2- Gazela

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Olá

Só isso mesmo.

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Duas semanas depois Lauren estava no mercado tentando decidir qual sabão em pó era o melhor. Não sabia o motivo de se dar ao trabalho de escolher tanto, de qualquer forma acabaria fazendo alguma besteira que mancharia suas roupas.

Quando levantou os olhos dando uma olhada no corredor deu de cara com a latina. "Qual era aquela?". Nada de botas de salto alto ou roupas de couro, usava um vestido florido e sandálias rasteiras. Karla.

Com os olhos arregalados procurou a melhor rota para sua fuga. Quando Karla percebeu sua presença já estava correndo com o carrinho, levando o primeiro sabão em pó que alcançou.

Era o comportamento natural de qualquer ser que se sente ameaçado. Se estivesse no reino animal, Karla seria uma leoa e ela uma gazela albina desesperada por se manter viva.

Acabou no corredor dos laticínios. Foi com o estômago dando voltas que percebeu Karla a seguindo um tanto apressada. Perguntava-se se a mulher ainda estava com raiva enquanto procurava uma forma de se esconder. Com pressa empurrou o carrinho em direção a outro corredor e quase chorou ao perceber que este não tinha saída.

O único que podia fazer era voltar por onde veio e Karla estava lá, ligeiramente ofegante. Fechou os olhos fortemente quando a mulher veio em sua direção. Estava triste por morrer antes de terminar seu último desenho, aquele ficaria tão bonito.

-Mesmo com os olhos fechados eu consigo te ver Lauren.

Karla disse com riso na voz. Aquele não parecia o tom de quem estava prestes a matar uma pessoa então abriu os olhos desconfiada.

-A parede é branca, eu tinha esperanças de me camuflar.

Karla riu divertida.

-Acho que as roupas pretas te entregaram.

-Droga, essas leis idiotas que me obrigam a usar roupas. Sempre estragam meu disfarce.

Karla gargalhou negando com a cabeça.

-Mas que bom que você acabou ficando visível, eu precisava te achar para pedir desculpas.

Lauren olhou-a desconfiada.

-Camila fez questão de me fazer sentir extremamente culpada por ameaçar alguém inocente. Desculpe-me por aquilo, eu pensei que você estava junto com ela em mais uma dessas brincadeiras idiotas.

-Você e sua irmã me assustam.

Respondeu sincera. Karla fez uma careta culpada, mexia as mãos nervosamente como se tentasse achar algo que pudesse fazer a respeito de seu erro.

-Eu posso te pagar um sorvete como oferta de paz?

Pareceu dar certo, pois Lauren abriu um sorriso largo.

-Você está desculpada. Vamos.

Com rapidez a ilustradora passou por Karla em direção a saída do super mercado. Amava sorvete, não é como se fosse dar mole em uma oportunidade como aquela.

-Lauren!

Karla chamou sorridente.

-Sim.

-Suas compras, você não vai levar?

-Ahh, verdade. Eu acho que preciso disso, não aguento outro dia tendo papelão e água para o café da manhã.

Viu quando Karla franziu o cenho, preocupada.

SimbioseOnde as histórias ganham vida. Descobre agora