Prólogo (reescrito)

7.8K 481 178
                                    


"They warned her, don't go there
There's creatures who are hiding in the dark"

O barulho insistente do relógio ecoava pelo ambiente silencioso. 

Olhos azuis perolados encaravam a carta em suas mãos com certo brilho, seus dedos percorrendo o material áspero conforme cada palavra ali escrita era analisada.

Não era de grande surpresa para o velho bruxo de cabelos brancos e longa barba, que até mesmo nos momentos mais obscuros daquele mundo, as pessoas ainda tentariam tirar proveito dos outros.

Com um negar de cabeça, Dumbledore observou conforme a carta em suas mãos começou a se desmanchar, sumindo conforme um vento gelado passou pelo cômodo, levando suas cinzas embora.

Sem desviar seu olhar da mesa amadeirada a sua frente, o bruxo abriu a gaveta ao seu lado esquerdo, e dali puxou um pergaminho, ao paço que sua mão direita pegava uma pena, que descansava em sua mesa e pingava sua ponta no tinteiro.

No entanto, antes mesmo que ele pudesse começar a escrever sua resposta, aquele vento gelado atravessou seu escritório mais uma vez, dessa vez mais forte, e mais frio.

Um arrepio percorreu sua espinha, seus olhos se desviando pela primeira vez e percorrendo o ambiente com seriedade. Nada parecia fora do normal.

Seu senho se franziu.

Nada parecia fora do normal.

Mas estava.

A luz da lua iluminava parte do cômodo com uma frieza incomum, o calor que antes inundava o lugar, trazendo conforto e proteção, de repente pareceu sumir. As lamparinas, com seu fogo forte e acolhedor, se apagaram, a luz antes amarelada, tremera de forma incomum antes de desaparecer, deixando nada além de escuridão para trás.

Lentamente, soltando a pena sobre a mesa, seus dedos foram em direção ao seu bolso, seus olhos nunca se desviando do ambiente a sua frente.

E então, como se pela primeira vez na noite seu cérebro parecesse registrar aquele som, ele percebera que o barulho constante do relógio, agora, estava mudo.

Não só o barulho, notou ao encarar a estrutura antiga, mas seus ponteiros também.

Era como se tudo houvesse parado.

   Dumbledore

Sussurrou uma voz rouca, tão próxima de seu ouvido que quase fizera o homem crer que realmente havia alguém ali.

Albus Dumbledore

Era uma voz feminina, baixa, falava em um tom tão estranho, tão errado.

Uma voz roubada

- Quem é você? -perguntou com seriedade.

Outro vento, tão gélido que parecia queimar, percorreu seu corpo, e quase como um sombra, uma distorção. Como se não devesse existir, um erro que parecia se forçar para essa realidade, apareceu diante de si a silhueta do que parecia ser uma jovem mulher, errada, com longos cabelos escuros e olhos tão negros quanto a escuridão.

Dumbledore segurou sua varinha com força, olhos azuis encontraram os negros.

Ela parecia se mover de forma incomum, como se não soubesse como faze-lo. Seus ombros pareciam tender de mais para a direita, seus dedos tão escuros quanto a noite, pareciam conter unhas enormes, afiadas. Talvez até mesmo garras, era indistinguível por trás de todo aquele erro. Era como se sua pele mexesse, mas ao mesmo tempo tudo parecia normal. Pontos pretos, como partículas pareciam entrar e sair de foco.

Elizabeth Potter - lendo o futuroWhere stories live. Discover now