envolvidos. Não era rápido, mas também não era aquela coisa lenta. Sua mão firme subia até uma parte dentro da minha saia e voltava depois para a bunda. Até as nossas respirações estavam sincronizadas. Ele parava as vezes pra beijar meu pescoço, e eu quase tinha um ataque, estava adorando, era fato. Eu queria algum lugar pra poder ao menos sentar em seu colo, mas pelo que vi antes de nos beijarmos, já estavam todos ocupados. Continuei passando a mão por dentro de sua blusa até a beirada do seu cinto, o que fazia o sorrir e automaticamente eu sorria junto. Aquilo estava bom demais, mas ambos já estávamos perdendo o ar, então paramos um pouco.

— Eita, Jesus — falei sem pensar e ele riu. Ai, Melanie, você é uma fábrica de micos, por isso que vive encalhada.

— Isso foi ótimo, devíamos repetir muitas vezes — se eu fiquei sem graça depois dessas palavras? Fiquei sim, e muito. Mas tive que concordar, o garoto beijava muito bem, além de ser gato demais — Mas me diz, qual é o seu nome?

— Melanie, e o seu?

— Eu sou Christopher, Christopher Velez, o futuro homem da sua vida — achei legal aquela frase, mas eu tive que rir. Seria cômico se não fosse trágico.

— Tá bom, futuro homem da minha vida, e que tal se gente sair daqui? — seu olhar era de malícia novamente e ao mesmo tempo sorrimos feito cúmplices perto de realizar o maior crime.

— Bom, meus amigos não estarão em casa hoje, então bora pra minha casa? — ele estende a mão e eu a seguro. Tinha sido tão rápido e tão prático que eu me perguntava se não podia ser assim com todos os homens. Eu gostava de praticidade, se ambos querem, pra quê enrolar?

No mesmo instante mando mensagem pra Lexie dizendo que se Deus quiser eu não voltaria pra casa hoje, e que era pra ela não se preocupar. A noite seria longa se dependesse de mim.

UncoverWhere stories live. Discover now